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A série de ficção científica Alien Earth: Noah Hawley Descreve Série como Espelho Sombrio do Nosso Mundo Atual introduz uma reimaginação da icônica franquia, segundo o próprio showrunner Noah Hawley. Após o encerramento da primeira temporada, Hawley compartilhou sua perspectiva sobre a produção, destacando sua intenção de que o universo de Alien refletisse de maneira sombria as realidades contemporâneas, com elementos que evocam uma mistura de terror e comédia ácida, sublinhando a familiaridade dos horrores ficcionais com os problemas do mundo em 2025.
Na trama de Alien: Earth, a narrativa se centra em um gênio da tecnologia, apelidado de Boy Kavalier, interpretado por Samuel Blenkin. Este magnata detém o controle de 20% da massa terrestre continental do planeta e, em seu laboratório secreto em uma ilha remota, experimenta a criação de um novo caminho para a imortalidade humana. Nesse cenário distópico, crianças moribundas recebem uma segunda chance de vida, tornando-se híbridos como Wendy (Sydney Chandler) e Slightly (Adarsh Gourav), cujos nomes são uma curiosa referência a personagens de Peter Pan. Contudo, essa ilha paradisíaca funciona também como uma prisão, de onde seus funcionários e cobaias não conseguem escapar facilmente. A mais recente leva de testes, por sua vez, inclui criaturas inteligentes e perigosas de um planeta distante.
Alien Earth: Noah Hawley Descreve Série como Espelho Sombrio
Embora Alien: Earth explore temas consagrados na franquia desde o clássico Alien, o Oitavo Passageiro, a série o faz com uma audácia inusitada, conferindo-lhe, em certos momentos, um tom quase cômico. A presença de uma corporação maléfica gerenciada por um “menino-homem”, Boy Kavalier, exemplifica essa irreverência. Hawley ressaltou que a energia, por vezes, absurda da série, é uma maneira de ilustrar a comédia de cunho sombrio que, em sua visão, sempre esteve intrínseca à história de Alien. O showrunner compara a representação de indivíduos trabalhando para megacorporações na franquia ao teatro do absurdo, como na peça “Esperando Godot”, de Samuel Beckett, indicando que sua série busca revisitar essas ideias sob uma ótica renovada. A originalidade dessa primeira temporada é inegável, e a preocupação de Hawley era que, apesar das inovações, a produção mantivesse a essência do “clássico Alien”.
Em sua entrevista com Charles Pulliam-Moore, atualizada em 30 de setembro de 2025, Noah Hawley explicitou que a mudança de foco, priorizando os seres sintéticos em detrimento dos xenomorfos tradicionais, era crucial para a sustentabilidade narrativa da série a longo prazo. Hawley observou que um roteiro baseado exclusivamente na dinâmica predador/presa tende a limitar o desenvolvimento dos personagens, que estariam em constante fuga ou combate. Para que a narrativa pudesse se desdobrar em formato longo, a série precisava abordar questões maiores, onde os monstros se encaixassem em uma história de maior profundidade. O showrunner recordou um momento revelador no filme original de Ridley Scott, Alien, o Oitavo Passageiro, quando a personagem Ripley se depara não só com o monstro, mas também com a traição do androide Ian Holm. Essa dualidade, onde a humanidade foge da natureza selvagem e, simultaneamente, da tecnologia que ela própria criou, ecoou com a visão de Hawley sobre o mundo atual.
Morando no planeta Terra em 2025, Hawley pontuou que o cenário global — com tempestades cada vez mais severas, a natureza se tornando incontrolável e a criação precipitada de tecnologias como a inteligência artificial, sem a devida ponderação sobre seus impactos sociais — torna o universo de Alien menos “alienígena” do que se imagina. Essa percepção impulsionou a decisão de explorar um terror mais plausível, que ressoa com o estado atual do mundo real. Assim, o conceito de o ser humano confrontar tanto as ameaças naturais quanto as criadas por sua própria tecnologia, se tornou um pilar fundamental na concepção da série.
Recentemente, a franquia Alien, inclusive em obras como Alien: Romulus, tem colocado em destaque personagens mais jovens, e a série de Hawley não é exceção. Essa escolha deliberada se manifesta nos híbridos, que são essencialmente crianças habitando corpos adultos, e também na figura de Boy Kavalier, cuja identidade é intrinsecamente ligada à imagem de um “gênio-mirim”. Hawley explicou que a ingenuidade infantil oferece uma lente única para explorar o universo de Alien: Earth. Ele exemplificou com a perspectiva de sua própria filha que, aos nove anos, tornou-se vegetariana questionando a superioridade humana sobre os animais. Dessa forma, a narrativa, vista pelo ponto de vista de Wendy, evita uma projeção moral nos xenomorfos, considerando-os animais que não pediram para existir e que simplesmente seguem sua natureza.
Embora essa visão infantil possa suavizar a percepção das criaturas, Hawley não negligencia o fato de que os alienígenas são animais extremamente perigosos. A série, portanto, navega na complexa linha entre a empatia e a necessidade de sobrevivência, um dilema que ressalta a complexidade moral proposta aos jovens personagens. Boy Kavalier, como um “disruptor”, encarna uma outra faceta da ingenuidade. Hawley analisou que o termo, atualmente desgastado, originalmente referia-se à quebra do status quo em busca de ganhos de mercado, independentemente das consequências. Kavalier, um “adolescente” com mentalidade de 15 anos de idade oito anos atrás, atua sem um senso real de responsabilidade, visando enriquecimento e uma “melhora” do mundo a seu modo, mesmo que isso acarrete a “quebra de muitos ovos” — ou seja, muitas vítimas.

Imagem: Charles Pulliam via theverge.com
A relação entre Wendy e os xenomorfos é um dos pontos mais fascinantes da série, revelando uma comunicação gradual e um grau de “impressão” mútua. A presença de Wendy no “nascimento” da criatura sugere uma conexão primordial, quase simbiótica, semelhante à relação inicial entre mães e bebês. Essa boa vontade inicial levanta a questão de até que ponto o xenomorfo, ao atingir a idade adulta, poderá ser controlado. Hawley compara a tentativa de controle a “ser amigo de um furacão”, enfatizando a natureza imprevisível e destrutiva dessas criaturas quando a contenção se perde.
A série também aprofunda os horrores morais nas interações humanas, como visto na relação de Slightly com Morrow (Babou Ceesay). Hawley traça um paralelo com a cena de *Aliens – O Resgate*, onde o personagem Burke tenta forçar uma gravidez de xenomorfo em Ripley e Newt, mostrando que atos humanos podem ser tão ou mais monstruosos que as ações de uma criatura instintiva. A imposição de escolhas horríveis, como decidir quem irá morrer, sobre uma criança como Slightly, revela um horror moral profundo. Essa decisão, que sequer deveria ser exigida de um adulto, intensifica a dimensão trágica e a repulsa moral na narrativa, transformando as consequências da ação dos monstros em uma questão de causalidade vinculada à depravação humana.
O final da primeira temporada é intencionalmente aberto, o que, para Hawley, representa a “conclusão de um pensamento”. Ele descreveu a temporada como um rito de passagem, onde os híbridos deixam de ser crianças em corpos sintéticos para se tornarem algo novo, e os alienígenas são finalmente libertados. Para uma potencial segunda temporada, o showrunner demonstrou interesse em aprofundar as geopolíticas do mundo e as complexas lutas de poder que se estabelecem após os eventos da primeira temporada. Também há o desejo de explorar as ramificações tecnológicas, aprimorando o conceito de “pular antes de olhar” e os perigos inerentes a isso. Evidentemente, em uma história de Alien, a perda dos níveis de contenção é sempre um ponto central, e Hawley está ansioso para ver como a trama se desenvolveria nesse cenário de escalada.
A inovadora série de Noah Hawley oferece uma experiência que vai além do terror sci-fi tradicional, instigando reflexões profundas sobre a moralidade e os perigos de um mundo cada vez mais tecnológico e incerto. Continue acompanhando nossas análises aprofundadas sobre séries e filmes em nossa editoria para mais conteúdos como este.
Crédito da imagem: FX.
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