📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
A preocupação com o uso indevido de tecnologias de deepfake com celebridades falecidas atingiu um novo patamar após a manifestação pública de Zelda Williams. Filha do renomado ator Robin Williams, que faleceu em 2014, ela fez um apelo veemente aos fãs de seu pai e ao público em geral. Em uma postagem na história do seu Instagram nesta segunda-feira, Williams solicitou encarecidamente que parassem de enviar vídeos de seu pai gerados por inteligência artificial.
“Por favor, parem de me mandar vídeos do papai feitos com IA. Parem de achar que quero ver ou que vou entender. Não quero e não vou”, escreveu Zelda, expressando sua angústia. Ela continuou, conclamando: “Se tiverem alguma decência, parem de fazer isso com ele e comigo, e com todos, ponto final. É bobagem, é uma perda de tempo e energia, e acreditem, NÃO é o que ele gostaria.” Essa manifestação sincera destaca o crescente debate ético e moral em torno da criação de imitações digitais de pessoas que já se foram, especialmente no contexto do lançamento de novas e poderosas ferramentas de geração de conteúdo.
Deepfake: Zelda Williams Alerta sobre IA com Celebridades Falecidas
O protesto de Williams provavelmente não é mera coincidência, surgindo poucos dias após a revelação do Sora 2, o avançado modelo de vídeo e aplicativo social da OpenAI. Essa tecnologia confere aos usuários a capacidade de gerar deepfakes altamente realistas, não apenas de si mesmos, de amigos e de personagens de desenhos animados, mas também de figuras falecidas. A particularidade alarmante é que indivíduos que já morreram parecem ser considerados “jogada justa”, dado que, legalmente, não é ilegal caluniar o falecido, conforme informações do Student Press Law Center.
Embora o Sora imponha restrições rigorosas à geração de vídeos de pessoas vivas – a menos que seja o próprio usuário ou um amigo com permissão expressa (chamado “cameo” pela OpenAI) –, tais limitações não se aplicam aos mortos. Desse modo, figuras históricas e celebridades já falecidas podem ser reproduzidas digitalmente sem grandes obstáculos. O aplicativo, ainda em fase de convites, já testemunhou uma proliferação de vídeos de personalidades como Martin Luther King Jr., Franklin Delano Roosevelt e Richard Nixon, além de ícones da cultura pop como Bob Ross, John Lennon, Alex Trebek e, naturalmente, Robin Williams.
A política da OpenAI quanto à geração de deepfakes de falecidos não é completamente transparente e exibe inconsistências. Por exemplo, enquanto o Sora 2 se recusa a criar vídeos do ex-presidente Jimmy Carter, falecido em 2024, ou de Michael Jackson, que morreu em 2009, testes do TechCrunch indicaram que o sistema produziu deepfakes de Robin Williams, que nos deixou em 2014. Adicionalmente, o recurso “cameo” da OpenAI permite que pessoas definam instruções sobre como aparecer em vídeos gerados por terceiros – um conjunto de salvaguardas que surgiu em resposta às críticas iniciais sobre o Sora –, mas essas opções de controle não se estendem aos falecidos. Um exemplo hipotético notável é o impacto visual que uma imitação digital de Richard Nixon advogando pela abolição da polícia poderia causar.
Questionada pela TechCrunch sobre a permissibilidade de criar deepfakes de pessoas mortas, a OpenAI não respondeu. Contudo, é provável que a criação de deepfakes de celebridades falecidas, como Robin Williams, se enquadre nas práticas aceitáveis da empresa, já que precedentes legais sugerem que a companhia dificilmente seria responsabilizada por difamação de indivíduos falecidos. Tal postura é vista por críticos como uma abordagem “flexível” por parte da OpenAI, o que resultou na rápida inundação do Sora com clipes de personagens com direitos autorais, como Peter Griffin e Pikachu, logo após seu lançamento. Inicialmente, o CEO Sam Altman havia afirmado que estúdios de Hollywood e agências precisariam explicitamente “optar por não participar” se não quisessem que sua propriedade intelectual fosse usada em vídeos gerados pelo Sora, mas posteriormente declarou que a empresa reverterá essa posição.

Imagem: Getty via techcrunch.com
A Associação Americana de Cinema já solicitou à OpenAI que tome medidas sobre esta questão, enfatizando em um comunicado que “a bem estabelecida lei de direitos autorais salvaguarda os direitos dos criadores e se aplica aqui”. A ascensão do Sora se apresenta como um dos desenvolvimentos mais impactantes no cenário da inteligência artificial, dado o realismo impressionante de suas produções. Embora plataformas como a xAI apresentem resultados menos sofisticados, elas por vezes oferecem menos proteções do que o Sora, tornando possível a criação de deepfakes mais ofensivos. À medida que outras empresas de tecnologia se aproximam da capacidade da OpenAI, a comunidade global corre o risco de estabelecer um precedente assustador ao tratar pessoas reais, sejam vivas ou falecidas, como meros “brinquedos” digitais.
No cerne dessa discussão, está a angústia de testemunhar os legados de indivíduos reais serem “condensados para ‘isso se parece e soa vagamente com eles, então isso é suficiente’, apenas para que outras pessoas possam produzir lixo de TikTok manipulando-os”, como bem ressaltou Zelda Williams. Essa questão ética e cultural se torna cada vez mais premente na era da inteligência artificial, desafiando a forma como interagimos com a memória e a imagem das pessoas.
Confira também: crédito imobiliário
A discussão sobre o deepfake de celebridades falecidas e os limites éticos da inteligência artificial é crucial para a evolução da tecnologia e da sociedade. A posição de Zelda Williams, reforçando que o uso indiscriminado da imagem de entes queridos, mesmo após a morte, desrespeita a memória e a dignidade humana, ecoa entre aqueles que se preocupam com os rumos da inovação. Mantenha-se atualizado sobre esses e outros tópicos importantes em nossa editoria de Celebridade.
Crédito da imagem: Sora, TechCrunch
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados