Crítica: Tron Ares é um Soft Reboot Aquém das Expectativas

TECNOLOGIA
Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

O aguardado lançamento de Tron Ares, um “soft reboot” da clássica franquia de ficção científica, chega aos cinemas com a promessa de revitalizar o universo digital, mas, conforme apontam as primeiras análises, esbarra em execuções que deixam a desejar. O filme, dirigido por Joachim Rønning, busca mesclar elementos nostálgicos com a ascensão da inteligência artificial no cenário contemporâneo, porém, falha em transformar essas ambições em uma experiência cinematográfica memorável. O veredito inicial sugere que, embora funcione como plataforma para a trilha sonora do Nine Inch Nails, sua narrativa carece de profundidade e originalidade, oferecendo pouco mais do que um visual polido.

Desde o seu anúncio, o retorno da saga de Tron gerou expectativa, especialmente após “Tron: Legacy” (2010), que, apesar de não ser uma obra-prima, conquistou o público com seus gráficos estonteantes e a inesquecível trilha sonora do Daft Punk. Legacy soube equilibrar o serviço aos fãs com inovações na fonte original, configurando-se como um passo evolutivo para a franquia. Embora não tenha atingido as expectativas de bilheteria da Disney, seu sucesso foi suficiente para manter a porta aberta a novas possibilidades narrativas.

Crítica: Tron Ares é um Soft Reboot Aquém das Expectativas

No entanto, a nova tentativa de resgatar o encanto desse universo, com o filme Tron Ares, parece não conseguir emular o impacto de seu predecessor. A produção de Joachim Rønning busca integrar os mundos de programas e usuários, refletindo as atuais preocupações com a ascensão da inteligência artificial na nossa realidade. Embora Rønning tente replicar o espetáculo visual de Legacy e a trilha sonora de Nine Inch Nails infunda um clima introspectivo sobre a vida na era das grandes corporações de tecnologia, o resultado final é um reboot sem grande inspiração.

Diferente de Legacy, que oferecia uma experiência imersiva e vibrante, Ares apresenta-se como um reboot sem fôlego, dedicando tempo excessivo a explicações de um enredo que é tão complicado quanto previsível. Apesar de contar com um elenco notável, o filme não consegue extrair o potencial de seus atores, limitando-os a atuações em trajes estilizados e preparando o terreno para sequências que parecem improvável ou desnecessária. Algumas sequências de ação impressionantes marcam presença, mas não são suficientes para justificar o investimento ou o ingresso.

Conflitos e a Busca pelo Código de Permanência

A trama de Tron Ares se desenrola em um período pós-Legacy, introduzindo novos personagens, tanto humanos quanto digitais, cujas vidas se entrelaçam nos negócios da ENCOM, uma gigante da tecnologia. Eve Kim (Greta Lee), agora CEO da ENCOM, concentra-se na pesquisa de como manifestar construtos virtuais no mundo real como objetos físicos e orgânicos. A ENCOM, conhecida publicamente por seus jogos, tem, sob a liderança de Eve e seus colegas Seth Flores (Arturo Castro) e Ajay Singh (Hasan Minhaj), uma ambição maior: usar a tecnologia experimental, semelhante à impressão 3D com lasers, para produzir alimentos em massa e desenvolver novos medicamentos.

Paralelamente, a Dillinger Systems, de Julian Dillinger (Evan Peters), rival de Eve, trabalha em uma tecnologia similar, mas com fins militares. Julian apresenta Ares (Jared Leto), um programa senciente, a um grupo de investidores, conseguindo manifestá-lo temporariamente no mundo real. Ele oculta, no entanto, a efemeridade dessa materialização. Sua imperiosa mãe, Elisabeth (Gillian Anderson), tem consciência das intenções fraudulentas do filho. Tanto Julian quanto Eve sabem que para materializar objetos digitais de forma duradoura, é preciso localizar o Código de Permanência, uma tecnologia perdida desenvolvida originalmente por Kevin Flynn (Jeff Bridges).

Narrativa, Atuações e Potencial Inexplorado

No seu ato inicial, Tron Ares assemelha-se a uma estranha combinação entre “Missão: Impossível” e “Jurassic World”, com Eve, Julian e Seth envolvidos em diálogos excessivamente expositivos que subestimam a inteligência do espectador. A trama se move rapidamente até Eve encontrar o Código de Permanência, o que leva Julian a despachar Ares para recuperá-lo. Sequências de perseguição acontecem, mas quando Ares parece prestes a ter sucesso, seu tempo de materialização se esgota, e ele retorna à Grade da Dillinger, forçando Julian a recomeçar.

Crítica: Tron Ares é um Soft Reboot Aquém das Expectativas - Imagem do artigo original

Imagem: Disney via theverge.com

As cenas no mundo digital dos servidores de Dillinger, onde Ares e sua assistente Athena (Jodie Turner-Smith) são recriados após cada falha, mostram um pouco mais de potencial, embora também sejam subutilizadas. A Grade serve como um cenário ameaçador enquanto Ares, interpretado por Leto com uma linearidade que tenta ser carismática, reflete sobre sua própria existência. Neste ambiente, o filme tangencia ideias interessantes sobre a obsessão de empresas de IA em criar servos complacentes, em vez de desenvolver produtos que beneficiem a humanidade. No entanto, essa energia narrativa é diluída no mundo real, onde Ares se transforma em um improvável herói, motivado pelos encontros com Eve, que o convencem de que ele está na equipe errada. A química entre Lee e Leto é superficial, tornando o subtexto romântico inconsistente com a dinâmica dos personagens, que sequer passam tempo significativo juntos. Apesar dos atores se movimentarem em sequências de efeitos visuais impressionantes e veículos característicos da franquia, a ação em si carece de emoção, e o entusiasmo dos envolvidos é questionável.

Considerações sobre a Produção e o Futuro da Franquia

É intrigante perceber que a Disney, apesar de claramente não ter total confiança em Ares, já considera a possibilidade de novas sequências. A forma como personagens de renome, como os interpretados por Gillian Anderson e Cameron Monaghan, são mal aproveitados, sugere que houve cortes significativos na tentativa de simplificar o enredo, buscando transformar Ares mais em um reboot acessível a novos espectadores do que uma continuação. Tal abordagem pode funcionar para quem não tem expectativas elevadas, mas para os aficionados pela saga Tron, que compreendem o seu verdadeiro potencial, o novo filme oferece poucos motivos para celebração. Sarah Desjardins também integra o elenco do filme, que foi lançado em 10 de outubro.

Confira também: crédito imobiliário

Em suma, “Tron Ares” tenta revitalizar uma franquia amada com uma proposta de inteligência artificial e o inevitável choque entre o mundo digital e o real, mas acaba por entregar um produto sem o brilho e a inovação esperados. A previsibilidade do enredo e a subutilização de um elenco promissor pesam contra o filme. Para explorar mais análises e críticas de filmes e séries, continue acompanhando a editoria de Entretenimento do Hora de Começar, onde abordamos os lançamentos mais recentes e os temas mais relevantes da cultura pop.

Crédito da imagem: Disney


Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados

Deixe um comentário