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A startup Electroflow LFP está se posicionando para redefinir o mercado global de baterias, especialmente no segmento de fosfato de ferro-lítio (LFP). A empresa anuncia a capacidade de produzir material LFP em solo americano por um custo até 40% inferior aos valores praticados pelos fornecedores chineses, um avanço significativo que poderia aliviar a dependência e as pressões tarifárias enfrentadas pelas montadoras americanas.
As células de fosfato de ferro-lítio conquistaram grande destaque na indústria de baterias automotivas e de armazenamento de energia devido à sua combinação de baixo custo, alta durabilidade e segurança aprimorada. Essa química específica permite uma redução de milhares de dólares no preço final de veículos elétricos, mas o cenário global é dominado pela produção chinesa. Atualmente, aproximadamente 99% do material LFP provém da China, o que tem gerado complexidades para fabricantes nos Estados Unidos, especialmente em função de tarifas e regulamentações protecionistas. Eric McShane, co-fundador e CEO da Electroflow, salientou a necessidade crítica de uma produção doméstica. “Acreditamos que o LFP é o ingrediente que faltava para a prosperidade energética. O problema é que 99% dele é fabricado na China. Se quisermos ter alguma chance de competir, precisamos reverter essa situação”, afirmou McShane.
Electroflow Reduz Custo de Material LFP em 40% nos EUA
Eric McShane e Evan Gardner, os fundadores da Electroflow, desenvolveram uma tecnologia proprietária que, segundo eles, tem o potencial de superar os produtores chineses em termos de custo. Esse método inovador elimina várias etapas do processo de produção tradicional, podendo cortar o custo de uma bateria LFP em até 20% e, ao mesmo tempo, estabelecer uma robusta cadeia de suprimentos local. McShane descreveu a complexidade do método convencional: “Analisamos todo o processo de mineração, começando da rocha ou da água salgada até chegar a um composto químico de lítio. Percebemos que são cerca de dez etapas. Claramente, essa não é a melhor abordagem”.
Revolução na Produção de Lítio e Vantagem Competitiva
A maior parte do lítio mundial é extraída de salmouras encontradas no subsolo, onde águas salgadas profundas contêm o mineral. Quando bombeadas para a superfície, essas salmouras podem ser processadas para extrair o lítio. Nos Estados Unidos, as salmouras guardam milhões de toneladas de lítio, capacidade suficiente para fabricar milhões de veículos elétricos por ano. Esse potencial atraiu grandes players; por exemplo, a ExxonMobil está desenvolvendo uma unidade de exploração no Arkansas. Contudo, os elevados custos de refino nos EUA tornam a competição com fornecedores chineses extremamente difícil.
Hoje, o material LFP de origem chinesa é comercializado por aproximadamente 4.000 dólares por tonelada métrica, o que representa cerca de um terço do custo nos Estados Unidos. McShane expressou grande confiança de que, uma vez que a Electroflow atinja sua plena capacidade de produção, a companhia conseguirá produzir o material por pelo menos 40% menos do que os produtores chineses, e tudo isso em solo americano. “Em nosso sistema V1 – até o final deste ano – nossa meta é ter um custo de produção de cerca de 5.000 dólares por tonelada métrica, e vamos escalar isso para menos de 2.500 dólares por tonelada métrica”, detalhou o CEO, indicando uma trajetória ambiciosa para a redução de custos.
Financiamento e Prova de Conceito
Recentemente, a Electroflow garantiu um financiamento de seed round no valor de 10 milhões de dólares. A rodada de investimento, cuja exclusividade foi apurada pela TechCrunch, foi liderada pelas firmas Union Square Ventures e Voyager, e contou com a participação de Fifty Years e Harpoon Ventures. Esse capital permitirá à empresa avançar em suas operações e na implementação de sua tecnologia inovadora.
O processo desenvolvido pela Electroflow é notavelmente simplificado, convertendo a água salgada em material LFP em apenas três etapas. A startup validou com sucesso sua tecnologia em salmouras extraídas de um poço em um local geotérmico na Califórnia. Esta validação prática demonstrou a viabilidade da abordagem da Electroflow em condições reais de operação, comprovando a eficácia do método para a extração e transformação do lítio.
A Ciência por Trás da Inovação e Sustentabilidade
A tecnologia da Electroflow tem suas raízes nas próprias baterias de íon-lítio, o que não surpreende, dado o histórico de McShane e Gardner em pesquisa de baterias e materiais relacionados. “Estávamos realmente fascinados pela ideia de usar tecnologia mais recente, como a tecnologia de bateria, e aplicá-la a outras indústrias além das baterias. Aplicar a tecnologia de bateria à mineração, por exemplo, revelou-se muito frutífero”, explicou McShane. A verdadeira inspiração, contudo, surgiu de forma inusitada para Gardner durante uma viagem no Caltrain na área da Baía de São Francisco. Observando as pessoas entrando e saindo dos trens, ele visualizou-as como íons se movendo entre diferentes câmaras de um dispositivo, o que gerou o insight para o design da nova tecnologia. McShane relembrou: “Ele esboçou em um pedaço de papel e me trouxe. Eu pensei: ‘Nossa, isso realmente funciona'”.

Imagem: Getty via techcrunch.com
O pilar tecnológico da startup é uma célula eletroquímica equipada com ânodos. Em uma direção, esses ânodos absorvem íons de lítio das salmouras, e em outra, liberam esses íons em água contendo carbonatos. Após a conclusão desses ciclos, o resultado é carbonato de lítio, um composto que está pronto para ser reagido com fosfato, ferro e outros reagentes para produzir o pó LFP, apto para ser enviado às fábricas de baterias. Para os fabricantes que necessitam de materiais diferentes do LFP, a Electroflow pode interromper o processo em uma fase anterior e fornecer apenas o carbonato de lítio. Esse nível de flexibilidade expande o leque de aplicações e a adaptação a diferentes necessidades do mercado.
O sistema da Electroflow é integralmente elétrico. Segundo McShane, a produção anual de 50 toneladas métricas de carbonato de lítio requer a mesma quantidade de eletricidade consumida por uma residência americana típica. Além disso, a água empregada na etapa do carbonato é amplamente reciclável, otimizando o uso de recursos. “Não usamos uma tonelada de eletricidade. Não usamos uma tonelada de água”, destacou, ressaltando a eficiência e o menor impacto ambiental do processo em comparação com os métodos extrativos convencionais. Este é um diferencial crucial em um contexto de crescente demanda por sustentabilidade na cadeia de suprimentos de energia.
Quando o sistema de tamanho completo estiver operacional, ele será abrigado em um contêiner de transporte de 20 pés e terá capacidade para gerar 100 toneladas métricas de material LFP anualmente. “Vamos produzir essas pilhas de células eletroquímicas e realmente ser capazes de processar uma grande quantidade de salmoura em todos os EUA”, declarou McShane. Ele demonstrou plena confiança na capacidade da empresa de superar os produtores chineses, mesmo quando a Electroflow alcançar a produção comercial nos próximos anos. “A menos que os métodos na China mudem para uma solução completamente nova e inovadora como a que estamos fazendo, eles não conseguirão reduzir muito mais do que isso”, afirmou McShane, apontando para a vantagem intrínseca de seu processo otimizado.
A ascensão da Electroflow sinaliza uma mudança potencial na geopolítica da produção de baterias, reforçando a segurança da cadeia de suprimentos e promovendo a inovação tecnológica no ocidente. Com seu método revolucionário de extração e produção de material LFP, a empresa não apenas promete custos mais baixos, mas também um modelo de produção mais eficiente e ecologicamente consciente, crucial para o futuro da energia renovável. Para aprofundar seu conhecimento sobre o setor de energia e a evolução das tecnologias de armazenamento, convidamos você a explorar outras análises em sites especializados sobre armazenamento de energia.
Em suma, a abordagem da Electroflow para a produção de material LFP nos EUA representa uma evolução tecnológica vital. Ao superar desafios de custos e de dependência externa, a empresa pode pavimentar o caminho para uma cadeia de suprimentos de baterias mais resiliente e autônoma, com implicações profundas para a indústria automotiva e para a transição energética global. Continue explorando as tendências e inovações que moldam o mercado de energia e a economia em geral em nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: TechCrunch
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