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Afastamento da presidente Dina Boluarte no Peru foi aprovado na madrugada desta sexta-feira (10/10) pelo Congresso da República, marcando mais um capítulo na volátil cena política do país sul-americano. A decisão ocorreu após um processo de votação que culminou com a destituição da chefe de Estado por unanimidade, em um cenário de crescente violência e criminalidade que tem abalado a nação. A presidente havia sido convocada para apresentar sua defesa diante dos parlamentares, mas optou por não comparecer, classificando o processo como inconstitucional.
A advogada de Boluarte, Juan Carlos Portugal, declarou que o procedimento constituía “uma violação de qualquer processo” e que não o validariam. Apesar da ausência da mandatária por mais de 20 minutos após o prazo estabelecido, os legisladores prosseguiram com a votação, argumentando que, após extensos debates ao longo do dia, não haveria mais pontos a discutir. O veredito final registrou 118 votos favoráveis à destituição, sem nenhum voto contrário ou abstenção, consolidando o impeachment.
Dina Boluarte Afastada: Peru Vive Crise e Transição Presidencial
Este movimento drástico do parlamento ocorre enquanto o Peru enfrenta uma severa onda de criminalidade, impulsionada por gangues de extorsão. Recentemente, um atentado contra uma popular banda de cúmbia durante um show se tornou o epicentro das discussões sobre a fragilidade da segurança pública, colocando ainda mais pressão sobre o governo Boluarte e acirrando as cobranças por ações efetivas. Este clima de insegurança e instabilidade tem dominado o debate público e a pauta política.
O Agravamento da Crise: Violência e Atentado à Banda Agua Marina
As moções para a destituição da então presidente Dina Boluarte foram protocoladas em meio a essa profunda crise de segurança. A bancada do Renovação Popular, liderada pelo prefeito de Lima, Rafael López Aliaga, iniciou o processo na quinta-feira (09/10), fundamentando o pedido em “incapacidade moral permanente” da chefe de Estado. O estopim para a agudização da crise ocorreu um dia antes, com o ataque à banda de cumbia Agua Marina em um recinto militar no distrito de Chorrillos, na capital peruana, Lima.
Na fatídica noite de quarta-feira (08/10), enquanto o grupo Agua Marina se apresentava no Círculo Militar de Chorrillos, uma saraivada de tiros interrompeu abruptamente o show. Testemunhas descreveram que, a princípio, o público confundiu o som dos disparos com um curto-circuito, gerando momentos de pânico e confusão. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram músicos feridos sendo socorridos no palco, enquanto a banda e a plateia tentavam deixar o local em meio ao caos.
As primeiras investigações da Polícia Nacional do Peru, sob o comando do general Felipe Monroy, indicam que o atentado foi perpetrado por dois indivíduos em uma motocicleta, que efetuaram disparos em movimento do lado de fora do local do evento. Foram recolhidas 27 cápsulas, aparentemente de pistola 9 mm Parabellum. Felizmente, César More e Wilson Ruiz, integrantes da banda feridos no ataque (com balas no tórax e na perna), foram internados no Hospital Nacional Guillermo Almenara e encontram-se em condição estável, sem risco de morte. Um terceiro ferido, um homem de 50 anos, foi atendido no Hospital de Emergências Casimiro Ulloa com um ferimento leve e já recebeu alta. As autoridades reforçaram a segurança das famílias dos músicos e ativaram uma operação especial em Lima, conhecida como Plano Cerco, para localizar os responsáveis pelo crime. Embora os motivos exatos ainda estejam sob investigação, a polícia trabalha com a hipótese de extorsão por parte de grupos criminosos, prática cada vez mais comum no Peru.
A Sucessão Presidencial: José Jerí Assume
Com a destituição de Boluarte, José Jerí, até então chefe do Congresso, assumiu o cargo de presidente da República por sucessão constitucional. Jerí vestiu a faixa presidencial e, em seu primeiro discurso, prometeu liderar um “governo de reconciliação”, declarando “guerra ao crime” e identificando as “quadrilhas nas ruas” como inimigos do Estado. Ele deverá permanecer no comando do país até as próximas eleições gerais, previstas para abril de 2026, com a posse do novo mandatário marcada para 28 de julho do mesmo ano.

Imagem: bbc.com
Histórico de Instabilidade Política no Peru
A queda de Dina Boluarte soma-se a uma longa lista de crises políticas que o Peru tem enfrentado nos últimos anos. Desde 2018, o país já viu seis presidentes deixarem o cargo, seja por afastamento ou renúncia. Este histórico de instabilidade é complexo, refletindo desafios institucionais profundos. Três ex-mandatários, inclusive, cumprem pena por corrupção ou abuso de poder. Para um contexto mais aprofundado sobre os desafios democráticos no Peru, pode-se consultar análises sobre a democracia peruana.
Dina Boluarte havia chegado à presidência em 7 de dezembro de 2022, após a destituição e prisão de Pedro Castillo, acusado de tentativa de golpe de Estado. As propostas de vacância contra Boluarte, todas baseadas em “incapacidade moral permanente”, foram anteriormente rejeitadas devido ao apoio de partidos conservadores e parte da esquerda. No entanto, desta vez, o afastamento da presidente obteve amplo apoio de forças políticas influentes, incluindo o Força Popular de Keiko Fujimori e o Renovação Popular de López Aliaga, ambos cotados como potenciais candidatos para as eleições de 2026 e com liderança nas pesquisas de intenção de voto. A deputada conservadora Norma Yarrow resumiu o sentimento de muitos ao afirmar, durante o debate, que a presidente vivia em uma “fantasia” enquanto a extorsão e a criminalidade se intensificavam, e que ela merecia ser “destituída” e “punida”.
O Impacto do Ataque e as Próximas Etapas
As pesquisas de opinião têm consistentemente demonstrado que a segurança pública e a criminalidade são as principais preocupações dos cidadãos peruanos, e a extorsão a empresas e negócios tem se tornado um tema central nas conversas cotidianas. Embora a investigação sobre o ataque à banda Agua Marina ainda esteja em andamento para confirmar todos os motivos, os indícios apontam fortemente para a atuação de gangues criminosas de extorsão que proliferaram no país nos últimos anos.
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A destituição de Dina Boluarte e a ascensão de José Jerí ao poder prometem intensificar o combate ao crime, um compromisso assumido pelo novo chefe de Estado. No entanto, a trajetória política recente do Peru indica que a estabilidade será um desafio constante. Para acompanhar os desdobramentos dessa transição e outros temas políticos relevantes, convidamos você a continuar navegando em nossa editoria de Política.
Crédito: AFP via Getty Images, Reuters, Radio Agua Marina
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