Nvidia e Intel fecham US$ 5 bi para competir com AMD

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No cenário da indústria de semicondutores, a aliança estratégica entre Nvidia e Intel, com um acordo avaliado em US$ 5 bilhões, tem como principal objetivo a intensificação da concorrência com a AMD, rival que tem consolidado sua posição no mercado de chips integrados. O anúncio, feito nesta quinta-feira (18 de setembro de 2025), esclarece o direcionamento da movimentação dessas gigantes da tecnologia, dissipando especulações sobre os reais motivos por trás da parceria.

Os CEOs Jensen Huang, da Nvidia, e Lip-Bu Tan, da Intel, participaram de uma transmissão online conjunta para detalhar a transação financeira pela qual a Nvidia, a empresa mais valiosa do mundo com um capital de mercado de US$ 4,28 trilhões, estende um “salvavidas” significativo a uma concorrente em busca de revitalização. No entanto, o foco primordial não foi o apoio à Intel em dificuldades financeiras, mas sim a criação de uma frente unificada em um segmento de mercado específico.

Ao contrário do que algumas análises indicavam, a colaboração não está atrelada a políticas governamentais ou a uma alteração no panorama da manufatura de chips nos Estados Unidos. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, foi enfático ao descartar qualquer relação com pressões governamentais anteriormente exercidas por figuras como Donald Trump sobre Intel e Nvidia. O foco é estritamente no avanço tecnológico e na conquista de um segmento de mercado específico, onde a AMD se destaca.

Nvidia e Intel fecham US$ 5 bi para competir com AMD

Essa estratégia bilionária não representa, conforme elucidado pelos executivos, uma guinada da arquitetura Arm para a tradicional x86 nos produtos Nvidia. “Estamos totalmente comprometidos com o roadmap Arm, temos muitos e muitos clientes para Arm”, afirmou Huang, assegurando que o acordo não afeta os planos existentes. Similarmente, não há uma transição de parceiro de fabricação, mantendo-se a confiança na TSMC, provedora que recebeu elogios explícitos do CEO da Nvidia ao ser questionado sobre o tema. As conversas não orbitaram em torno da manufatura em solo norte-americano ou de outras mudanças de grande escala, mas sim de uma investida direta na fatia de mercado dominada pela AMD.

A Estratégia por Trás da Colaboração: Desafiar o Modelo Híbrido da AMD

A AMD, ao longo de sua história, distingue-se por ser a única fabricante de chips a competir diretamente com Intel e Nvidia, oferecendo CPUs (Unidades de Processamento Central) e GPUs (Unidades de Processamento Gráfico). Sua força reside na capacidade de integrar ambos os componentes em um único chip, uma especialidade que lhe rendeu notáveis vitórias em contratos e market share.

Essa habilidade da AMD é o motivo pelo qual seus chips foram selecionados para as plataformas de jogos mais influentes do mercado, incluindo o PlayStation 4, PlayStation 5 e, supostamente, o futuro PlayStation 6 da Sony, bem como o Xbox One, Xbox Series e o próximo console da Microsoft. Além disso, a presença da AMD é proeminente em quase todos os PCs portáteis de jogos desde o Steam Deck e, mais recentemente, tornou os notebooks com processadores AMD opções altamente competitivas, afastando a antiga percepção de status de “baixo custo”.

“Existe um segmento inteiro do mercado onde CPU e GPU são integradas, seja por motivos de formato, custo ou vida útil da bateria, entre outras razões, e esse segmento tem sido amplamente inexplorado pela Nvidia até hoje”, admitiu o CEO da Nvidia durante a teleconferência conjunta. Ele prosseguiu, descrevendo o foco da nova parceria:

“Estamos criando um SoC (System on Chip) que funde dois processadores. Ele unirá a CPU e a GPU RTX da Nvidia usando NVLink, e fundirá esses ‘dies’ em um SoC gigante virtual, que se tornará essencialmente uma nova classe de laptops com gráficos integrados que o mundo nunca viu antes. Esse segmento inteiro do mercado é realmente muito rico e bastante grande, e hoje está subatendido.”

O Posicionamento da AMD e a Nova Concorrência

A declaração da Nvidia ressoa fortemente com o trabalho que a AMD já desenvolve e está aprimorando. A linha Strix Halo, também conhecida como Ryzen AI Max, da AMD, é a materialização dessa visão, integrando seu processador de laptop mais potente com os gráficos integrados mais robustos que a empresa já produziu, além de impressionantes 128GB de memória compartilhada. Isso permite executar modelos de IA complexos localmente, tudo em um design compacto, adequado para laptops leves ou tablets grandes.

Embora a iniciativa da Nvidia e Intel não se configure como uma cópia, a nova dinâmica acende uma concorrência promissora. Tal rivalidade é geralmente benéfica para o consumidor, impulsionando a inovação e, potencialmente, o desenvolvimento de componentes mais poderosos e eficientes. Existe, inclusive, o precedente de uma bem-sucedida e surpreendente colaboração entre Intel e AMD que gerou ótimos resultados. A própria Nvidia, ao focar no “maior mercado de notebooks de 150 milhões de unidades” em vez apenas do segmento premium de GPUs dedicadas, sugere uma busca por um leque de consumidores mais amplo, que pode culminar em consoles de jogos e dispositivos portáteis mais acessíveis no futuro.

Nvidia e Intel fecham US$ 5 bi para competir com AMD - Imagem do artigo original

Imagem: The Verge via theverge.com

No entanto, essa competição, anteriormente tripla no setor de gráficos com Intel, Nvidia e AMD, pode agora se estreitar para um confronto entre duas gigantes com esse acordo, especialmente considerando que um executivo da Intel, defensor da permanência da empresa em gráficos, deixou o cargo abruptamente. De acordo com análises do mercado global de semicondutores, a IA é um dos grandes impulsionadores, e a competição se intensifica cada vez mais.

Mercado de Servidores e Dúvidas Cruciais

Além da concorrência em chips integrados, a Nvidia aponta para a colaboração no segmento de CPUs para servidores como outro ponto estratégico do acordo. A AMD tem alcançado avanços significativos nesse nicho, registrando cerca de 40% de market share em processadores para servidores neste último verão. Sua participação no mercado de CPUs de desktop também atingiu um pico histórico em agosto, especialmente entre os jogadores.

Jensen Huang reiterou por duas vezes que a Nvidia se tornará um cliente de peso da Intel para CPUs, adquirindo-as para seus servidores rackscale. Esta declaração surpreende, visto que a Nvidia tem dedicado anos ao desenvolvimento de suas próprias CPUs Arm para servidores, e até sugeriu que a MediaTek poderia comercializá-las para o mercado de desktops. Contudo, Huang confirmou que a Nvidia continuará com esse projeto: “Temos CPUs excitantes que estamos construindo baseadas em Arm”, afirmou ele.

Ainda pairam grandes questões que Nvidia e Intel se recusaram a responder abertamente. No que tange à fabricação dos novos chips da colaboração, não houve comprometimento claro sobre a continuidade da TSMC como principal parceira, nem sobre um aumento da produção em território americano. Questionado se a TSMC de Taiwan continuaria a fabricar a maioria dos chips Intel+Nvidia, Lip-Bu Tan respondeu evasivamente: “Claramente, queremos qualificar e então, você sabe, vamos decidir se este é o certo para fazer em nossa fundição.” Huang chegou a sugerir que a tecnologia Foveros 3D de empilhamento de chips da Intel poderia ser uma opção para a parceria, mas Tan se manteve cauteloso, mencionando apenas a exploração da oportunidade. A Nvidia também declarou que era muito cedo para detalhar o processo de fabricação do silício.

Em relação à produção nos Estados Unidos, Tan indicou que essa responsabilidade da Intel seria separada da colaboração com a Nvidia. Ele mencionou a valorização do foco do Presidente Trump na manufatura em solo americano, mas enfatizou que a Nvidia deve ter a “flexibilidade mais adequada” para seus propósitos, mantendo as questões de fabricação americanas distintas do acordo bilionário.

O acordo de US$ 5 bilhões entre Nvidia e Intel sinaliza uma reconfiguração na dinâmica do mercado de semicondutores, com implicações profundas para a concorrência com a AMD em diversos segmentos. As nuances da parceria e o desdobramento da disputa pelo mercado de chips híbridos serão acompanhados de perto. Para mais informações sobre as inovações no setor de tecnologia, continue acompanhando nossa editoria de Análises no Hora de Começar.

Image: The Verge


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