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Racismo contra brasileira na Irlanda é um desafio enfrentado por Lays Mendes, uma cabeleireira que reside em Dublin há aproximadamente oito anos. Ela detalha uma série de ataques verbais e xenofóbicos que culminaram em uma recente agressão explícita, na qual um grupo de brasileiros foi instruído a “voltar para a África”, ecoando a dolorosa realidade de preconceito que imigrantes vivem no país europeu.
Lays Mendes, que atua como cabeleireira em um salão de beleza na capital irlandesa, testemunha essas manifestações hostis quase que semanalmente, protagonizadas sempre pela mesma mulher. Para Lays, esses atos se tornaram “corriqueiros”, mas o impacto é ainda mais profundo quando seus filhos presenciam as agressões. A repetição desses episódios ilustra um padrão de intolerância, direcionado não apenas a ela, mas a outras pessoas negras na comunidade.
Racismo Contra Brasileira em Dublin: Relato de Ataques
O incidente que veio a público, registrado em vídeo e amplamente divulgado, ocorreu em julho de 2025. Segundo Lays, a mulher estava em um estado de exaltação, o que a motivou a se aproximar para verificar se necessitava de alguma assistência. A reação foi imediata e agressiva: “Vocês são africanos, vocês pertencem à África. Vocês assassinam nossas crianças, nossa juventude, nossa vida. Vocês têm que ir embora. Nós não queremos vocês no nosso país”. As palavras, acompanhadas do comando “voltar para a África”, causaram profunda incredulidade. Lays observou que raramente o racismo é expressado de forma tão direta e violenta, o que torna a experiência ainda mais assustadora.
Além das frases carregadas de ódio, o que mais marcou a brasileira foi o “olhar de desprezo, de ódio, de raiva” da agressora. Para Lays, o continente africano simboliza “força, de poder”, e ser mandada de volta a ele com tamanho escárnio é extremamente pesado para quem vivencia o racismo diariamente. O olhar da mulher comunicava uma profunda aversão e intolerância, impactando a cabeleireira e os outros presentes.
Diante da gravidade da situação, Lays Mendes prestou queixa em uma delegacia em Dublin. Os oficiais de polícia demonstraram prontidão, oferecendo suporte psicológico e realizando contatos via e-mail e telefone em algumas ocasiões. Contudo, informaram à cabeleireira que as ações a serem tomadas eram limitadas, a menos que a agressora reiterasse sua conduta.
Essa limitação gerou uma grande incerteza em Lays, que expressa o medo e a apreensão de não saber o que esperar de uma pessoa com tanto ódio. A brasileira ressalta que indivíduos racistas podem ter atitudes extremas, desde ataques incendiários até violência física. O receio em relação à intensidade e à escalada desse ódio persistiu, deixando-a em estado de alerta e insegurança quanto ao futuro.
Medidas Governamentais Contra Crimes de Ódio na Irlanda
Procurado para comentar sobre o episódio e a política de combate a esses crimes, o Departamento de Justiça, Assuntos Internos e Imigração da Irlanda declarou que o governo irlandês está empenhado em “erradicar crimes motivados pelo ódio e a proteger comunidades vulneráveis”. Essa declaração oficial reforça a posição do Estado contra a discriminação e o preconceito em suas diversas manifestações.
No que concerne à legislação, o órgão governamental citou uma nova lei, promulgada em 2024 e já em vigor em 2025, que visa a combater o racismo e a xenofobia. Esta legislação introduz penas de prisão mais severas para crimes onde for comprovada a motivação por ódio, ou quando o ódio for claramente demonstrado com base na identidade das vítimas. Essa medida legal representa um avanço significativo na proteção de minorias e na punição de atos discriminatórios.
Complementarmente, o Departamento de Justiça mencionou o Plano Nacional de Ação Contra o Racismo na Irlanda como parte das iniciativas públicas para enfrentar casos como o de Lays Mendes. Este plano abrange uma série de ações estratégicas para combater o preconceito, promover a inclusão e educar a sociedade sobre a diversidade cultural e a igualdade. As autoridades irlandesas não conseguiram contato com a mulher que proferiu as ofensas até a publicação original da notícia.

Imagem: bbc.com
Aumento de Crimes de Ódio e a Percepção dos Imigrantes
Nos oito anos de sua estadia na Irlanda, Lays Mendes testemunhou uma deterioração no tratamento dispensado aos imigrantes, notando uma crescente onda de racismo e xenofobia. Para a brasileira, o que vivenciou não é um caso isolado, mas sim parte de um cenário mais amplo que afeta diversas outras nacionalidades. Essa percepção é alarmante e aponta para uma mudança social preocupante no país.
Os dados divulgados pela polícia irlandesa, os Gardaí, corroboram a análise da cabeleireira. Houve um crescimento superior a 50% nos registros de crimes de ódio na Irlanda nos últimos quatro anos. Em 2021, foram documentadas 389 ocorrências do tipo, número que saltou para 592 em 2024. As principais motivações por trás dessa discriminação no último ano foram identificadas como raça e nacionalidade, destacando a vulnerabilidade de imigrantes a esses ataques. Informações detalhadas sobre a legislação e o combate a crimes de ódio na Irlanda podem ser consultadas em fontes oficiais como o Departamento de Justiça da Irlanda.
Rafael Santos, um brasileiro que vive na Irlanda desde 2019 e integra diversos movimentos negros locais, incluindo a comunidade Black and Irish, também percebe essa mudança. Ele enfatiza que “o racismo é real”, manifestando-se tanto em pequenas atitudes do cotidiano — como olhares, comentários ou exclusão — quanto em incidentes graves como o que Lays enfrentou. Santos afirma que esses episódios não são meramente isolados, mas parte de um “padrão” que vem sendo mapeado e compreendido pelas comunidades engajadas.
Solidariedade e Resiliência Diante do Ódio
Apesar da dor e da experiência traumática, Lays Mendes fez questão de destacar a onda de solidariedade e carinho que recebeu após a divulgação do episódio de racismo. O suporte veio não só da numerosa comunidade brasileira residente na Irlanda, mas também de muitos irlandeses. Esse apoio foi um “sentimento de muito amor, de proteção”, que contrastou com o ódio manifestado, suavizando a adversidade. Ela relata emocionada que pessoas enviaram flores e foram até o salão para expressar que a atitude da agressora não as representa.
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A experiência de Lays Mendes em Dublin, embora dolorosa, sublinha a resiliência dos imigrantes e a importância do apoio comunitário na luta contra o preconceito. Aumento dos crimes de ódio na Irlanda é um alerta, reforçando a necessidade de discussões contínuas sobre diversidade, xenofobia e inclusão em sociedades cada vez mais multiculturais. Para se aprofundar em temas relevantes sobre análises sociais e questões migratórias, continue acompanhando nossa editoria de Análises.
Crédito: Arquivo pessoal, Getty Images
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