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**Série “The Paper” do Peacock Mergulha no Jornalismo Comunitário e Ganha Fôlego Fora do Escritório**
A nova série mockumentary do Peacock, intitulada “The Paper”, estreia apresentando uma visão envolvente e, por vezes, familiar, sobre o universo do jornalismo comunitário em crise. Criada como um spin-off genuíno que busca resgatar a fórmula de comédia de produções de sucesso como “The Office” e “Parks and Rec”, a produção busca conquistar um público jovem, ao mesmo tempo em que aprofunda as nuances da reconstrução de um periódico local. Apesar de um começo que evoca a sensação de um “riff” (imitação estilística) bem polido, a série se desenvolve e encontra seu ponto forte ao explorar a prática do jornalismo para além das paredes do escritório, conforme aponta o repórter Charles Pulliam-Moore, da The Verge. O lançamento completo dos 10 episódios da primeira temporada está agendado para o dia 4 de setembro, e a série já possui uma segunda temporada garantida.
Produções do gênero mockumentary têm um histórico comprovado de sucesso, especialmente após a aclimatação da versão americana de “The Office” para o público local. A série original, que estreou em 2005, enfrentou críticas iniciais por ser considerada uma cópia pálida da sua antecessora britânica. Foi necessária uma temporada completa para que o showrunner Greg Daniels conseguisse infundir a adaptação com a energia satírica e peculiar que eventualmente a tornaria um fenômeno de audiência e um marco cultural. Este sucesso solidificou a posição de Daniels para desenvolver projetos mais autênticos, como “Parks and Rec”, que, embora estilisticamente semelhante a “The Office”, conseguiu estabelecer sua própria identidade. “The Paper” surge neste legado, posicionando-se explicitamente como um spin-off que capitaliza sobre essa fórmula comprovada.
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**O Enredo e o Contexto: Revivendo o “Toledo Truth-Teller”**
A trama de “The Paper” se desenrola na fictícia versão de Toledo, Ohio, no ano de 2025. Na cidade, quase todos os habitantes utilizam produtos de papel fabricados pela empresa Enervate, uma ironia em um cenário onde o papel do jornalismo impresso está em declínio. Enquanto itens essenciais como papel higiênico e protetores de assento sanitário continuam sendo indispensáveis, o jornal local, “The Toledo Truth-Teller”, perdeu sua relevância. Após anos de queda na base de leitores e cortes orçamentários severos, o periódico se tornou mais um objeto de piada do que uma fonte confiável de notícias.
É nesse contexto de desilusão com a mídia local que entra Ned Sampson, interpretado por Domhnall Gleeson. Um recém-formado em jornalismo, Ned encontra-se preso trabalhando no negócio de papelão de seu pai. No entanto, ele enxerga o “Truth-Teller” como um diamante bruto, subestimado e com seu potencial desperdiçado, precisando apenas de liderança e direção para brilhar novamente. Sua convicção é de que, apesar da percepção popular, ainda há um espaço vital para o jornalismo de base e uma necessidade latente por informações precisas na comunidade. Essa visão inspira Ned a embarcar em uma jornada para resgatar o jornal. Para tanto, ele conta com a ajuda de uma equipe inusitada e voluntária, composta por indivíduos que, em sua maioria, possuem pouca ou nenhuma experiência em jornalismo.
Críticas de séries de TV como esta demonstram a evolução do gênero. A equipe que Ned recruta para essa missão inclui Esmeralda Grand (Sabrina Impacciatore), a editora-chefe; Detrick Moore (Melvin Gregg), encarregado de vendas de publicidade; Nicole Lee (Ramona Young), responsável pela circulação; Adelola Olofin (Gbemisola Ikumelo) e Adam Cooper (Alex Edelman), os contadores. Completando o quadro, temos Ken Davies (Tim Key), um estrategista de negócios excessivamente impositivo, e Mare Pritti (Chelsea Frei), a única na equipe, além de Ned, com alguma experiência profissional no campo do jornalismo. Curiosamente, a expectativa é que toda a equipe, incluindo o contador e o ex-funcionário de Scranton, Oscar Martinez (Oscar Nunez), colabore na redação de matérias e na busca por notícias.
**Dinâmicas no Local de Trabalho e as Influências de “The Office”**
Nos seus primeiros episódios, “The Paper” parece ecoar a estrutura cômica de “The Office”, com sua comédia frequentemente derivada das excentricidades dos personagens capturadas por uma equipe de documentaristas. A série simula a mesma dinâmica de acompanhamento da vida dos funcionários de Dunder Mifflin, explorando como personalidades distintas interagem sob um mesmo teto profissional. Embora os personagens de “The Paper” não sejam equivalentes exatos aos de “The Office”, as dinâmicas desorganizadas e peculiares no ambiente de trabalho funcionam como interpolações bem-humoradas dos modelos vistos anteriormente.
Esmeralda Grand, por exemplo, destaca-se por seu entusiasmo exagerado e um certo grau de narcisismo, monopolizando a atenção no ambiente – um comportamento que pode ser associado, em essência, ao carisma inusitado de um Michael Scott. Da mesma forma, a série explora a química entre Ned e Mare, dois colegas que hesitam em admitir o crescente romance entre eles, reminiscente das complexas “situações” vivenciadas por Jim e Pam em “The Office”. Oscar Martinez, com seu habitual ceticismo e observação sagaz, comenta para a equipe de filmagem que não tem nada digno de ser exibido sobre os potenciais casais no escritório, embora suas expressões e reações demonstrem o contrário. Essa autonegação e as referências implícitas apostam na familiaridade dos fãs com esses arquétipos para garantir risadas e engajamento.
**O Ponto de Virada: O Jornalismo na Rua**
O verdadeiro potencial de “The Paper” começa a ser desvendado quando a série se aprofunda na gestão de um jornal e nos desafios intrínsecos de transformar escritores inexperientes em repórteres competentes. O ponto crucial de inflexão ocorre quando a equipe do “Truth-Teller” é incentivada a sair do escritório e ir para as ruas. Essa mudança de cenário e foco injeta um dinamismo narrativo e um humor muito mais eficazes na série. Ao invés de confinar a comédia apenas às interações internas do escritório, a série amplia seu escopo, explorando as situações hilárias e, por vezes, desafiadoras, que surgem quando se busca uma história de verdade.
A ida para a rua não apenas enriquece a narrativa, mas também proporciona um terreno fértil para a atuação de todo o elenco. Embora a performance coletiva seja notável, Sabrina Impacciatore, no papel de Esmeralda, se destaca particularmente. Sua atuação vibrante é descrita como inspirada, remetendo ao humor e à complexidade vistos nas temporadas mais avançadas de “Parks and Rec”. Através da personagem de Esmeralda, “The Paper” mais frequentemente explora o significado de se tornar um jornalista atencioso e dedicado, fazendo com que sua jornada na série sirva como um símbolo das ambições maiores da produção. Sua evolução, do entusiasmo ingênuo ao aprimoramento da prática jornalística, reflete a própria transformação da série, que amadurece e se define em sua busca por um estilo narrativo único.
**Perspectivas Atuais e a Relevância do Mockumentary**
No panorama atual das comédias seriadas, especialmente após o sucesso e o impacto cultural de produções como “Abbott Elementary”, “The Paper” talvez não se apresente como uma reinvenção revolucionária do formato mockumentary. Contudo, a série mostra claramente o porquê de ter recebido o sinal verde da NBC para sua produção. Embora inicie de forma gradual, o programa tem a capacidade de prender a atenção do público que valoriza o gênero e suas particularidades. A decisão estratégica da NBC de lançar todos os dez episódios da primeira temporada de uma vez, em vez de um formato semanal, é um fator crucial que contribui para superar a lentidão inicial da narrativa. Essa abordagem de “maratona” permite aos espectadores mergulhar na série e experimentar a evolução do humor e da história de forma contínua, permitindo que a produção realmente “encontre seu ritmo”.
Com a garantia de uma segunda temporada já confirmada, “The Paper” tem a oportunidade de aprimorar ainda mais sua escrita, suas atuações e suas dinâmicas cômicas. A série parece pronta para consolidar sua identidade, diferenciando-se de suas influências e solidificando sua posição como um divertido e pertinente comentário sobre a relevância e os desafios do jornalismo local na era moderna.
O elenco da série também conta com talentos como Duane Shepard Sr., Allan Havey, Nate Jackson, Mo Welch, Eric Rahill, Nancy Lenehan, Molly Ephraim e Tracy Letts, enriquecendo a experiência com diversas outras atuações de suporte. Todos os 10 episódios da primeira temporada serão lançados para o público em 4 de setembro. Acompanhe a história de Ned Sampson e sua equipe enquanto eles tentam trazer o “Toledo Truth-Teller” de volta aos holofotes, redefinindo o que significa ser um veículo de notícias comunitário.
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“The Paper” promete uma jornada que, embora familiar em suas raízes, encontra sua própria voz ao abordar as complexidades da mídia contemporânea através de uma lente cômica, entregando uma experiência “fácil de assistir” para os entusiastas do gênero e novos espectadores que buscam entretenimento inteligente e que incite a reflexão sobre o cenário da imprensa.
Com informações de The Verge

Imagem: Peacock via theverge.com
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