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O aguardado título Dreams of Another, uma produção do estúdio Q-Games, emerge no cenário dos jogos eletrônicos como uma experiência verdadeiramente singular e enigmática. Mais do que um simples passatempo digital, este game convida os jogadores a mergulharem em um universo que se assemelha a um devaneio febril, onde a lógica linear cede lugar à imprevisibilidade dos sonhos. Sua estrutura fragmentada, paisagens etéreas e eventos surreais conferem-lhe uma atmosfera distinta, fazendo com que cada sessão seja uma jornada memorável, ainda que por vezes desconcertante.
A essência de “Dreams of Another” reside na sua habilidade de capturar a instabilidade e o surrealismo inerentes aos estados oníricos. Desenvolvido pela renomada Q-Games, conhecida pela série PixelJunk, o jogo transporta os participantes para uma realidade onde cenas se encerram abruptamente e narrativas podem ser retomadas de maneira inesperada em momentos futuros. Personagens como anjos que falam e peixes com anseios oceânicos pontuam essa tapeçaria de eventos inusitados, reforçando a natureza intrincada e poética da obra.
Dreams of Another: Uma Jornada Onírica no Universo dos Games
Em Dreams of Another, os jogadores assumem o papel de um protagonista peculiar, identificado apenas como “O Homem de Pijama”. Armado com uma ferramenta singular concedida por uma figura conhecida como “O Soldado Errante”, a arma que o acompanha tem uma função inusitada: em vez de destruir, ela cria. Este elemento central subverte as convenções dos jogos de ação, onde o armamento tradicionalmente visa aniquilar, transformando a interação com o ambiente em um ato de edificação e transformação.
Embora a Q-Games descreva Dreams of Another como um jogo de exploração e ação em terceira pessoa, a sua estrutura se manifesta mais como uma série de vinhetas artísticas e desconexas. Ao ser imerso abruptamente em um cenário, frequentemente sem preâmbulos, o jogador se depara com partes da paisagem que surgem desconstruídas, revelando-se em uma miríade de peças diminutas e coloridas. Através do disparo com sua arma criadora, essas peças se solidificam, materializando-se em objetos diversos, como bancos, árvores, edificações, pessoas ou até mesmo naufrágios. Mesmo após a solidificação, a percepção de fragilidade persiste, com os objetos do mundo mantendo a aparência de elementos conectados frouxamente, como se a qualquer instante pudessem se fragmentar novamente. Eventualmente, alguns deles realmente se desintegram.
A mecânica de criação vai além da mera materialização de objetos estáticos. Ao interagir com as peças que compõem o ambiente, novos personagens surgem e com eles, diálogos instigantes. Entre esses encontros, destaca-se o Soldado Errante, um palhaço que constrói uma imponente escultura de anéis a partir de alianças de divórcios, e até mesmo objetos aparentemente inanimados, como um banco, que demonstra uma curiosidade existencial sobre a natureza da consciência. A peculiaridade se estende à comunicação: os personagens se expressam de maneira titubeante e irreal, proferindo frases estranhas, como a de uma senhora idosa que, ao tirar uma foto do marido, afirma que ela seria um belo retrato fúnebre para ele. Cada vinheta se desenrola por alguns minutos antes que o cenário se desfaça em um desvanecimento branco, transportando o jogador para um novo local ou de volta ao menu principal, onde o Homem de Pijama repousa em sua cama.
Imagem: Q-Games via theverge.com
A densidade e a estranheza intrínseca de Dreams of Another podem tornar a narrativa difícil de acompanhar em certos momentos. A prioridade do jogo parece ser a exploração de conceitos profundos relacionados à arte, à consciência e à condição humana, em vez de focar na clareza narrativa ou em uma diversão convencional. Contudo, é justamente essa imprevisibilidade que se revela um dos seus maiores encantos. Durante as aproximadamente seis horas de jogabilidade experienciadas, a sensação constante de não saber o que esperar adicionou uma camada envolvente e desafiadora. Assim como em um sonho real, mesmo quando a linearidade se perde, “Dreams of Another” oferece instantes de profunda reflexão que ressoam na mente do jogador muito depois de a experiência ter terminado. O título, um verdadeiro jogo de arte, está disponível para as plataformas PS5 e PC. Para compreender a amplitude de como os jogos eletrônicos podem ser considerados uma forma de arte, é essencial mergulhar em experiências como esta.
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Em suma, “Dreams of Another” é uma proposta corajosa e instigante da Q-Games, que desafia as convenções ao entregar uma narrativa fragmentada e cheia de simbolismo. A despeito de sua complexidade e momentos de desorientação, a originalidade de suas mecânicas e a profundidade de seus temas o consolidam como uma obra digna de atenção, especialmente para aqueles que buscam experiências que transcendam o trivial nos games. A Q-Games, com esta produção, reforça sua capacidade de inovar. Para análises aprofundadas sobre lançamentos e as tendências mais recentes do universo dos games, continue explorando a nossa seção de Análises.
Crédito da imagem: Q-Games
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