Lula na ONU 2025: Multilateralismo e críticas no discurso

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Em 23 de setembro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou sua décima participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), proferindo um **discurso de Lula na ONU** que abordou desafios globais e criticou o enfraquecimento do multilateralismo. Da tribuna em Nova Iorque, o líder brasileiro ressaltou que a autoridade da organização está em xeque diante de uma nova encruzilhada internacional.

A pauta central do chefe de Estado incluiu a necessidade urgente de uma maior representatividade dos países do Sul Global nas discussões sobre as crises mundiais. Ele defendeu que a voz dessas nações, notadamente sobre questões como o conflito na Ucrânia, precisa ser ouvida de forma mais ativa. Lula mencionou a Iniciativa Africana e o Grupo de Amigos da Paz, idealizado por China e Brasil, como ferramentas potenciais para impulsionar o diálogo construtivo e alcançar soluções pacíficas.

Lula na ONU 2025: Multilateralismo e críticas no discurso

No tocante aos conflitos globais, o presidente fez um forte pronunciamento sobre a situação na Palestina, descrevendo-a como o cenário mais marcante de “uso desproporcional e ilegal da força”. Apesar de classificar os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas como indefensáveis sob qualquer ótica, Lula enfatizou que “nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza”. Ele lamentou que a fome estivesse sendo utilizada como arma de guerra e o deslocamento forçado de populações praticado impunemente, reiterando a importância da formação de um Estado palestino independente e reconhecido internacionalmente. Uma fonte externa de alta autoridade para contextualizar a discussão sobre paz e segurança no âmbito da ONU é o portal de Paz e Segurança das Nações Unidas, que detalha os esforços e desafios globais.

As mudanças climáticas também foram um tema central no pronunciamento presidencial, com destaque para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro no estado do Pará, Brasil. Segundo Lula, a conferência será um palco onde o mundo poderá “conhecer a realidade da Amazônia” e um momento decisivo para que os líderes mundiais demonstrem a seriedade de seus compromissos com a proteção ambiental do planeta. Ele contrapôs o padrão de vida de nações ricas, alcançado por séculos de emissões, com as nações em desenvolvimento que lutam contra as alterações climáticas enquanto enfrentam múltiplos outros desafios sociais e econômicos.

No âmbito da política internacional, Lula direcionou críticas às “sanções arbitrárias” e “intervenções unilaterais”, fazendo uma alusão ao governo de Donald Trump, embora sem citá-lo nominalmente. A notícia original aponta que, em julho do ano anterior, Trump havia anunciado a imposição de 50% de taxação sobre produtos brasileiros, justificando a medida pela suposta “caça às bruxas” sofrida por Jair Bolsonaro na Justiça do Brasil. Aproximadamente 700 produtos brasileiros foram posteriormente isentos dessa tarifação. Em outra ocasião em julho, o governo Trump também havia iniciado uma investigação comercial contra o Brasil, com foco em diversas áreas, incluindo o Pix e o desmatamento.

No contexto político interno brasileiro e seu impacto internacional, o presidente Lula utilizou seu púlpito na ONU para reiterar que a condenação de Jair Bolsonaro por crimes contra o Estado Democrático de Direito, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), serviu como um “recado a todos os candidatos a autocratas do mundo e àqueles que os apoiam”. Ele destacou que a democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis. Lula afirmou que o autoritarismo prospera na omissão diante da arbitrariedade e reafirmou o compromisso do Brasil em seguir como uma nação independente e um povo livre de qualquer tipo de tutela.

Outro ponto abordado foi a questão das punições a figuras ligadas à política brasileira. O presidente referiu-se à notícia de que, em 22 de setembro de 2025, o Departamento de Estado americano havia anunciado sanções à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, sob a Lei Magnitsky. Moraes, relator da ação penal contra Bolsonaro, já havia sido submetido à mesma lei em julho anterior. Essa legislação americana permite punir estrangeiros por violações graves de direitos humanos e práticas de corrupção, ressaltando o peso das medidas contra indivíduos considerados responsáveis por tais atos.

Lula também enfatizou o papel da democracia na garantia de direitos fundamentais e na redução de desigualdades. Com orgulho, mencionou que, em 2025, o Brasil havia novamente saído do Mapa da Fome da FAO, mas lembrou que globalmente ainda existem 670 milhões de pessoas famintas e cerca de 2,3 bilhões enfrentam insegurança alimentar. Nesse cenário, o presidente brasileiro defendeu uma revisão das prioridades internacionais, propondo a redução dos gastos com guerras e o aumento da ajuda ao desenvolvimento, alívio da dívida externa de países pobres e a implementação de tributação global mínima para que os super-ricos paguem mais impostos do que os trabalhadores. Tais propostas foram o cerne da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20 e que já conta com o apoio de 103 nações.

Lula na ONU 2025: Multilateralismo e críticas no discurso - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Ainda em seu discurso, Lula chamou a atenção para o uso das plataformas digitais. Ele reconheceu seu potencial para conectar pessoas, mas alertou sobre o seu emprego para semear intolerância, misoginia, xenofobia e desinformação. O presidente defendeu que a internet não pode ser vista como uma “terra sem lei” e que o poder público tem a responsabilidade de proteger os cidadãos mais vulneráveis. Nesse sentido, mencionou que o Brasil aprovou uma das leis mais avançadas do mundo para proteger crianças e adolescentes no ambiente digital e enviou ao Congresso Nacional projetos de lei para fomentar a concorrência nos mercados digitais e incentivar a instalação de datacenters sustentáveis.

No panorama regional da América Latina e Caribe, o presidente expressou preocupação com a crescente polarização e instabilidade, reiterando que manter a região como zona de paz é uma prioridade para o Brasil. Ele ressaltou a ausência de armas de destruição em massa, conflitos étnicos ou religiosos na região, mas advertiu contra a equiparação da criminalidade com o terrorismo. Lula defendeu que a cooperação no combate à lavagem de dinheiro e o controle do comércio de armas são as formas mais eficazes de combater o tráfico de drogas, e condenou o uso de força letal em situações que não configuram conflitos armados. Na sua visão, intervenções prévias em outras partes do mundo causaram mais danos do que evitaram. Em relação à Venezuela, defendeu o diálogo, a um futuro sem violência para o Haiti, e considerou “inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.”

A mensagem do presidente foi clara: um futuro que o Brasil idealiza não reserva espaço para a reedição de rivalidades ideológicas ou para a criação de esferas de influência. Ele insistiu que o confronto não é inevitável, sublinhando a necessidade de lideranças com visão que compreendam que a ordem internacional não se resume a um “jogo de soma zero”. O século XXI, na sua perspectiva, será crescentemente multipolar, e para manter a paz, precisará, mais do que nunca, ser multilateral. Ao fim de sua intervenção, o presidente Lula resumiu a relevância das organizações internacionais, dos países e blocos de regiões como a União Europeia, a União Africana, a ASEAN, a CELAC, os BRICS e o G20. Em um tom conclusivo, reafirmou a importância da voz do Sul Global e o papel histórico da ONU em promover a esperança, a igualdade, o desenvolvimento sustentável, a diversidade e a tolerância.

O extenso pronunciamento de Lula na ONU em 2025 reforçou a posição do Brasil em importantes debates globais, de geopolítica a direitos humanos. Para se aprofundar em como esses temas se alinham com a política externa do Brasil, convidamos você a explorar outras matérias em nossa editoria de Política. Acompanhe as análises e notícias mais recentes para entender o impacto das decisões brasileiras no cenário mundial.

Crédito, REUTERS/Mike Segar
Legenda da foto, Lula abriu a Assembleia Geral da ONU com crítica à guerra em Gaza, às tarifas de Trump e ao enfraquecimento das Nações Unidas
Crédito, REUTERS/Al Drago
Legenda da foto, Foi a décima vez que Lula subiu ao púlpito da Assembleia Geral da ONU


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