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O NSO Group, a empresa israelense notória pela fabricação de spyware, confirmou oficialmente a venda de uma participação controladora a um grupo de investimentos sediado nos Estados Unidos. A aquisição, cujo valor não foi publicamente detalhado, marca uma mudança significativa na estrutura de propriedade da controversa companhia de tecnologia de vigilância.
A confirmação veio do porta-voz do NSO, Oded Hershowitz, em declaração à TechCrunch na sexta-feira, dia da notícia. Hershowitz detalhou que o grupo americano injetou dezenas de milhões de dólares na empresa para assumir a titularidade de controle. Este anúncio seguiu reportagens do site israelense Calcalist, que também na sexta-feira informava sobre um acordo em fase avançada para a compra da fabricante de spyware por um consórcio liderado pelo produtor de Hollywood, Robert Simonds, com uma transação avaliada em dezenas de milhões de dólares.
NSO Group é Adquirida por Grupo de Investidores dos EUA
Apesar da concretização do negócio, Oded Hershowitz optou por não divulgar o montante exato do investimento ou a identidade específica dos investidores. O porta-voz ressaltou, contudo, que esta aquisição não altera o controle regulatório ou operacional israelense sobre o NSO Group. A sede da companhia e suas operações essenciais continuarão localizadas em Israel, mantendo-se sob a total supervisão e regulamentação das autoridades israelenses competentes, incluindo o Ministério da Defesa e a estrutura regulatória nacional.
É importante destacar que, antes do acordo recente, houve uma tentativa de aquisição em 2023. Naquela época, conforme noticiado pelo The Guardian, Robert Simonds e um de seus parceiros, através de sua empresa de investimentos, estavam analisando uma proposta para obter o controle do NSO, mas aquela negociação específica não foi adiante.
Como parte dos termos do novo acordo com Simonds, a Calcalist reportou que a participação de Omri Lavie, co-fundador e presidente executivo do NSO Group, na empresa de spyware seria encerrada. Contactado pela TechCrunch para comentar sobre o desfecho de sua atuação, Lavie não se manifestou imediatamente. Similarmente, Robert Simonds e sua produtora de Hollywood, STX Entertainment, não responderam aos pedidos de comentários.
A trajetória do NSO Group tem sido constantemente acompanhada por uma série de controvérsias desde a sua fundação. Por anos, diversas entidades dedicadas à defesa dos direitos digitais, como pesquisadores do Citizen Lab da Universidade de Toronto e da Anistia Internacional, têm compilado evidências de inúmeros casos onde clientes governamentais do NSO utilizaram o spyware da empresa para atacar e invadir dispositivos de jornalistas, dissidentes e defensores dos direitos humanos. Entre os países onde esses incidentes foram documentados estão Hungria, Índia, México, Marrocos, Polônia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Historicamente, o NSO Group alegava que seu spyware era desenvolvido para não mirar números de telefone nos EUA, uma estratégia que provavelmente visava preservar suas oportunidades de ingressar no mercado americano. Contudo, em 2021, a empresa foi surpreendida tendo como alvo cerca de uma dezena de oficiais do governo americano que se encontravam no exterior.

Imagem: techcrunch.com
Logo após este incidente, o Departamento de Comércio dos EUA tomou uma medida drástica ao proibir companhias americanas de negociar com o NSO Group, inserindo a fabricante de spyware na chamada “Lista de Entidades” do país. Desde então, o NSO tem se esforçado para ser removido dessa lista de bloqueio do governo dos EUA. A mais recente tentativa de lobby, realizada em maio de 2025, contou com a ajuda de uma empresa de relações públicas ligada à antiga administração Trump.
John Scott-Railton, pesquisador sênior do Citizen Lab, que por uma década auxiliou em investigações sobre abusos de spyware do NSO, expressou grande preocupação com a recente aquisição. Ele questionou a capacidade de um indivíduo de supervisionar adequadamente uma empresa como o NSO Group, dado seu histórico de agir contra os interesses americanos e apoiar a hacking de funcionários dos EUA. Scott-Railton enfatizou seu receio real de que o NSO continue tentando vigorosamente penetrar nos Estados Unidos e vender seus produtos a forças policiais em cidades americanas, alertando que tal tecnologia não deveria ter qualquer proximidade com cidadãos americanos, seus direitos e liberdades constitucionalmente protegidos.
Esta não é a primeira vez que a propriedade do NSO Group muda de mãos. Originalmente fundada por Niv Karmi, Shalev Hulio e Omri Lavie, a empresa foi adquirida pelo fundo de private equity americano Francisco Partners em 2014. Em 2019, Lavie e Hulio retomaram o controle da companhia com o apoio da empresa europeia Novalpina. Em 2021, o Berkeley Research Group, sediado na Califórnia, assumiu a gestão do fundo. Mais recentemente, em 2023, Omri Lavie reassumiu o controle do NSO como proprietário majoritário, configurando um histórico de diversas trocas de controle acionário até a presente venda para investidores dos EUA.
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A aquisição do NSO Group por investidores dos EUA abre um novo capítulo para a empresa israelense, com desdobramentos importantes tanto no cenário de tecnologia de vigilância quanto nas relações internacionais. As controvérsias em torno de seus produtos continuam sendo um ponto central de debate e observação. Para ficar atualizado sobre as últimas notícias e análises sobre o cenário geopolítico da cibersegurança e outras questões cruciais, continue acompanhando a nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Divulgação
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