AMD Usa Próprias Ações para Financiar Compras da OpenAI

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A parceria estratégica ampliada entre a Advanced Micro Devices (AMD) e a OpenAI, anunciada na última segunda-feira, dia 17, acendeu um debate imediato sobre a abordagem incomum de pagamento adotada para as aquisições da OpenAI. Contrariando expectativas tradicionais, a gigante da inteligência artificial (IA) pagará por suas compras de chips AMD utilizando as próprias ações da fabricante, em um movimento que analistas já consideram um arranjo de financiamento engenhoso.

Este acordo compreende o engajamento da OpenAI na otimização da linha de chips concorrentes da Nvidia, as GPUs Instinct da AMD, além de um compromisso de adquirir e implementar 6 gigawatts de capacidade de computação da AMD ao longo de múltiplos anos. A própria AMD estimou que este contrato plurianual gerará receitas de bilhões de dólares, sublinhando a magnitude e a importância da colaboração para ambas as empresas.

AMD Usa Próprias Ações para Financiar Compras da OpenAI

No entanto, a singularidade reside no método de quitação. Em vez de utilizar suas próprias reservas financeiras, a OpenAI recebeu da AMD um lote considerável de warrants de ações – direitos que permitem a compra de ações por um preço predeterminado – que podem chegar a 160 milhões de ações da AMD. Estes warrants serão concedidos em tranches, ou seja, em etapas, à medida que metas específicas são alcançadas. Dentre essas metas, destacam-se incrementos no preço das ações da AMD. O desfecho mais ambicioso exige que as ações da AMD atinjam o valor de US$ 600 por unidade. A informação foi divulgada pela própria AMD, gerando repercussão no mercado. Antes do anúncio da parceria, as ações da AMD estavam cotadas a aproximadamente US$ 165 e, após a divulgação da notícia, dispararam para US$ 214 no fechamento do mercado da última segunda-feira.

A implicação financeira desse mecanismo é colossal. Se o preço das ações atingir os marcos estabelecidos, se a OpenAI cumprir todas as suas contribuições obrigatórias e se, ademais, a OpenAI mantiver a totalidade das ações da AMD, sem alienar nenhuma ao longo do tempo, o montante obtido poderia ser suficiente para cobrir uma parte substancial dos custos com as GPUs. Este portfólio de ações poderia, sob essas condições, alcançar a impressionante marca de US$ 100 bilhões, oferecendo um retorno exponencial para a empresa de IA.

Análise Financeira: A Estratégia da AMD Segundo Especialistas

Em sua análise divulgada na terça-feira, Timothy Arcuri, analista da UBS, pontuou em nota de pesquisa que a sexta e última tranche dos warrants requer que a AMD atinja uma capitalização de mercado próxima a US$ 1 trilhão para ser concedida. Isso implica que, se a OpenAI mantiver as ações até o final do acordo, sua participação teria um valor de cerca de US$ 100 bilhões. Contudo, Arcuri considera mais provável que a OpenAI liquide parte de suas ações da AMD no decorrer do acordo, utilizando os lucros para custear suas próprias compras, configurando, na prática, um esquema de financiamento onde a AMD se encarrega de bancar as aquisições de seu próprio cliente.

Apesar dessa estrutura de financiamento interna, Arcuri enfatiza que a validação de que as GPUs de IA da AMD são capazes de lidar com as cargas de trabalho da OpenAI – e, por extensão, quaisquer outras cargas de trabalho de IA – representa um valor estratégico imenso para a AMD. O aval de uma das líderes em inteligência artificial pode abrir portas significativas. O analista ressalta que a AMD mencionou discussões contínuas com outros clientes além da OpenAI, esperando que este acordo acelere o momento de adoção dos produtos AMD no mercado. Particularmente, o “selo de aprovação” da OpenAI concede à AMD uma vantagem competitiva para comercializar suas GPUs com provedores de serviços em nuvem, aos quais já fornece CPUs.

Implicações de Mercado: Quem Paga e a Vantagem Competitiva da AMD

No longo prazo, a efetivação da gigante aquisição plurianual de GPUs da AMD pela OpenAI dependerá, fundamentalmente, da valorização do preço das ações. Isso significa que, em última análise, os investidores de varejo e institucionais serão os verdadeiros “pagadores” se eles de fato elevarem o preço das ações da companhia no mercado. Esta dinâmica expõe os custos inerentes à busca de validação e quota de mercado em um segmento altamente competitivo e em rápida expansão. Para entender mais sobre as complexidades envolvidas nessas operações e as dinâmicas do mercado financeiro, é crucial observar as análises de mercado.

É importante traçar um paralelo com as estratégias da Nvidia. Em diversos aspectos, a Nvidia também está indiretamente financiando as aquisições da OpenAI de seus próprios produtos, por meio de seu robusto investimento de US$ 100 bilhões na empresa de IA, anunciado no mês passado. A distinção primordial entre as duas abordagens reside no fato de que os múltiplos investimentos da Nvidia na OpenAI garantiram à Nvidia uma participação no rápido crescimento da provedora de IA, enquanto no caso da AMD, o arranjo inverte o papel: é a AMD quem concede participação em suas próprias ações para financiar a OpenAI.

Contudo, a pergunta crucial é: qual outra alternativa a AMD teria para solidificar sua posição nesse mercado emergente? Ao elaborar um acordo financeiramente engenhoso, que representa um baixo custo inicial para a OpenAI, a AMD assegura um significativo ponto de apoio – que as estimativas da UBS projetam em até 30% de participação de mercado – em uma das maiores expansões de data centers de última geração que o mundo já testemunhou. Essa estratégia é fundamental para disputar um segmento que, até então, tem sido dominado pela sua principal rival.

Embora Arcuri reconheça que o acordo da AMD pode ser considerado menos atrativo em comparação com o da Nvidia, ele avalia a manobra como uma validação de peso para o plano de desenvolvimento de produtos da AMD. Essa validação tem o potencial de criar um “efeito bola de neve”, atraindo mais clientes e consolidando a posição da AMD no mercado de chips para inteligência artificial, impulsionando a confiança dos investidores e a credibilidade técnica da empresa.

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O impacto a longo prazo promete moldar as futuras estratégias empresariais e tecnológicas neste setor em constante ebulição. Em suma, o acordo entre AMD e OpenAI transcende uma simples transação comercial, representando um audacioso movimento estratégico da AMD para solidificar sua presença no lucrativo e crescente mercado de inteligência artificial, ainda que utilizando suas próprias ações como ferramenta de financiamento. Para se aprofundar nas nuances do setor tecnológico e financeiro, continue explorando nossa editoria e mantenha-se informado sobre os principais desdobramentos.

Crédito da imagem: Julie Bort / TechCrunch


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