Revolut Índia Desafia Bancos Tradicionais em Câmbio e Pagamentos

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A Revolut Índia Desafia Bancos Tradicionais em Câmbio e Pagamentos, marcando um novo capítulo no cenário financeiro do país, com a fintech britânica se preparando para lançar suas operações. A empresa, sediada em Londres, identificou uma lacuna significativa nos serviços financeiros transfronteiriços na nação asiática, um setor que, segundo suas estimativas, tem sido amplamente desconsiderado pelas instituições bancárias tradicionais. Com um forte foco em otimizar as transações internacionais, a Revolut busca reformular a forma como os indianos lidam com suas finanças ao viajar ou enviar dinheiro para o exterior, mirando em um mercado de alto potencial.

De acordo com dados apurados pela Revolut, os cidadãos indianos gastam anualmente cerca de 30 bilhões de dólares em despesas no exterior. Contudo, uma parcela considerável desse montante, aproximadamente 600 milhões de dólares, é perdida em tarifas bancárias e cambiais. Paroma Chatterjee, CEO da Revolut Índia, não hesita em classificar esses encargos como “criminosos”, evidenciando a agressividade da estratégia da fintech em propor uma alternativa mais justa e eficiente para o consumidor.

Revolut Índia Desafia Bancos Tradicionais em Câmbio e Pagamentos

Chatterjee ressaltou que a gestão de câmbio e a emissão de cartões de viagem sempre foram um privilégio dos bancos na Índia, implicando taxas “assustadoras” para os usuários. A Revolut está empenhada em transformar esse panorama, oferecendo serviços mais transparentes e acessíveis. Desde 2021, a empresa tem trabalhado intensamente para estabelecer sua presença no mercado indiano, vislumbrando preencher as deficiências existentes nos setores de câmbio e pagamentos digitais no país, um desafio que exige uma compreensão aprofundada das nuances locais e das regulamentações financeiras. Este longo período de preparação sublinha a seriedade e o planejamento estratégico por trás da entrada da fintech no competitivo mercado indiano.

Para solidificar sua posição, a Revolut deu passos cruciais para obter as autorizações necessárias. Em 2022, a fintech britânica concretizou a aquisição da Arvog Forex, um movimento estratégico que lhe conferiu uma licença vital para oferecer serviços de remessas e contas multi-moeda na Índia. Este ano, em abril, a empresa garantiu mais um importante aval regulatório ao obter a licença de instrumento de pagamento pré-pago (PPI) junto ao Reserve Bank of India. Essa licença permite à Revolut emitir cartões pré-pagos, suportar carteiras digitais e, de forma crucial, integrar-se com a Plataforma Unificada de Pagamentos (UPI), uma iniciativa governamental que revolucionou os pagamentos digitais no país.

Com essas permissões regulatórias em mãos, a Revolut está agora preparada para desafiar o domínio dos bancos tradicionais indianos e competir com outros players de fintech já estabelecidos. O foco da startup britânica é um público específico: mais de 150 milhões de indianos globalmente aspirantes, com idade entre 25 e 45 anos e nativos digitais. As metas são ambiciosas, prevendo a adesão de cerca de 20 milhões de usuários até 2030 e o processamento de transações no valor de, no mínimo, 7 bilhões de dólares, demonstrando a magnitude de sua aposta no mercado indiano. A CEO Paroma Chatterjee afirmou que as aprovações regulatórias, especialmente a licença PPI, são fundamentais para que a fintech possa oferecer uma experiência de cliente verdadeiramente diferenciada, sem a dependência de parcerias bancárias tradicionais. “Podemos entregar o tipo de experiência que queremos entregar”, destacou Chatterjee, apontando para uma abordagem mais autônoma e controlada sobre a jornada do usuário.

Os serviços que a Revolut disponibilizará aos consumidores indianos incluem uma carteira pré-paga com suporte UPI, que virá com identificadores UPI personalizados da própria marca. Além disso, a plataforma oferecerá um cartão Visa doméstico e um cartão Visa multi-moeda internacional, ampliando as opções para pagamentos tanto dentro quanto fora do país. Inovando na oferta de produtos, a fintech também introduzirá contas dedicadas para crianças e adolescentes, diretamente vinculadas aos perfis dos pais. Para complementar, um modelo baseado em assinatura será lançado, junto com ferramentas avançadas de orçamento e análise que prometem fornecer insights valiosos sobre os hábitos de consumo dos usuários, promovendo uma gestão financeira mais inteligente.

É digno de nota que a startup obteve autorizações regulatórias que permitem não apenas pagamentos e transferências domésticas, mas também internacionais através de sua plataforma. Além disso, a Revolut possui a permissão para viabilizar remessas da Índia no mesmo dia, facilitadas por meio de um parceiro bancário local. Essas capacidades reforçam a proposta de valor da Revolut como um ecossistema financeiro completo e flexível, pronto para atender às diversas necessidades dos consumidores indianos.

Ao contrário de muitas fintechs indianas que frequentemente utilizam verificações mínimas de “conheça seu cliente” (KYC) para um rápido registro de usuários em transações de baixo valor, a Revolut adotará uma abordagem mais rigorosa. A empresa oferecerá exclusivamente carteiras com KYC completo, que exigirão procedimentos de verificação mais detalhados, incluindo confirmação via Aadhaar e verificação por vídeo. Além disso, cada novo usuário será escrutinado em listas globais de sanções, como as mantidas pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC) e as Nações Unidas, garantindo a conformidade com as normas internacionais. Conforme explicou Chatterjee, essa estratégia visa atrair clientes de alta intenção, dispostos a passar por um processo de onboarding mais exaustivo. Para a CEO, quem completa tal processo demonstra genuíno interesse no produto. A implementação de normativas de pagamento rigorosas pelo Reserve Bank of India reflete a importância da segurança nas transações financeiras.

Paroma Chatterjee também esclareceu que, em um país como a Índia, a mera curiosidade pode impulsionar downloads de aplicativos nas lojas. No entanto, ela enfatizou que esse não é o métrica de sucesso da Revolut. A fintech focará suas medições de sucesso na profundidade do engajamento do usuário e na rentabilidade, não apenas no volume de sua base de usuários. Segundo a CEO, globalmente, a Revolut, presente em 39 países, atende 65 milhões de clientes e tem uma avaliação de 75 bilhões de dólares, impulsionada por uma recente venda secundária de ações que elevou seu valor de 45 bilhões no último verão. Esse valuation é reflexo da movimentação de mais de 4 bilhões de dólares em transações e um faturamento de mais de um bilhão de dólares em lucro, com mais de 25 milhões de clientes ativos mensalmente.

Revolut Índia Desafia Bancos Tradicionais em Câmbio e Pagamentos - Imagem do artigo original

Imagem: techcrunch.com

A empresa já possui uma lista de espera com mais de 350.000 pessoas na Índia, as quais pretende incorporar ao sistema até o final deste ano, antes de disponibilizar o aplicativo para novos usuários. O cronograma exato de lançamento, contudo, dependerá da rapidez com que a empresa concluir o processo de aprovação da lista de espera e os clientes finalizarem suas verificações de KYC e AML (Antilavagem de Dinheiro).

No esforço para diversificar e oferecer maior escolha aos seus clientes, a startup está explorando parcerias com outras redes de pagamento além da Visa, incluindo a plataforma governamental indiana RuPay, visando expandir a cobertura e as opções disponíveis para os consumidores. A Revolut já investiu 45 milhões de dólares na Índia para iniciar suas operações e para adaptar integralmente sua infraestrutura tecnológica às rigorosas regulamentações de soberania de dados do país. Novos investimentos estão previstos à medida que as operações ganharem força, segundo declarações de Chatterjee.

Da sua força de trabalho global de 10.000 funcionários, aproximadamente 3.500 já estão baseados na Índia, o que a torna a maior equipe da Revolut em qualquer país, superando inclusive o Reino Unido, seu mercado de origem. É importante notar que muitos desses colaboradores também atuam no desenvolvimento de produtos e recursos destinados a mercados externos à Índia, destacando a capacidade técnica e a contribuição estratégica do polo indiano para as operações globais da fintech.

Apesar dos ambiciosos planos da Revolut, a empresa enfrentará um cenário competitivo significativo em sua chegada ao mercado indiano. Enquanto os bancos continuam dominando o setor de câmbio, players de fintech como Niyo, Scapia, Fi e BookMyForex já operam ativamente no mercado de remessas e transações transfronteiriças da Índia, exigindo da Revolut uma estratégia de diferenciação robusta para conquistar seu espaço e atender suas projeções.

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Em suma, a entrada da Revolut na Índia promete ser um marco na indústria de serviços financeiros do país, com a empresa apostando em um modelo de negócio que visa a eficiência, a transparência e a completa adesão regulatória para atender a um vasto contingente de consumidores digitais. Sua proposta desafia o status quo das taxas de câmbio e oferece um leque inovador de serviços, ao mesmo tempo em que investe pesadamente em operações locais e atração de talentos. Para aprofundar seu entendimento sobre as tendências do mercado e a dinâmica de fintechs globais, convidamos você a explorar mais conteúdos em nossa seção de economia.

Crédito da imagem: Jagmeet Singh


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