Hipertensão Arterial: Pressão 12 por 8 Agora Exige Atenção Médica

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As novas diretrizes da área médica para a **hipertensão arterial**, recentemente publicadas em setembro de 2024, promovem uma significativa alteração nos parâmetros considerados ideais para a pressão sanguínea. O que antes era classificado como “normal” ou “limítrofe”, o tradicional 12 por 8 (120 por 80 mmHg), passa agora a ser um sinal que exige monitoramento e cuidados de profissionais de saúde, alinhando o Brasil a consensos internacionais, como as abordagens adotadas por médicos europeus em 2024.

Esta atualização, elaborada por uma equipe multidisciplinar de especialistas, visa simplificar a compreensão dos diferentes estágios da doença e estimular uma intervenção terapêutica mais precoce e intensiva. A principal meta é otimizar o controle da pressão em seus estágios iniciais, especialmente em pacientes com risco aumentado de desenvolver condições cardiovasculares sérias.

Hipertensão Arterial: Pressão 12 por 8 Agora Exige Atenção Médica

As classificações revisadas estabelecem que a pré-hipertensão se situa entre 120 por 80 mmHg e 139 por 89 mmHg (ou de 12 por 8 a ‘quase’ 14 por 9), enquanto a **hipertensão arterial** é definida como valores superiores a 140 por 90 mmHg (acima de 14 por 9). Importante notar que esses valores são baseados em aferições realizadas em consultório, por um profissional de saúde, em pelo menos duas ocasiões. O primeiro número indica a pressão sistólica, a força do sangue nas artérias quando o coração bombeia; o segundo, a pressão diastólica, a força entre os batimentos. Assim, uma pressão verdadeiramente normal, sob a nova ótica, deve estar abaixo de 119 por 79 mmHg, popularmente referida como ’11 por 7′.

O Impacto da Hipertensão na Saúde Pública

O descontrole da pressão arterial é reconhecidamente o principal catalisador para eventos graves como infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Segundo dados revelados por Dr. Fábio Argenta, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), em entrevista no final de 2024, as doenças cardiovasculares são as que mais provocam óbitos no Brasil e em nível global, resultando na morte de uma pessoa a cada 90 segundos no país por problemas relacionados ao coração ou vasos sanguíneos. Dr. Argenta também ressaltou a ligação da hipertensão não só com infarto e AVC, mas também com insuficiência cardíaca, renal, cegueira e até demência.

Apesar da sua gravidade e prevalência, a condição frequentemente não recebe a devida atenção da população. O Dr. Carlos Alberto Machado, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), estima que aproximadamente 1,2 bilhão de indivíduos no mundo sofrem de hipertensão, mas mais da metade desconhece sua condição. Entre os que sabem, apenas uma parcela trata, e uma fração menor ainda mantém a pressão sob controle. Para Dr. Machado e outros especialistas, as recentes alterações nas diretrizes internacionais são um alerta fundamental sobre os riscos cardiovasculares que começam a surgir mesmo com pressões consideradas “relativamente baixas”. “É crucial redefinir o que se entende por adequado, e o 12 por 8 não se encaixa mais nesse conceito”, pontuou Argenta.

Entenda a Estratificação de Risco para a Pressão Alta

Na prática, as mudanças nos critérios têm implicações diretas. Para quem apresenta pressão arterial dentro dos novos valores adequados (abaixo de 12 por 7, em média), a rotina de vida permanece sem a necessidade de intervenções específicas. Para indivíduos já diagnosticados com hipertensão, o tratamento medicamentoso combinado com significativas mudanças no estilo de vida é mandatório. Contudo, para aqueles com pressão acima de 130 por 80 mmHg (13 por 8), a nova diretriz preconiza a “estratificação de risco”.

Este processo envolve uma análise médica minuciosa de diversos indicadores de saúde para estimar a probabilidade de um evento cardiovascular grave (como infarto ou AVC) em alguns anos. São avaliados fatores como outras condições cardíacas preexistentes, a presença de doenças crônicas como diabetes tipo 2, níveis elevados de colesterol e obesidade. Se o risco cardiovascular for baixo, o paciente é orientado a implementar mudanças no estilo de vida e a ter a pressão arterial reavaliada em um ano. Em casos de risco elevado, as mudanças no estilo de vida são recomendadas e, após três meses, inicia-se o tratamento farmacológico se a pressão persistir acima de 130 por 80 mmHg. Para riscos intermediários, fatores adicionais como etnia, sexo, condição socioeconômica e doenças autoimunes são considerados para guiar a decisão, podendo envolver um período maior de teste das mudanças de estilo de vida ou uma reavaliação precoce para o início de medicamentos.

Estratégias de Estilo de Vida e Novas Recomendações

As recomendações clássicas para a manutenção de uma pressão arterial saudável incluem o controle do peso, uma dieta balanceada e rica, a prática regular de atividade física, a abstenção do fumo, a moderação no consumo de álcool e a redução da ingestão de sal. Contudo, as novas diretrizes brasileiras e europeias introduzem duas novidades importantes. A primeira é o incentivo ao aumento do consumo de alimentos ricos em potássio, que atuam no sentido contrário ao sódio, contribuindo para a redução da pressão. A segunda consiste em investir em exercícios de resistência e isométricos, comuns em treinamentos de academia.

Adicionalmente, o consenso brasileiro chama a atenção para o benefício de práticas de espiritualidade e técnicas de controle de estresse. Embora essas novas recomendações sejam vistas com bons olhos pelos médicos, é necessário cautela. Dr. Luiz Bortolotto, diretor da Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor), em entrevista em novembro de 2024, ressaltou que o aumento de potássio deve vir de fontes naturais, como frutas e vegetais, e não de suplementos em comprimidos, pois não há evidências claras de benefícios nesses casos. O uso de sal enriquecido com potássio pode ser uma alternativa, mas requer moderação devido ao sabor distinto, que pode levar a um consumo excessivo. Dr. Machado alerta também para a necessidade de maior precaução em pacientes com problemas renais, nos quais um aumento excessivo de potássio pode sobrecarregar os órgãos. Quanto aos treinos de força, Dr. Argenta destaca a correlação entre o fortalecimento muscular e uma vida mais longeva e saudável, com reflexos positivos nos vasos sanguíneos. Dr. Bortolotto adverte que pacientes com pressão muito elevada devem controlá-la antes de iniciar atividades intensas na academia, devido ao risco de aumento ainda maior da pressão durante o esforço. Contudo, a longo prazo, a combinação de exercícios aeróbicos e resistidos oferece inúmeros benefícios.

Hipertensão Arterial: Pressão 12 por 8 Agora Exige Atenção Médica - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Abordagem Terapêutica: A Dupla Medicação e Suas Vantagens

Outro ponto crucial das novas diretrizes reside na “intensificação do esquema terapêutico”. Na grande maioria dos cenários, a orientação é começar o tratamento com dois medicamentos de categorias farmacológicas diferentes, como diuréticos, antagonistas adrenérgicos, betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio. Dr. Machado aponta a insistência em utilizar apenas um fármaco como uma das principais causas das baixas taxas de controle da hipertensão globalmente, classificando-a como “inércia terapêutica”.

Conforme os cálculos do cardiologista, a associação de medicamentos de duas classes farmacológicas desde o princípio pode controlar até 60% dos pacientes, e com três classes, essa taxa ascende a 90%. Essa sinergia entre princípios ativos, que atuam em diferentes vias dos mecanismos que influenciam a pressão, garante um controle mais efetivo dos índices. Além disso, estabelecer os níveis de pressão dentro das metas nos primeiros três a seis meses após o diagnóstico é vital para reduzir significativamente a mortalidade cardiovascular, acrescenta o especialista.

É importante frisar que, após o diagnóstico de hipertensão, as metas de pressão arterial se alteram. Os documentos indicam que o objetivo é manter a pressão sistólica (o primeiro número) entre 120 e 129 mmHg, ou, no mínimo, atingir o valor mais baixo tolerado pelo paciente sem efeitos adversos significativos. Essa abordagem “tão baixa quanto tolerável” considera que a redução da pressão não deve comprometer a qualidade de vida do paciente devido a reações medicamentosas.

Diagnóstico e Acompanhamento da Pressão Arterial

Identificar a pressão elevada ou a hipertensão requer regularidade nas medições. Segundo Dr. Argenta, crianças a partir dos três anos devem ter sua pressão arterial verificada pelo pediatra. Da infância até os 40 anos, a recomendação é que esse exame seja repetido a cada três anos. Após os 40, a periodicidade ideal passa a ser, no mínimo, anual. Essa atenção contínua é crucial, visto que a hipertensão é uma condição majoritariamente assintomática em suas fases iniciais.

Uma inovação detalhada nas diretrizes recentes concerne aos métodos de medição. Além das aferições em consultório, os documentos reforçam a necessidade do diagnóstico complementar por meio de exames feitos fora do ambiente clínico, como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), que avalia a pressão por 24 horas, e a Medição Residencial da Pressão Arterial (MRPA), com aferições em casa por alguns dias, manhã e noite. O propósito principal desses testes extraconsultório é evitar fenômenos como a “hipertensão do jaleco branco” (pressão que sobe apenas na presença do médico) e a “hipertensão mascarada” (pressão elevada fora do consultório que se normaliza durante a avaliação médica). Como ressalta Dr. Machado, o diagnóstico de hipertensão acarreta um tratamento contínuo, demandando rigor máximo em todas as avaliações.

Manter a pressão arterial sob controle é fundamental para a saúde cardiovascular e bem-estar geral. As novas diretrizes brasileiras destacam a importância da atenção precoce e de um manejo abrangente. Para mais informações e análises aprofundadas sobre saúde e outras pautas relevantes, continue explorando nossas Análises.

Crédito, Getty Images


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