📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
Os robôs humanoides da Meta representam a mais nova e vultosa empreitada da gigante da tecnologia, sendo comparada diretamente ao seu já bilionário investimento em realidade aumentada. Essa iniciativa ambiciosa, que pressupõe um aporte financeiro na casa dos bilhões de dólares, foi discutida publicamente pelo Diretor de Tecnologia (CTO) Andrew Bosworth. Em uma entrevista conduzida durante uma visita à sede da Meta, Bosworth detalhou a nova frente de robótica da empresa, sublinhando que o cerne da questão reside na primazia do software sobre o hardware.
A entrevista, originalmente veiculada em 26 de setembro de 2025, às 19:45 UTC, por Alex Heath, colaborador e autor da newsletter Sources, trouxe à luz detalhes inéditos sobre o projeto. Segundo Bosworth, o pontapé inicial para o esforço de pesquisa em robótica partiu de uma diretriz direta do CEO Mark Zuckerberg, que instigou a formação de uma equipe dedicada no início deste ano. Apesar da existência do grupo já ter sido objeto de relatos prévios na mídia, o CTO não havia se aprofundado na estratégia por trás dessa divisão antes de sua conversa, revelando as ambições e os desafios tecnológicos que a Meta pretende encarar.
Robôs Humanoides da Meta: A Próxima Grande Aposta de IA
Durante a conversa, Andrew Bosworth enfatizou que a principal barreira no avanço da robótica reside não no hardware, que ele reconhece ser complexo, mas sim no desenvolvimento do software. Ele afirmou: “Eu não acho que o hardware seja a parte difícil. Não estou dizendo que o hardware também não seja difícil, mas não é o gargalo. O gargalo é o software.” Para ilustrar a complexidade da manipulação delicada, um dos maiores desafios em robótica, Bosworth usou um copo de água como exemplo. Enquanto robôs atuais podem ficar de pé, correr e até mesmo dar piruetas, já que o chão oferece uma base estável, a tarefa de pegar um copo de água seria quase certamente resultaria em seu esmagamento ou derramamento total, devido à ausência de uma manipulação precisa e sutil.
Software: A Chave para a Destreza Robótica
O foco estratégico da Meta na área de robôs humanoides se inclina fortemente para a construção de um software que possa replicar a destreza humana. Apesar de a Meta estar desenvolvendo seu próprio humanoide, carinhosamente apelidado internamente de “Metabot”, a visão de Bosworth para a empresa vai além da fabricação. Ele antecipa que a Meta licenciará sua plataforma de software para outras fabricantes de robôs, de forma análoga ao modelo adotado pelo Google, que cede suas tecnologias de software para diversas fabricantes de celulares. O objetivo é disponibilizar um “projeto de software” desenvolvido pela Meta para qualquer empresa, desde que seu robô atenda a especificações pré-determinadas pela companhia.
Uma peça fundamental nesse intrincado quebra-cabeça tecnológico é a colaboração entre o recém-criado laboratório de Superinteligência de IA da Meta, liderado por Alexandr Wang, ex-CEO da Scale, e o grupo de robótica. Juntos, eles buscam criar um “mundo modelo”, um tipo de sistema de IA que permitiria a simulação de software necessária para animar uma mão com manipulação ágil e precisa. Tal conceito tem sido frequentemente abordado por nomes como Demis Hassabis, do Google DeepMind, que defende um “mundo modelo” capaz de proporcionar consciência espacial à inteligência artificial. O principal desafio é que, para um humanoide retirar delicadamente um conjunto de chaves de um bolso de calça, por exemplo, o “ciclo de sensor” necessário ainda não existe plenamente. É imperativo construir esse complexo conjunto de dados para habilitar tais funcionalidades.
Meta e as Críticas ao Paradigma de Tesla
Ao abordar as abordagens de desenvolvimento, Andrew Bosworth também teceu considerações sobre a estratégia de Elon Musk com o robô Optimus da Tesla. Ele expressou ceticismo em relação à ideia de que a construção de humanoides possa seguir o mesmo caminho de desenvolvimento de plataformas de direção autônoma, como as da Tesla. Enquanto a Tesla argumenta que, como os humanos navegam utilizando primariamente a visão, e que com dados suficientes, seus carros podem replicar essa capacidade, Bosworth levanta um questionamento fundamental: a coleta de dados. Embora seja plausível para veículos obterem uma vasta quantidade de dados de direção, a Meta, na visão de seu CTO, não consegue visualizar como o volume de dados robóticos necessários para tarefas complexas será igualmente adquirido sem uma nova abordagem.

Imagem: Facebook via theverge.com
Grandes Nomes Reforçam a Equipe de Robótica
A força por trás do avanço da Meta na robótica, conforme destacado por Bosworth, é o talento humano que a empresa conseguiu atrair. A equipe é atualmente liderada por Marc Whitten, que já atuou como CEO da empresa de veículos autônomos Cruise. Bosworth ressaltou contratações de peso, como a de Sangbae Kim, descrito como um dos maiores roboticistas táticos da atualidade, que se uniu à Meta vindo do renomado MIT no início deste ano. Além disso, o CTO narrou como convenceu Jinsong Yu, um engenheiro sênior da Meta que arquitetou o software do protótipo dos óculos de Realidade Aumentada Orion, a adiar sua aposentadoria e integrar o novo grupo. Ning Li, veterano da Meta com 15 anos de casa, agora está à frente da equipe de engenharia da robótica, evidenciando o comprometimento da empresa em reunir mentes brilhantes.
Apesar da clara direção e do talento empenhado, Bosworth indica que a Meta ainda está em fase de definições estratégicas para o futuro de sua robótica. Ele mencionou a competição acirrada entre fabricantes como Nvidia e Qualcomm para se tornarem os principais provedores de componentes a nível de silício para humanoides, e afirmou que a Meta está avaliando todas essas opções. Mesmo colocando o projeto na mesma escala de investimento de bilhões que a Meta destina à Realidade Aumentada, Bosworth pareceu diminuir a necessidade de um robô com uma destreza de mão tão avançada quanto o Optimus da Tesla. Ele concluiu a discussão de forma pragmática: “Eu não acho que você precise de 23 graus de liberdade em sua mão. Dois polegares seriam bons. Eu só preciso de dois polegares”, sintetizando uma abordagem focada na funcionalidade e viabilidade. A criação do “mundo modelo” pela equipe da Meta em colaboração com o Google DeepMind representa um avanço significativo nesse esforço de pesquisa e desenvolvimento.
A ambição da Meta de moldar o futuro da robótica através do software, licenciar sua tecnologia e superar os complexos desafios de manipulação com a integração de IA de ponta promete ser um capítulo marcante na evolução tecnológica. Para continuar a explorar as novidades do universo da inteligência artificial e suas aplicações no cotidiano e na indústria, convidamos você a visitar nossa seção de Tecnologia no Valor Trabalhista, onde analisamos as tendências e o impacto dessas inovações.
Crédito da imagem: Facebook / Andrew Bosworth
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados