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TÍTULO: Anker Eufy oferece pagamentos por vídeos para treinar IA de segurança
SLUG: anker-eufy-pagamentos-videos-treinar-ia-seguranca
META DESCRIÇÃO: Descubra como a Anker Eufy pagou usuários por vídeos de furtos para treinar IA, otimizando detecção de criminosos e pacotes. Questões de privacidade envolvidas.
A Anker Eufy oferece pagamentos por vídeos para treinar IA de segurança, uma iniciativa da Anker, empresa chinesa por trás das populares câmeras de segurança Eufy. No início deste ano, a companhia incentivou seus usuários a compartilhar gravações de furtos de pacotes e veículos, propondo uma remuneração de US$ 2 por vídeo submetido.
O fabricante de câmeras de segurança conectadas à internet comunicou que pagaria seus clientes pela doação de material que auxiliasse no aprimoramento de seus sistemas de inteligência artificial. O objetivo central era aprimorar a capacidade da IA em identificar ladrões de veículos e pacotes de forma mais eficaz.
Anker Eufy oferece pagamentos por vídeos para treinar IA de segurança
Para assegurar a obtenção de um volume suficiente de dados, a empresa, conforme divulgado em seu site, buscou vídeos tanto de ocorrências reais quanto de eventos encenados. Essa estratégia visava munir a IA com cenários diversos para seu treinamento. “Você pode até criar eventos fingindo ser um ladrão e doar essas gravações”, detalhou a Anker Eufy na plataforma, indicando a rapidez e facilidade do processo. Por exemplo, a simulação de um único ato, capturado por duas câmeras externas simultaneamente, poderia otimizar a contribuição. Adicionalmente, encenar o roubo de uma porta de carro poderia gerar um retorno de até US$ 80 aos participantes.
A Eufy reforçou em sua comunicação que os dados provenientes desses eventos simulados seriam empregados exclusivamente para o treinamento de seus algoritmos de inteligência artificial, sem quaisquer outras finalidades. Essa medida visava mitigar preocupações sobre o uso da privacidade dos dados.
Tal iniciativa ressalta uma tendência crescente de empresas dispostas a remunerar usuários em troca de dados valiosos para o treinamento de modelos de IA. Embora essa prática permita aos indivíduos monetizar suas próprias informações, ela acarreta riscos significativos de segurança e privacidade. Um exemplo marcante disso foi o aplicativo de chamadas virais Neon, que, no ano passado, oferecia pagamentos por gravações e transcrições de chamadas e foi desativado após o TechCrunch detectar uma falha de segurança que permitia acesso irrestrito aos dados de qualquer usuário, evidenciando as vulnerabilidades inerentes à coleta extensiva de dados.
A campanha da Eufy, que oferecia US$ 2 por vídeo de furtos, ocorreu entre 18 de dezembro de 2024 e 25 de fevereiro de 2025. Comentários na página de anúncio da campanha indicaram a participação de mais de 120 usuários. A meta estabelecida pela empresa era coletar 20.000 vídeos de furtos de pacotes e 20.000 de roubos de portas de carros. Para participar, os usuários preenchiam um formulário no Google, onde podiam carregar os vídeos e informar sua conta PayPal para o recebimento do pagamento.
No entanto, a Eufy não respondeu aos questionamentos e pedidos de comentário do TechCrunch. A publicação buscou informações sobre o número total de participantes, o montante pago aos usuários, a quantidade de vídeos coletados e se a empresa havia excluído os vídeos após o treinamento de seus sistemas de IA, mas permaneceu sem retorno.
Desde então, a Eufy tem implementado campanhas semelhantes, mantendo o objetivo de incentivar seus clientes a enviar vídeos para o treinamento de sua inteligência artificial. No momento da publicação da reportagem original, outro programa interno, denominado “Video Donation Program” (Programa de Doação de Vídeos), estava em andamento. Neste programa, a Eufy oferece recompensas variadas, desde uma “Medalha de Aprendiz” – que parece ser um simples distintivo ao lado do nome do usuário no aplicativo – até prêmios como câmeras ou cartões-presente. Nesta campanha específica, a empresa solicitou apenas vídeos que envolvessem a presença de seres humanos.

Imagem: techcrunch.com
O aplicativo da Eufy também exibe uma “Honor Wall” (Mural da Honra), que classifica os usuários que mais doaram eventos em vídeo. Segundo os dados do próprio aplicativo, o líder desse ranking já doou impressionantes 201.531 vídeos. Na página do aplicativo dedicada ao programa de doação, a Eufy reitera que os vídeos doados são utilizados unicamente para treinamento e aprimoramento de IA, e que a empresa não os compartilhará com terceiros.
Adicionalmente, a Eufy solicitou a doação de vídeos gravados com seus monitores de bebê. A página de suporte, que detalha os passos para o compartilhamento desses vídeos, contudo, não faz menção a qualquer tipo de recompensa monetária. Questionada sobre essa iniciativa específica, a Eufy também optou por não emitir um posicionamento.
Existem motivos para se questionar a efetividade dos compromissos da Eufy em relação à proteção da privacidade de seus usuários. Em 2023, a publicação The Verge revelou que a empresa tentou ocultar que os streams das câmeras dos usuários, os quais eram anunciados como “criptografados de ponta a ponta”, estavam desprotegidos quando acessados via seu portal web. Após trocas de informações com o site de notícias de tecnologia, a Anker finalmente admitiu ter enganado os usuários e prometeu corrigir a vulnerabilidade, lançando um histórico de confiança em xeque.
A controvérsia em torno da Eufy e sua estratégia de coletar vídeos para aprimorar a IA de segurança, aliada a episódios anteriores de desafios na privacidade dos dados, levanta discussões importantes sobre a transparência e a ética das empresas de tecnologia. Para se aprofundar em como a economia e a política moldam as diretrizes de empresas e a vida dos cidadãos, convidamos você a explorar nossa editoria de Análises e continuar se informando no Valor Trabalhista.
Crédito da imagem: TechCrunch
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