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Em um movimento que gerou ampla discussão no setor de mídia, Bari Weiss assumiu uma posição de liderança na CBS News em 7 de outubro de 2025, uma decisão que a repórter Elizabeth Lopatto, do The Verge, avalia com pessimismo em uma análise contundente. Lopatto, conhecida por cobrir tecnologia, finanças e comportamento humano, expressou ceticismo profundo quanto às perspectivas de sucesso de Weiss, caracterizando o cargo como inerentemente problemático dentro de uma indústria em transformação radical.
A entrada de Weiss na gestão de uma empresa de notícias tradicionais como a CBS é vista como uma “armadilha”, ou um “glass cliff” – termo que descreve a tendência de mulheres serem colocadas em posições de liderança de alto risco durante períodos de crise. A analista argumenta que o papel de gerenciar uma empresa em declínio, especialmente no setor de notícias de TV aberta, é uma tarefa ingrata, onde a liderança frequentemente se torna um alvo para críticas e falhas, independentemente de suas decisões.
Bari Weiss: Desafios na Liderança da CBS News, apontam analistas
Lopatto projeta um cenário onde Weiss será responsabilizada por decisões tomadas tanto por superiores quanto por subordinados, além de suas próprias escolhas. O ambiente é descrito como um “campo minado” onde o objetivo primordial, segundo a repórter, seria “assumir a morte das notícias da televisão aberta”, um destino que parece inevitável para a mídia tradicional, independentemente dos esforços individuais. Essa perspectiva pessimista ressalta a complexidade de atuar na transformação da paisagem midiática global, onde modelos de negócio consolidados lutam para se adaptar às novas realidades de consumo de conteúdo.
Um ‘Glass Cliff’ e o Desafio da Gestão em Crise
A situação de Bari Weiss na CBS News é comparada a figuras como Marissa Mayer no Yahoo, Nancy Dubuc na Vice e Linda Yaccarino no Twitter, todas que assumiram posições de liderança em empresas problemáticas com pouca credibilidade no novo cenário digital ou sem relacionamentos-chave estabelecidos. Para Elizabeth Lopatto, a nomeação de Weiss sugere um alinhamento político controverso, visando apaziguar a administração Trump – conhecida por sua hostilidade à imprensa. A analista prevê ondas de demissões e um eventual fechamento da divisão de notícias como uma medida de corte de custos pós-fusão.
A narrativa central é que a CBS News está obsoleta para o ecossistema de mídia atual. A televisão aberta enfrenta um declínio constante de público, cuja base é majoritariamente idosa. Dados indicam que a audiência da CBS é a mais antiga entre os canais de horário nobre. Jovens, por sua vez, consomem notícias cada vez mais via plataformas como TikTok e Instagram, e demonstram menor confiança nas instituições de mídia tradicionais. A repórter do The Verge enfatiza que a missão de atrair públicos mais jovens, atribuída a Weiss, é uma batalha perdida, e sua real tarefa será gerenciar o declínio, com poucas chances de uma vitória genuína.
A Inadequação das Redes Sociais e a Ética Jornalística
Um dos maiores problemas estratégicos, conforme apontado na análise, é a tentativa de alavancar plataformas como o TikTok. Embora se possa supor que a influência de Larry Ellison – cujo filho é dono da controladora de Weiss – possa criar uma vantagem, a história de aquisições de mídia demonstra o contrário, como o caso da News Corp e o MySpace. Para Lopatto, plataformas digitais, por natureza, desconstroem as instituições tradicionais de notícias. Conteúdos eficazes para a audiência de 60 anos da TV não ressoam com os adolescentes do TikTok.
Mais criticamente, o modelo de monetização do TikTok, que integra publicidade e marcas diretamente ao conteúdo dos criadores, conflita fundamentalmente com os valores e a ética de uma organização de notícias histórica como a CBS News. Elizabeth Lopatto sustenta que mesmo que Bari Weiss consiga “decifrar” o algoritmo do TikTok, a receita gerada provavelmente não será suficiente para garantir a sobrevivência da emissora sem comprometer a essência do jornalismo tradicional.
Gerenciamento de Talentos e Falta de Credibilidade Jornalística
A gestão de “Talentos” famosos da TV representa outro enorme desafio. Personalidades renomadas, conhecidas e admiradas pelo público, podem ser particularmente difíceis de controlar e se recusam a aceitar instruções, especialmente de alguém sem o histórico de reportagem consolidado que Bari Weiss possui. A analista lembra o percurso de Weiss como escritora de opiniões no The Wall Street Journal e no The New York Times, e a fundação de “The Free Press”, destacando a ausência de experiência direta em reportagem investigativa. A crítica de Lopatto é severa: “Você nunca foi uma repórter, e eles todos sabem disso.”

Imagem: Getty via theverge.com
Esse histórico sugere que Weiss carece das “soft skills” necessárias para lidar com o ego de figuras como Norah O’Donnell, Gayle King ou David Martin. A repórter sugere que tentar intervir em reportagens do “60 Minutes”, por exemplo, poderia gerar um caos imediato, dada a falta de credibilidade e relacionamentos de Weiss no ambiente da TV. A divisão de notícias é descrita como um coletivo de “piranhas ambiciosas”, prontas para contestar qualquer intervenção de alguém percebida como uma intrusa sem experiência de campo, especialmente ao considerar a inclusão de IA em processos de notícias, algo insinuado em um memorando interno de Weiss, o que seria visto com desconfiança por jornalistas experientes.
Controvérsias Éticas e Posicionamento Político
O histórico pessoal de Weiss e suas posições ideológicas, especialmente a respeito de temas como o conflito em Gaza, são apontadas como fatores que a tornarão um alvo de controvérsia inevitável. Lopatto alerta que qualquer reportagem percebida como “insuficientemente agressiva” sobre a situação em Gaza será atribuída a Weiss, exacerbando a imagem de “fanática sionista”, mesmo que ela não esteja diretamente envolvida. Mais de metade dos americanos, segundo a análise, consideram que Israel agiu de forma excessiva na região, criando um cenário sem soluções fáceis para a CBS News e sua nova líder. A lembrança do escândalo de Dan Rather, em que documentos sobre o serviço militar de George W. Bush não foram verificados adequadamente, serve como um precedente sombrio para Weiss.
Para complicar ainda mais, a analista levanta a hipótese de que a nomeação de Weiss para a CBS News foi uma jogada política para apaziguar a administração Trump e facilitar uma fusão pendente – especificamente a aquisição pela Skydance. Isso ganha peso diante de um pagamento de US$16 milhões da CBS ao ex-presidente Donald Trump, em um movimento descrito como uma medida questionável para garantir a aprovação regulatória. Lopatto argumenta que Weiss pode ser meramente uma figura temporária, contratada para satisfazer demandas anti-DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) e pró-diversidade de opiniões da gestão, com seu cargo tornando-se totalmente dispensável uma vez que o acordo for fechado.
O risco de escândalos é iminente, seja por postagens controversas em redes sociais como o Truth Social, o uso indevido de conteúdo gerado por IA, demissões em massa ou campanhas de assédio por parte de influenciadores digitais. Apesar de um recente lucro de US$150 milhões pela venda de sua plataforma “The Free Press”, Elizabeth Lopatto conclui que o cenário está montado contra Bari Weiss, que, em sua visão, não possui as habilidades necessárias para navegar por essa complexa rede de desafios na liderança da CBS News.
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A trajetória de Bari Weiss na CBS News promete ser um estudo de caso emblemático sobre a evolução do jornalismo em uma era digital e politicamente polarizada. Para se aprofundar em outras análises sobre o futuro da mídia e os desafios da imprensa em constante mudança, continue acompanhando nossa editoria de Análises e não perca os próximos desenvolvimentos no cenário midiático global.
Crédito da imagem: Getty Images for Uber, X and The
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