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TÍTULO: Trump ameaça tarifas de 100% à China por terras raras
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META DESCRIÇÃO: Donald Trump anuncia imposição de tarifas de 100% sobre a China por controle de exportação de terras raras, abalando mercados financeiros. Entenda o impacto.
Nesta sexta-feira, 10 de outubro, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou as tensões comerciais ao ameaçar impor tarifas de 100% sobre uma série de produtos importados da China. A medida, anunciada por meio de suas redes sociais, surge como resposta às recentes ações de Pequim que visam controlar a exportação de terras raras e outros materiais cruciais para a indústria tecnológica e de defesa. O tom agressivo do republicano reflete a percepção de que as ações chinesas representam uma postura “extraordinariamente agressiva”.
A retaliação proposta por Trump, conforme comunicado, está agendada para entrar em vigor em 1º de novembro. Em suas declarações, o ex-mandatário expressou incredulidade diante das ações da China, as quais descreveu como uma manobra estratégica surpreendente. A decisão chinesa de restringir o comércio de componentes vitais, onde o país detém uma supremacia global, provocou uma reação imediata no cenário internacional e nos mercados.
Trump ameaça tarifas de 100% à China por terras raras
Além da ameaça às disputas comerciais sobre terras raras, Donald Trump também indicou planos para um aumento rigoroso no controle de exportação de “softwares críticos”, intensificando a pressão sobre o setor de tecnologia. Ele chegou a cogitar o cancelamento de um encontro com seu homólogo chinês, Xi Jinping, afirmando publicamente que não vislumbra “qualquer motivo” para a realização de tal reunião. Essas declarações reverberam em um ambiente geopolítico já marcado por fragilidades diplomáticas e comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Os mercados financeiros reagiram negativamente aos comentários do ex-presidente norte-americano. O índice S&P 500, um dos principais indicadores da bolsa de valores de Nova York, registrou uma queda de 2,7%, a maior baixa observada desde o mês de abril, refletindo a instabilidade e a incerteza que novas escaladas na guerra comercial podem gerar entre investidores. A fragilidade das negociações comerciais e a possibilidade de novas sanções afetam diretamente a confiança do mercado global.
A China exerce uma influência dominante na produção global de terras raras, minerais essenciais para a fabricação de uma vasta gama de produtos modernos, incluindo carros elétricos, smartphones e muitos outros dispositivos de alta tecnologia. Sua primazia no setor de componentes é estratégica e confere a Pequim uma alavanca significativa em negociações e disputas internacionais. Este controle da oferta de metais estratégicos, cruciais para a inovação e o setor industrial global, coloca em destaque a dependência de outras nações.
Pequim já havia reforçado os controles de exportação de materiais críticos em ocasiões anteriores, especialmente após as elevações tarifárias impostas por Trump no início deste ano. Tais medidas levaram a reclamações de inúmeras empresas americanas que dependem desses materiais para suas operações. A montadora Ford, por exemplo, chegou a ser forçada a suspender temporariamente sua linha de produção em função da escassez ou do encarecimento desses componentes.
Adicionalmente, às novas restrições nas exportações de terras raras, a China iniciou uma investigação antimonopólio contra a empresa de tecnologia americana Qualcomm. Esse inquérito levanta preocupações de que a China possa frustrar a aquisição de outra fabricante de chips, afetando diretamente a expansão e competitividade da Qualcomm no mercado global. Embora a sede da Qualcomm esteja localizada nos EUA, uma parcela considerável de seus negócios opera no território chinês.
Em um movimento para acirrar as tensões, o governo chinês também anunciou a imposição de novas taxas portuárias. Estas tarifas afetarão embarcações que possuem quaisquer vínculos com os EUA, abrangendo desde as que são propriedade de empresas americanas até as que são operadas por elas. A decisão foi descrita por Trump como um sinal de que a China está agindo de forma “muito hostil”.
“Coisas muito estranhas estão acontecendo na China!”, escreveu o ex-presidente Trump nesta sexta-feira em suas plataformas digitais, reiterando seu descontentamento com as movimentações econômicas de Pequim. As tensões geopolíticas entre Washington e Pequim, portanto, demonstram uma escalada em meio à “frágil trégua comercial” estabelecida em maio, quando ambos os países concordaram em reduzir as tarifas de três dígitos que, em dado momento, quase paralisaram o intercâmbio comercial bilateral.
Desde então, as tarifas americanas sobre produtos chineses totalizaram um acréscimo de 30% em comparação ao início do ano, enquanto os produtos dos EUA que adentram o mercado chinês enfrentam uma taxa alfandegária de 10%. Nesse ínterim, representantes de ambos os países participaram de uma série de negociações sobre diversos temas, incluindo plataformas digitais como TikTok, aquisições agrícolas e o sensível comércio de tecnologia avançada, como os semicondutores. Um novo encontro está previsto para este mês em uma cúpula na Coreia do Sul.

Imagem: bbc.com
Análise Especializada sobre o Conflito Comercial
Para Jonathan Czin, membro da Brookings Institution, um respeitado centro de pesquisas, as recentes manobras de Xi Jinping configuram uma tentativa estratégica de influenciar as próximas rodadas de negociação entre as potências. O especialista salienta que a decisão relativa às terras raras não entra em vigor de maneira imediata, sugerindo uma manobra calculada por parte de Pequim. Czin argumenta que a China não manifesta grande preocupação com eventuais retaliações por parte dos Estados Unidos.
Em sua análise, Jonathan Czin sugere que Pequim aprendeu com as tarifas impostas pelo “Dia da Libertação” (termo utilizado por Trump para anunciar tarifas contra vários países) e com o ciclo de escalada e desescalada que se seguiu. A percepção chinesa, segundo Czin, é de que “o lado chinês tinha uma tolerância maior à dor”, levando à avaliação de que “o governo Trump vacilou” em momentos críticos. Esta perspectiva demonstra a confiança da China em sua capacidade de suportar pressões econômicas.
Nas negociações precedentes, a China reiteradamente pressionou por uma maior flexibilização das restrições americanas sobre os semicondutores, setor de crucial importância para sua indústria tecnológica. Além disso, Pequim expressou forte interesse em garantir políticas tarifárias mais estáveis, o que facilitaria a venda de suas empresas no mercado americano, assegurando maior previsibilidade e segurança jurídica para seus negócios. Tais pontos continuam no cerne das discussões bilaterais.
A vantagem da China no domínio da produção de terras raras já foi utilizada anteriormente por Xi Jinping como uma poderosa ferramenta de barganha. No entanto, as regras de exportação divulgadas por Pequim esta semana apresentam um agravante particular: seu alvo principal são fabricantes estrangeiros atuantes no setor de defesa, conforme aponta Gracelin Baskaran, diretora do programa de segurança de minerais críticos do Center for Strategic and International Studies, sediado em Washington. Esta medida sinaliza um nível de seriedade inédito.
De acordo com Baskaran, “nada impulsiona os Estados Unidos mais do que mirar nossa indústria de defesa”. Ela argumenta que Washington terá poucas alternativas a não ser negociar, pois suas “opções [são] limitadas”. A especialista enfatiza que, em uma era de crescentes tensões geopolíticas e potencial para conflitos, é imperativo que os EUA “construam sua base industrial de defesa”, reforçando a vulnerabilidade americana neste cenário.
Embora um encontro direto entre Donald Trump e Xi Jinping pareça improvável no contexto atual, Gracelin Baskaran avalia que a possibilidade de uma reunião não pode ser totalmente descartada. Para a analista, ainda há um espaço temporal e diplomatico para novas negociações, visto que as novas regras de exportação da China somente entrarão em vigor no mês de dezembro. “As negociações são provavelmente iminentes”, afirma a diretora. “Quem as realizará e onde ocorrerão será algo determinado com o tempo”, conclui, sublinhando a natureza dinâmica do conflito comercial.
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O cenário das relações comerciais entre EUA e China permanece tenso e dinâmico, com a imposição de tarifas e a gestão de materiais estratégicos como terras raras definindo o curso da diplomacia e da economia global. Para acompanhar mais notícias sobre como essas decisões afetam a geopolítica e os mercados mundiais, continue lendo nossa editoria de Economia.
Crédito, Bloomberg via Getty Images
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