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A crescente crise de saúde pública em São Paulo escalou, com o governo confirmando nesta quarta-feira, 8 de outubro de 2025, a ocorrência de duas novas mortes decorrentes da ingestão de bebidas contendo metanol. Este composto químico, notoriamente utilizado em processos industriais, na fabricação de solventes e combustíveis, mas totalmente impróprio para consumo humano devido à sua alta toxicidade, elevou o total de óbitos confirmados para cinco no estado. As vítimas identificadas até o momento incluem três homens da capital paulista, com idades de 45, 46 e 54 anos, além de uma mulher de 30 anos residente em São Bernardo do Campo, e um jovem de 23 anos de Osasco. Este cenário crítico sublinha a urgência e a gravidade das investigações em curso para desvendar a origem da contaminação.
No total, o estado de São Paulo acumula 20 casos formalmente confirmados de intoxicação por essa substância letal, englobando as cinco mortes já verificadas. A extensão do problema é ainda maior, com o governo paulista acompanhando de perto outros 181 casos que ainda estão sob investigação. Dentre estes casos suspeitos, seis pessoas perderam a vida em circunstâncias que levantam forte suspeita de ligação com a intoxicação por metanol. Estes óbitos suspeitos estão distribuídos geograficamente: três na capital, São Paulo; dois no município de São Bernardo do Campo, e um na cidade de Cajuru, situada no interior do estado.
SP: Mortes por Intoxicação de Metanol Chegam a Cinco
A situação transcende as fronteiras paulistas, projetando um alerta nacional. Dados recentes revelam que o país como um todo já contabiliza 24 casos confirmados de intoxicação por metanol. Além do estado de São Paulo, outras unidades da federação, como o Paraná e o Rio Grande do Sul, também registraram a incidência da perigosa intoxicação pela substância. A amplitude geográfica dos casos sugere uma potencial rede de distribuição de bebidas contaminadas ou práticas ilegais generalizadas na cadeia de produção de bebidas alcoólicas, acentuando a necessidade de uma ação coordenada e eficiente em diversas regiões do Brasil para mitigar os riscos e proteger a população.
Força-Tarefa e Linhas de Investigação: Ações no Combate à Contaminação
A Polícia Civil de São Paulo, atuando em conjunto com outras instituições, tem focado intensamente na apuração dos fatos, com o objetivo de determinar a verdadeira causa das contaminações. Duas hipóteses principais guiam as investigações: a primeira e mais robusta sugere que o metanol foi intencionalmente adicionado para aumentar o volume de bebidas adulteradas, uma prática criminosa que visa lucro fácil. A segunda teoria, também considerada plausível, é que a substância tenha sido utilizada indevidamente na higienização de garrafas que, posteriormente, foram reaproveitadas na fabricação de produtos clandestinos. Esta investigação complexa e de alto impacto tem exigido recursos e uma equipe dedicada.
Em resposta à crescente crise, uma força-tarefa multidisciplinar foi estabelecida. Na semana anterior à confirmação das últimas mortes, esta equipe, composta por membros da Vigilância Sanitária, do Procon-SP e da Polícia Civil, executou 17 fiscalizações. As ações concentraram-se em diversos estabelecimentos comerciais, incluindo bares, adegas e distribuidoras de bebidas em várias localidades do estado. O foco destas operações era identificar possíveis pontos de venda ou produção de bebidas adulteradas. A investigação atual procura estabelecer uma conexão direta entre as bebidas que resultaram nas mortes e duas distribuidoras específicas que estão sob análise, buscando traçar o caminho da contaminação desde sua origem até os consumidores.
Pronunciamentos Oficiais e Combate ao Crime Organizado
O cenário ganhou maior clareza com o pronunciamento de Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública de São Paulo. Derrite assegurou que, até o momento, as investigações não apontam para qualquer “indício de participação” da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) nos incidentes de contaminação por metanol. Ele fundamentou sua afirmação no fato de que os indivíduos detidos no decorrer da investigação até esta quarta-feira não possuem ligações conhecidas com o PCC. Além disso, os locais onde a presença de bebidas adulteradas foi constatada eram distintos, não formando um padrão que pudesse ser associado às operações da facção. Um total de 45 prisões já foram realizadas no âmbito das apurações, marcando um esforço significativo para desmantelar a rede responsável pela produção e distribuição das bebidas contaminadas. Como parte das medidas punitivas, a Justiça concedeu autorização para a destruição imediata de 100 mil vasilhames que foram apreendidos, eliminando material que poderia ser usado para futuras falsificações.
Imagem: bbc.com
O Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também se manifestou sobre a gravidade da situação. Ele revelou que o principal fornecedor de insumos destinados à falsificação de bebidas no estado está entre os indivíduos detidos, uma prisão que representa um avanço importante nas investigações. Apesar desses progressos, a origem exata do metanol utilizado nas contaminações permanece desconhecida, constituindo um dos desafios centrais da força-tarefa. Em um tom de seriedade sobre a proteção de marcas reconhecidas, o governador comentou: “No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”, fazendo referência aos esforços de fabricantes de bebidas alcoólicas que têm se mobilizado contra a falsificação. O impacto do metanol é uma preocupação global de saúde, com graves riscos à saúde, conforme alerta a Organização Mundial da Saúde (WHO) em seus estudos sobre o tema.
Conexões e Novas Interdições na Capital Paulista
É importante destacar que a atuação do PCC em outras formas de crime já foi objeto de investigações anteriores, como a “Operação Carbono Oculto”, deflagrada no fim de agosto pela Polícia Federal, Receita Federal e órgãos como o Ministério Público de São Paulo (MPSP). Essa operação expôs o esquema em que a facção utilizava combustível adulterado com metanol, importado de forma irregular, para lavar dinheiro de atividades ilícitas. Embora esta operação não tenha relação direta com a atual crise de bebidas, ela ilustra a diversidade das atividades criminosas envolvendo o metanol. Nesta quarta-feira, as operações da força-tarefa resultaram na interdição de mais um estabelecimento na capital paulista. O bar, localizado na Zona Leste da cidade, teve seu funcionamento suspenso integralmente após a fiscalização, devido à constatação de graves irregularidades sanitárias, incluindo a presença de alimentos com data de validade expirada e, de maneira crucial, bebidas sem qualquer comprovação de origem, o que motivou a apreensão de seis garrafas de álcool para posterior averiguação da procedência. Esses resultados somam-se a um esforço coordenado para sanear o mercado e garantir a segurança dos consumidores.
Em balanço recente das operações de combate à contaminação por metanol, já são 12 estabelecimentos interditados em todo o estado de São Paulo, de um total de 23 locais fiscalizados pelas equipes da Vigilância Sanitária Estadual. Além das interdições, outras oito estabelecimentos comerciais tiveram suas inscrições estaduais suspensas cautelarmente. Este grupo inclui seis distribuidoras e dois bares, reforçando a linha de investigação de que as distribuidoras podem ter um papel crucial na disseminação das bebidas adulteradas, agindo como elos centrais na cadeia de suprimentos ilícitos.
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Os desafios relacionados à fiscalização e à segurança sanitária continuam sendo pautas urgentes em todo o estado de São Paulo diante da crise da intoxicação por metanol. Acompanhe mais notícias sobre Cidades, Economia e as ações do governo paulista para mitigar os riscos à população em nossa editoria de Cidades.
Crédito, Getty Images
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