📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
O discurso Trump ONU, proferido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas, apresentou uma articulação sem filtros de sua perspectiva global. Durante a intervenção, que se estendeu por quase uma hora, Trump expôs sua ideologia política, a qual foi recebida por seus defensores como puro “trumpismo” e por seus detratores como um “trumpismo” descontrolado.
Inicialmente, o líder norte-americano voltou suas atenções para a realidade interna dos Estados Unidos. Ele caracterizou o país como vivenciando uma “era de ouro” e reiterou afirmações, frequentemente contestadas, de que teria pessoalmente mediado o fim de sete conflitos. Essa conquista, segundo ele, o credenciaria a receber o Prêmio Nobel da Paz. Contudo, rapidamente o foco de sua oratória se deslocou para os anfitriões do evento internacional.
Discurso Trump ONU revela visão global: ataques e críticas
A Organização das Nações Unidas (ONU) foi alvo direto das críticas do ex-presidente. Donald Trump alegou que a instituição falhou em apoiar seus esforços pela pacificação e questionou sua relevância e eficácia. Para ele, apesar do potencial intrínseco, a ONU não estaria à altura das expectativas. Acusou a organização de produzir apenas correspondências contundentes sem ações concretas, considerando tais “palavras vazias” incapazes de cessar conflitos armados. Além disso, expressou desaprovação à atuação da ONU no auxílio a solicitantes de asilo que buscam entrada nos EUA, sentenciando que “a ONU deveria impedir invasões, não criá-las ou financiá-las”. O rol de reclamações se estendeu até mesmo a inconvenientes logísticos durante sua visita, como uma escada rolante avariada e um teleprompter com defeito que perturbaram tanto sua chegada quanto sua fala.
Analistas reconhecem, em parte, a validade das observações de Trump sobre a ineficácia contemporânea da ONU na resolução de conflitos, citando o impasse no Conselho de Segurança e a burocracia inerente. Entretanto, o ex-presidente é frequentemente visto não apenas como um observador, mas também como um catalisador e um sintoma dessa inoperância. Sua crença em que crises globais devem ser resolvidas por figuras poderosas, mediante acordos diretos em detrimento de mecanismos multilaterais orientados à construção de soluções coletivas, exemplifica essa dualidade. Durante sua gestão, os Estados Unidos diminuíram significativamente o financiamento à ONU, medida que forçou a organização a reduzir parte de suas iniciativas humanitárias globais.
“Europa em Apuros”: Imigração e Energia Verde no Foco
As mais duras reprimendas de Donald Trump foram direcionadas aos aliados europeus. O continente foi censurado por investir em fontes de energia renovável e por manter políticas de fronteiras abertas à imigração. “A Europa está em sérios apuros”, declarou Trump, prosseguindo com a avaliação de que “foi invadida por uma onda de imigrantes ilegais como nunca se viu antes”. Em sua perspectiva, tanto as “ideias sobre imigração” quanto as “ideias suicidas sobre energia” configuram-se como “a morte da Europa Ocidental”.
O tema das mudanças climáticas foi caracterizado como “a maior farsa já imposta ao mundo”, justificando, segundo ele, os elevados custos energéticos que os países europeus enfrentavam ao priorizar energias verdes em detrimento dos combustíveis fósseis. Uma crítica particular foi feita ao governo do Reino Unido por implementar novos impostos sobre o petróleo do Mar do Norte. Trump alertou: “Se vocês não se afastarem dessa farsa de energia verde, seu país vai fracassar”. Demonstrou sua afeição pelo continente e seus povos, mas expressou descontentamento ao ver a Europa sendo “devastada pela energia e imigração”, a quem chamou de “monstro de duas cabeças” que destrói tudo em seu caminho, enquanto os europeus se preocupam com o “politicamente correto” e, com isso, destroem sua própria herança cultural. Esta observação reitera discursos anteriores de Trump sobre a importância de proteger os valores do que ele chamou de “o mundo da língua inglesa”, evidenciando um viés cultural em suas críticas, ligado à percepção de que a imigração descontrolada ameaça a herança judaico-cristã da Europa. Sua administração notavelmente afirmava sua religião com firmeza, e o ex-presidente reafirmou na ONU o compromisso em “proteger a liberdade religiosa”, destacando a proteção do cristianismo como a “religião mais perseguida do planeta atualmente”.
Posicionamento sobre Conflito Russo-Ucraniano
A respeito da política externa, a advertência mais significativa de Trump concentrou-se no conflito entre Rússia e Ucrânia. O ex-presidente afirmou que a recusa do presidente russo, Vladimir Putin, em pôr fim à guerra, não “está fazendo a Rússia parecer bem”. Ele também anunciou a disposição dos EUA de “impor uma nova rodada de tarifas muito fortes” visando a contenção do derramamento de sangue. Contudo, criticou veementemente países europeus por ainda adquirirem energia russa, algo que, conforme alegou, descobriu apenas duas semanas antes do discurso.

Imagem: bbc.com
Diplomatas e observadores apontam que apenas Hungria e Eslováquia figuram como compradores europeus expressivos de petróleo russo na prática. Sugere-se que a menção de Trump a esses países poderia servir como uma cortina de fumaça para evitar a imposição de sanções secundárias a nações como Índia e China, que continuam a comprar grandes volumes de energia russa a preços reduzidos. Adicionalmente, uma publicação em sua rede social após o evento representou a primeira vez que ele indicou que a Ucrânia poderia estar em uma posição favorável para reaver a totalidade de seu território. Ao desqualificar a Rússia como um “tigre de papel” em vez de uma “verdadeira potência militar”, Trump tencionava afetar Putin, sensível a qualquer insinuação de que seu país não seja um protagonista global. Diplomatas viram neste pronunciamento o mais recente indício da mudança de Trump em direção a uma postura mais crítica à Rússia.
É vital, porém, que as declarações de Trump sejam analisadas com cautela. Seu otimismo sobre a Ucrânia emergiu após um encontro com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na ONU. Contudo, suas palavras ligavam a reconquista territorial ao suporte da União Europeia e da OTAN, sem fazer menção ao envolvimento direto dos Estados Unidos. Os fatos dos anos recentes indicam que o conflito é uma guerra de atrito prolongado, e que uma recuperação territorial significativa pela Ucrânia dependeria de apoio militar maciço dos EUA. Para informações adicionais sobre as atividades da Assembleia Geral da ONU, um importante fórum para o debate de questões internacionais, pode-se consultar diretamente a página oficial da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Este pronunciamento ofereceu uma representação de Trump em sua essência: uma fervorosa defesa dos Estados Unidos e do conceito de Estado-nação, um ataque persistente ao multilateralismo e ao globalismo, e um fluxo de pensamento repleto de asserções contestáveis. Seis anos antes, sua plateia na ONU havia reagido com risadas às suas falas; nesta ocasião, grande parte do público o ouviu em silêncio, enquanto ele assegurava: “Eu sou muito bom nisso”, e proferia, em tom derradeiro, “Seus países estão indo para o inferno”.
Este relatório aprofundado sobre o pronunciamento de Donald Trump na ONU capta as nuances de sua visão política e as repercussões de suas palavras no cenário global. Para continuar acompanhando as principais discussões sobre geopolítica e temas que impactam o Brasil e o mundo, convidamos você a explorar a editoria de Política em nosso portal.
Crédito, Chip Somodevilla/Getty Images
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados