Trump Envia Forças Federais a Portland e Autoriza Força Total

noticias
Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

Em 27 de setembro de 2020, o então Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ordenou o envio de forças federais para Portland, localizada no estado do Oregon. A medida incluía a expressa autorização para o uso de “força total”, caso considerada necessária. Esta decisão marcou uma significativa escalada na postura do governo frente aos protestos em andamento e tensões civis na cidade, intensificando sua estratégia mais ampla contra o que ele descrevia como atividades subversivas e desordem.

O anúncio veio acompanhado de declarações presidenciais firmes. O presidente Trump justificou a mobilização afirmando estar “ordenando ao Secretário de Guerra, Pete Hegseth, que fornecesse todas as tropas necessárias para proteger Portland, devastada pela guerra”. Essa retórica destacava a percepção da administração de uma cidade em crise e a necessidade de intervenção federal direta para restabelecer a ordem e a segurança das instalações governamentais. A movimentação levantou preocupações imediatas entre legisladores e autoridades locais sobre a autonomia e a gestão da segurança pública em suas jurisdições.

Trump Envia Forças Federais a Portland e Autoriza Força Total

A principal razão citada para a intervenção foi a proteção de “qualquer uma de nossas instalações do ICE [agência migratória dos EUA] sob cerco de ataques da Antifa e outros terroristas domésticos”. O anúncio expandiu uma estratégia anterior do governo de enviar tropas para várias cidades americanas, um movimento que já enfrentava forte oposição, especialmente em Portland, onde a presença federal tem sido um ponto de discórdia há meses. Essa escalada foi vista por muitos como uma repressão mais ampla não apenas a imigrantes ilegais, mas também a manifestantes contrários às políticas da Casa Branca.

Oposição e Críticas Locais

Legisladores democratas de Portland expressaram veementemente sua rejeição aos planos do presidente Trump para o envio das tropas. O prefeito da cidade, Keith Wilson, já havia se manifestado no início do mesmo mês, declarando: “Eu não pedi – e não preciso – de intervenção federal”. A posição do prefeito refletia um sentimento generalizado de que a cidade era capaz de gerenciar seus próprios desafios de segurança e que a presença federal, longe de ajudar, apenas acirrava os ânimos e contribuía para a polarização.

A unidade do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) em Portland havia sido repetidamente alvo de manifestações, que resultaram em confrontos violentos. Relatos indicavam que alguns agentes federais ficaram feridos durante esses embates. Tais incidentes eram frequentemente citados pela administração Trump como prova da necessidade de reforço da segurança, enquanto críticos argumentavam que a agressividade das forças federais alimentava a hostilidade dos protestos, criando um ciclo vicioso de violência.

Dúvidas Sobre a Abrangência da Ordem

A publicação do presidente Trump nas redes sociais, na manhã daquele sábado, não detalhou se ele pretendia acionar a Guarda Nacional ou o Exército regular dos EUA. A natureza específica das tropas e seu comando permaneciam ambíguos. Além disso, o que significaria o uso da “força total” também não foi especificado, gerando especulações e ansiedade. Na época, a BBC chegou a contatar o Departamento de Guerra para obter esclarecimentos sobre esses pontos críticos, mas detalhes claros eram escassos. Essa falta de transparência contribuía para a incerteza e a intensificação das tensões.

A possibilidade de uma operação em Portland já havia sido sinalizada por Trump na quinta-feira anterior. “Vamos lá e faremos um grande estrago nessas pessoas em Portland”, declarou a repórteres no Salão Oval, referindo-se aos alvos como “agitadores e anarquistas profissionais”. Em seus comentários no início de setembro, ele já havia descrito Portland como “como viver no inferno” e expressou considerar o envio de tropas federais à cidade. Essas declarações prévias estabeleciam um tom belicoso para a intervenção.

Antifa: Designação e Contexto

No início da mesma semana da ordem, Trump assinou uma ordem executiva designando formalmente a Antifa como uma organização terrorista doméstica. O termo Antifa é uma abreviação para antifascista e designa um coletivo descentralizado de organizações, predominantemente compostas por ativistas de extrema esquerda. Essa designação presidencial gerou críticas sobre o risco de criminalização de protestos e ativismo, e serviu como pano de fundo ideológico para a intervenção federal.

Reações Legislativas de Críticas no Oregon

Os parlamentares democratas do Oregon reagiram às declarações do presidente e às ações dos agentes do ICE no estado. A deputada democrata Suzanne Bonamici expressou na sexta-feira: “O ICE disse que está buscando pessoas que cometeram crimes para levá-las à prisão e detenção. Foi o que nos disseram. Mas não é isso que estamos vendo”. Ela e outros legisladores citaram exemplos preocupantes, como a detenção de um pai do lado de fora da pré-escola de seu filho e de um bombeiro florestal enquanto combatia incêndios na Floresta Nacional Olímpica, indicando um desvio da missão declarada. Além disso, foi destacada uma estatística do Cato Institute, um renomado think tank americano sediado em Washington, que relatou que 65% das pessoas detidas pelo ICE não tinham condenações criminais.

O senador democrata Ron Wyden foi categórico, afirmando que “não há necessidade de agentes federais” em Portland. Ele também fez um apelo aos moradores locais para “não caírem na tentativa de Trump de incitar a violência”. Wyden contextualizou a situação, acrescentando que o presidente estava “repetindo o manual de 2020”, uma referência ao envio controverso de forças federais ao Oregon em julho daquele ano em resposta aos protestos pelo assassinato de George Floyd, um homem negro que morreu sob custódia policial. O senador reiterou sua posição firme: “Assim como fiz em 2020, liderarei nossa delegação e autoridades estaduais para se opor a qualquer aumento injustificado de forças federais”, prometeu ele.

Trump Envia Forças Federais a Portland e Autoriza Força Total - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Apoio e Precedentes Governamentais

Apesar da forte oposição, a ordem de Trump encontrou apoio em membros de sua administração e aliados políticos. A secretária do Trabalho dos EUA, Lori Chavez-DeRemer, por exemplo, que anteriormente serviu como representante republicana na Câmara por um distrito do Oregon, publicou no X seu apoio à medida. Ela descreveu ter testemunhado como a “ilegalidade” transformou Portland em uma “zona de guerra infestada de crimes”. Em sua postagem, Chavez-DeRemer agradeceu a Trump “por tomar medidas para manter nossas instalações do ICE protegidas e tornar a América grande novamente”, alinhando-se com a retórica de campanha do presidente.

Em meses anteriores a esta decisão, o presidente Trump já havia mobilizado a Guarda Nacional em cidades como Los Angeles, Washington e Memphis. Em Los Angeles, ele havia ordenado o envio de 2.000 agentes federais para conter a agitação resultante de ataques a imigrantes sem documentos. Nessa ocasião, confrontos violentos se estenderam por vários dias, com uso de gás lacrimogêneo para dispersar as multidões em protesto. Essas ações prévias estabeleceram um padrão de intervenção federal em situações de tumulto civil.

Questões Legais e Desafios Constitucionais

Um juiz federal na Califórnia, no início do mês anterior ao anúncio de Trump sobre Portland, havia determinado que o envio da Guarda Nacional para Los Angeles era ilegal, infringindo a Lei Posse Comitatus, que restringe o uso de forças militares federais para fins internos civis. Esta decisão jogou luz sobre os desafios legais da política presidencial. Para entender mais sobre a estrutura e os limites das autoridades federais nos EUA, consulte o Departamento de Justiça em www.justice.gov/topics/constitutional-law.

Apesar do precedente legal, a Casa Branca havia prontamente rejeitado a decisão judicial da Califórnia, argumentando que “um juiz desonesto está tentando usurpar a autoridade do Comandante-em-Chefe para proteger as cidades americanas da violência e da destruição”. Permaneceu, assim, incerto se a base legal para enviar forças federais para o Oregon, especificamente sob o contexto dessa nova ordem, era de fato sólida.

O anúncio de Trump em 27 de setembro de 2020 sucedeu sua assinatura de uma ordem executiva anterior, naquela mesma semana, classificando a Antifa como uma “organização terrorista doméstica”. Esta medida fez parte dos esforços para reprimir a “esquerda radical”. A intervenção em Portland também ocorreu poucos dias após um incidente onde um atirador abriu fogo contra uma instalação do ICE em Dallas na quarta-feira, resultando na morte de um detento e ferindo outros dois. Posteriormente, o diretor do FBI, Kash Patel, publicou no X uma foto de munição não utilizada recuperada no local, com a frase “ANTI-ICE”, ligando a violência a grupos anti-imigração. Estes eventos adicionaram um pano de fundo complexo e carregado de emoção à decisão de enviar tropas para Portland.

A decisão de Donald Trump de enviar forças federais para Portland com “força total” gerou um debate intenso sobre o papel do governo federal na segurança interna, a liberdade de protesto e os limites da autoridade presidencial. Enquanto defensores apontavam para a necessidade de combater a violência e proteger instalações, críticos alertavam para a escalada de tensões e o desrespeito à autonomia local e princípios constitucionais. Para continuar a acompanhar as principais notícias sobre a política americana e as implicações de tais decisões, explore nossa editoria de Política.

Crédito, Getty Images


Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados

Deixe um comentário