📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
TÍTULO: Cessar-Fogo em Gaza: Trump Alcança Acordo Após Esforços
SLUG: cessar-fogo-gaza-trump-alcanca-acordo
META DESCRIÇÃO: Descubra como Donald Trump negociou um histórico cessar-fogo em Gaza, superando desafios diplomáticos e o que não foi possível para a gestão Biden.
A recente formalização de um cessar-fogo em Gaza, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump na quarta-feira, 8 de outubro, representa um marco significativo em um conflito persistente que se estende por quase dois anos. Este avanço diplomático culmina em um período de intensa turbulência e contraria as expectativas que surgiram após um ataque aéreo israelense na sede da equipe de negociação do Hamas no Catar, em 9 de setembro deste ano. Embora essa ofensiva inicial tivesse o potencial de desestabilizar as já frágeis conversações de paz e aumentar as tensões regionais, surpreendentemente, abriu o caminho para a resolução atual, com a prometida libertação dos reféns israelenses remanescentes.
A conquista deste acordo, um objetivo perseguido tanto por Trump quanto por seu antecessor, Joe Biden, durante suas respectivas gestões, agora se configura como um potencial legado da administração Trump. Ainda que os detalhes sobre a desmobilização do Hamas, a futura governança de Gaza e a completa retirada das forças israelenses da região ainda demandem complexas negociações, o cessar-fogo temporário já estabelece as bases para uma paz duradoura. Este êxito ressalta a complexidade e a delicadeza da diplomacia regional.
Cessar-Fogo em Gaza: Trump Alcança Acordo Após Esforços
Este acordo notável no conflito entre Israel e Hamas levanta questionamentos sobre os fatores que permitiram a Donald Trump alcançar um feito onde Joe Biden não teve o mesmo sucesso. Analistas apontam que a abordagem singular de Trump na política externa e suas conexões estratégicas com líderes de Israel e do mundo árabe foram decisivas para o avanço das negociações, resultando em um pacto que agora se tornou a característica mais proeminente de seu segundo mandato.
Conexões Decisivas: A Relação entre Trump e Netanyahu
A relação entre o ex-presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, sempre foi marcada por demonstrações públicas de cordialidade e alianças estratégicas. Ambos os líderes frequentemente enfatizaram sua forte parceria, com Trump declarando Israel como o melhor amigo dos Estados Unidos e Netanyahu descrevendo Trump como o “maior aliado de Israel na Casa Branca”. Esta retórica favorável foi traduzida em ações concretas durante o primeiro mandato de Trump, como a decisão de transferir a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém e o abandono da tradicional posição americana de considerar os assentamentos israelenses na Cisjordânia palestina como ilegais, apesar de sua ilegalidade ser fundamentada no direito internacional.
O apoio de Trump a Israel também se manifestou em operações militares significativas. Em junho, quando Israel realizou ataques aéreos contra o Irã, Trump autorizou bombardeiros americanos a atingir instalações de enriquecimento nuclear iranianas com as mais potentes bombas convencionais dos EUA. Tais gestos de apoio, embora públicos, concederam a Trump uma margem de manobra substancial para aplicar pressão nos bastidores. Relatos indicam que o negociador de Trump, Steve Witkoff, em meados de 2024, instou Netanyahu a aceitar um cessar-fogo provisório em troca da libertação de parte dos reféns.
Adicionalmente, quando Israel conduziu ataques contra forças sírias em julho, resultando no bombardeio de uma igreja cristã, Trump exerceu forte pressão para que Netanyahu reavaliasse sua estratégia. Aaron David Miller, do Carnegie Endowment for International Peace, destacou a pressão incomum exercida por Trump. Segundo Miller, não há precedente de um presidente americano literalmente ditando a um primeiro-ministro israelense a necessidade de acatar uma condição sob risco de enfrentar consequências diretas. A abordagem de Biden, por sua vez, foi descrita como um “abraço de urso” – um suporte público a Israel com o objetivo de influenciar moderadamente sua conduta de guerra em privado, estratégia essa influenciada por um histórico de meio século de apoio a Israel e por divisões internas na coalizão do Partido Democrata, que limitavam a margem de manobra de Biden frente a seu eleitorado, ao contrário da base republicana consolidada de Trump. Em última análise, a janela para a paz simplesmente não se abriu durante o governo Biden.
Estratégia no Golfo: Apoio Árabe Fundamental para o Acordo
Um ponto de inflexão decisivo para o acordo foi o ataque de mísseis israelenses em Doha, no Catar, que matou um cidadão catari, mas não atingiu membros do Hamas. Este incidente levou Donald Trump a emitir um ultimato direto a Benjamin Netanyahu, exigindo o encerramento das hostilidades. Trump, que havia concedido a Israel uma relativa liberdade de ação em Gaza e o apoio militar americano em ataques ao Irã, considerou o ataque em solo catari uma violação grave, alinhando-se à posição árabe que clamava pelo fim do conflito. Fontes ligadas a Trump confirmaram à CBS, emissora parceira da BBC nos EUA, que este episódio foi crucial para que Trump aplicasse a máxima pressão visando à conclusão do acordo de paz.
A profícua relação de Trump com as nações do Golfo, solidificada por seus laços empresariais com o Catar e os Emirados Árabes Unidos e visitas de Estado à Arábia Saudita no início de ambos os seus mandatos presidenciais, foi fundamental. Neste ano, sua passagem por Doha e Abu Dhabi antecedeu importantes desenvolvimentos. Em 2020, durante seu primeiro mandato, os Acordos de Abraão normalizaram as relações entre Israel e várias nações muçulmanas, incluindo os Emirados Árabes Unidos, consagrando-se como a principal conquista diplomática daquela gestão.
De acordo com Ed Husain, do influente think tank americano Council on Foreign Relations (CFR), a viagem de Trump ao Oriente Médio no início do ano, onde ele não visitou Israel mas esteve nos Emirados, na Arábia Saudita e no Catar, foi essencial para reorientar sua perspectiva sobre o conflito. Nessas visitas, ele ouviu múltiplos apelos para o fim da guerra. Menos de um mês após o ataque em Doha, Netanyahu pediu desculpas pessoalmente ao Catar e, posteriormente, aprovou o plano de paz de 20 pontos de Trump para Gaza, que já contava com o endosso de importantes países muçulmanos da região. Se a relação com Netanyahu ofereceu a Trump a influência necessária para pressionar Israel, sua reputação junto aos líderes muçulmanos assegurou o apoio e incentivou o Hamas a aceitar os termos do mesmo acordo. Jon Alterman, do Center for Strategic and International Studies (CSIS), sublinha que “o presidente Trump desenvolveu influência sobre os israelenses e, indiretamente, sobre o Hamas”, o que “fez diferença” ao permitir-lhe agir independentemente dos desejos dos combatentes. A alta popularidade de Trump em Israel, superando até mesmo a de Netanyahu, também funcionou como uma vantagem estratégica, segundo Alterman.
A Pressão Europeia e o Cenário Internacional
A crescente condenação internacional às operações de Israel em Gaza, face à escala da devastação e à severa crise humanitária para os palestinos, também moldou o pensamento de Donald Trump. O governo de Benjamin Netanyahu, nos últimos meses, viu-se cada vez mais isolado na esfera global. Quando Israel intensificou seu controle militar sobre o fornecimento de alimentos aos palestinos e anunciou planos para um ataque maciço em Gaza, várias nações europeias, com a França de Emmanuel Macron na liderança, sinalizaram um distanciamento da posição de apoio incondicional a Israel historicamente defendida por Washington.

Imagem: bbc.com
Esta mudança gerou uma cisão histórica entre os aliados americanos e europeus quanto aos princípios-chave da diplomacia e o futuro do conflito israelo-palestino. A administração Trump inicialmente criticou a França e, subsequentemente, o Reino Unido, quando ambos anunciaram o reconhecimento de um Estado palestino. O objetivo subjacente era preservar a viabilidade de uma solução de dois Estados e mitigar as influências extremistas de ambos os lados, reativando um caminho diplomático para um futuro partilhado. Macron foi instrumental ao obter o apoio da Arábia Saudita para seu plano de paz. Ao final, Trump se viu diante de uma aliança euro-árabe, contrastando com as visões dos nacionalistas israelenses e da extrema-direita em relação ao futuro de Gaza. Sua escolha recaiu sobre os aliados do Golfo.
Concomitantemente, um plano de paz franco-saudita levou os países árabes a uma inédita condenação dos ataques do Hamas, exigindo que o grupo cessasse seu governo em Gaza e entregasse suas armas à Autoridade Palestina, em antecipação a um Estado palestino independente. Essa foi uma vitória diplomática para os europeus e árabes. O plano de 20 pontos de Trump incorporou elementos cruciais da proposta franco-saudita, incluindo uma referência, embora vaga e condicional, a um eventual Estado palestino. Ao pressionar Turquia, Catar e Egito para que, por sua vez, mantivessem a pressão sobre o Hamas, Trump encurralou Netanyahu, aplicando uma pressão sem precedentes para que o conflito fosse encerrado, deixando claro que ninguém poderia negar suas diretrizes.
O Estilo Inconvencional de Trump na Diplomacia
O estilo político e diplomático de Donald Trump, marcado por sua singularidade, frequentemente surpreende ao iniciar com posturas que beiram a arrogância ou o exagero, mas que, de forma inesperada, evoluem para soluções mais tradicionais. Durante seu primeiro mandato, por exemplo, suas provocações a Kim Jong-un, classificando-o de “pequeno foguete” e proferindo alertas de “fogo e fúria”, pareceram levar os Estados Unidos à iminência de um conflito com a Coreia do Norte; contudo, culminaram em negociações diretas. De modo similar, Trump inaugurou seu segundo mandato com uma provocação controversa: a sugestão de que os palestinos deveriam ser relocados de Gaza, com a região sendo transformada em um resort internacional à beira-mar, ideia que gerou indignação entre líderes muçulmanos e horror entre diplomatas experientes do Oriente Médio.
Contrariando essas expectativas iniciais, o plano de paz de 20 pontos apresentado por Trump para Gaza, em sua essência, não divergiu substancialmente dos tipos de acordos que teriam sido buscados por uma administração Biden e que tradicionalmente contavam com o apoio de aliados americanos. Não se tratava, em suma, de um projeto para uma “Riviera de Gaza”. Trump trilhou um caminho diplomático pouco convencional para alcançar um desfecho que, em si, era bastante convencional. Embora sua abordagem possa ser descrita como confusa e alheia aos ensinamentos de diplomacia das prestigiadas universidades da Ivy League, mostrou-se eficaz para o momento e contexto específicos. Paralelamente aos desdobramentos em Gaza, em 10 de outubro, o Comitê Nobel concedeu o Prêmio da Paz à opositora venezuelana María Corina Machado, reiterando que, embora a possibilidade de Trump ser o agraciado tivesse se tornado menos remota nas últimas semanas, ela permanecia improvável.
Após a mediação bem-sucedida, Israel se comprometeu a liberar mais de mil palestinos detidos e a iniciar uma retirada parcial de Gaza. Em contrapartida, o Hamas deverá liberar todos os reféns restantes, tanto vivos quanto os que foram mortos, capturados durante o ataque inicial de 7 de outubro, que vitimou mais de 1.200 israelenses. Estes avanços tornam concebível o encerramento da guerra que deixou Gaza devastada e causou a morte de mais de 67.000 palestinos, representando um alívio urgente para a população da região.
Confira também: crédito imobiliário
Em suma, o cessar-fogo em Gaza intermediado por Donald Trump destaca a importância de uma diplomacia adaptável e o impacto de relações políticas e comerciais no cenário global. A complexidade do conflito Israel-Hamas exige abordagens multifacetadas, e este acordo é um lembrete das possibilidades, mesmo em contextos desafiadores. Para continuar acompanhando as últimas notícias e análises sobre política internacional e seus desdobramentos, explore nossa editoria de Política.
Créditos da imagem: Getty Images, Reuters.
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados