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O lifting facial em jovens, uma cirurgia estética antes associada à maturidade, está registrando uma ascensão notável entre pessoas na faixa dos 20 e 30 anos. Este procedimento, também conhecido como ritidoplastia, que visa rejuvenescer o rosto e o pescoço pela remoção do excesso de pele e atenuação de rugas e linhas de expressão, migra para um novo e surpreendente público-alvo, redefinindo as percepções sobre a idade ideal para buscar intervenções estéticas radicais.
As plataformas de redes sociais refletem intensamente essa mudança de paradigma. Uma busca rápida revela uma infinidade de publicações de usuários nas suas duas ou três décadas de vida discutindo abertamente diversas modalidades de lifting facial, como o mini lifting, o “rabo de cavalo” ou o de “plano profundo”. Este cenário digital colabora para a crescente normalização e para a disseminação de informações, ainda que por vezes não qualificadas, sobre estas técnicas cirúrgicas.
Lifting Facial: O Crescimento do Procedimento entre Jovens
Os dias em que os procedimentos de lifting facial eram vistos como um privilégio ou último recurso de uma parcela da população mais envelhecida ou abastada, parecem ter ficado para trás. Atualmente, um contingente cada vez maior de pessoas jovens opta por realizar a cirurgia, compartilhando de maneira aberta e por vezes crua suas jornadas pré, trans e pós-operatórias, que incluem períodos de recuperação com intensos hematomas e dor considerável. A discrição em torno do tema tem sido desfeita, com figuras públicas como Kris Jenner, Catt Sadler e Marc Jacobs vindo a público para discutir seus próprios tratamentos, contribuindo para uma maior aceitação e para alimentar rumores sobre outras personalidades.
A dúvida central paira: é a insegurança exacerbada por um ambiente online saturado de imagens alteradas a principal força motriz por trás desse fenômeno? Ou, dada a vasta oferta de tratamentos não cirúrgicos, como botox e preenchimentos, o lifting facial com seu efeito duradouro passa a ser visto como a progressão lógica? A busca por um ideal estético cada vez mais difícil de ser alcançado sem intervenção, especialmente sob a ótica constante das mídias sociais, parece impulsionar essa demanda.
Busca por Contornos Definidos e Impacto Pessoal
Emily, uma canadense de 28 anos, é um exemplo notório dessa tendência. Motivada pela busca por um “visual bem definido”, caracterizado por um maxilar esculpido, maçãs do rosto proeminentes e olhos “puxados”, ela se submeteu a um lifting facial e a outras cinco cirurgias simultaneamente na Turquia. Entre os procedimentos realizados, estavam um lifting médio do rosto, um lifting labial e uma rinoplastia (cirurgia no nariz). Ela descreve a experiência como “transformadora”, apesar do processo de recuperação prolongado e desafiador. Emily relatou que, nas semanas seguintes, a dor e os hematomas diminuíram gradualmente, mas demorou seis meses para que ela recuperasse a sensibilidade em partes das bochechas.
Apesar da satisfação inicial com os resultados e a sensação de ter alcançado a “melhor versão” de si mesma, Emily demonstra uma certa hesitação quando questionada se faria tudo novamente, especialmente após a drástica mudança de estilo de vida que adotou pós-cirurgia, incluindo melhor alimentação, redução do consumo de álcool, e hábitos saudáveis de sono. Sua mãe, por exemplo, só foi informada da cirurgia dias após o procedimento, ilustrando o peso da decisão pessoal envolvida. O custo da intervenção não foi detalhado no relato de Emily.
Dados e Motivações por Trás da Ritidoplastia Precoce
Especialistas e associações de cirurgiões plásticos corroboram a observação. A Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos Estéticos (BAAPS) reportou um aumento de 8% nos procedimentos de lifting facial no Reino Unido nos últimos 12 meses. Embora a associação não forneça dados detalhados por faixa etária, muitos de seus membros notam uma mudança no perfil demográfico dos pacientes. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS) também observa uma crescente adesão entre membros da Geração X, faixa etária que compreende dos 45 aos 60 anos.
Nora Nugent, presidente da BAAPS, aponta uma conjunção de fatores para essa guinada. Ela menciona o aumento no uso de medicamentos para perda de peso, que podem deixar um excesso de pele, levando os pacientes a procurar um lifting facial para solucionar o problema. Adicionalmente, as técnicas de ritidoplastia evoluíram significativamente, minimizando o risco do antigo efeito de “rosto esticado” ou de “túnel de vento”, o que pode torná-las mais atraentes.
A Cirurgia: Complexidade, Custos e Riscos
É crucial enfatizar que o lifting facial permanece sendo uma operação complexa e significativa, exigindo a expertise de um cirurgião plástico especializado e registrado, operando em uma clínica autorizada com os equipamentos adequados. O cirurgião plástico Simon Lee, que atende em Bristol, no Reino Unido, ilustra a modernização do procedimento, realizando liftings faciais em sua clínica sem sedação, apenas com anestesia local. Anteriormente, tais cirurgias eram reservadas a ambientes hospitalares e demandavam anestesia geral, sublinhando os avanços tecnológicos e de técnicas na área.

Imagem: bbc.com
Lee explica que, embora o lifting clássico que foca no maxilar inferior e pescoço continue popular, novas técnicas estão sendo desenvolvidas para atingir os dois terços superiores do rosto, onde o envelhecimento se torna visível mais precocemente. Apesar dos avanços, ele ressalta que o procedimento é usualmente indicado para pessoas acima dos 40 anos, sendo bastante incomum para aqueles na faixa dos 20 ou 30. Os custos podem variar enormemente: no Reino Unido, a média se situa entre £15 mil (R$109 mil) e £45 mil (R$326 mil), com algumas clínicas oferecendo opções a partir de £5 mil (R$36 mil). A importância de uma pesquisa aprofundada para a escolha de um cirurgião experiente é um consenso entre os especialistas.
Entre os riscos potenciais da ritidoplastia, destacam-se a formação de hematomas, que se não tratados, podem levar à necrose tecidual. Outras complicações incluem infecções, lesões nos nervos e alopecia (perda de cabelo) nas áreas próximas às incisões. Estes fatores são decisivos e devem ser exaustivamente discutidos com o profissional antes de qualquer decisão.
Decisões Pessoais e Contextos Globais
Apesar dos riscos, muitos jovens buscam o procedimento em outros países por custos mais acessíveis. Julia Gilando, de 34 anos, optou por fazer seu lifting facial na Turquia por R$43 mil, buscando corrigir uma assimetria facial resultante de um desalinhamento de mandíbula. Apesar de amigos não perceberem o problema, ela confiou em seu “instinto”. Sua jornada, sozinha em um país estrangeiro e sem fluência no idioma, foi emocionalmente desgastante e fisicamente desafiadora, com inchaço que a impediu de enxergar por dias após a cirurgia.
Pesquisadores demonstram preocupação com a expectativa de que esses procedimentos estéticos automaticamente resultem em maior autoestima e confiança. A Dra. Kirsty Garbett, especialista em imagem corporal da Universidade do Oeste da Inglaterra, atribui grande parte dessa pressão à “pressão sem precedentes” imposta pelo mundo online, onde filtros e inteligência artificial criam padrões irreais. Para ela, a abertura de celebridades sobre as cirurgias, embora transparente, contribui para uma “normalização preocupante” dos procedimentos, fazendo-os parecer “apenas parte da vida”.
No outro extremo, Caroline Stanbury, apresentadora de TV de 47 anos, participante do reality show Real Housewives of Dubai, realizou seu lifting facial há dois anos, contra a opinião de muitos que a consideravam jovem demais. Tendo feito botox e preenchimentos por duas décadas, ela sentia que estava “começando a parecer estranha” e buscou um lifting de plano profundo nos EUA por US$45 mil (R$247 mil). Para ela, foi “a melhor coisa que já fez”, proporcionando-lhe mais 20 anos de “se sentir ótima” sem perder sua essência.
Apesar das narrativas positivas, o cirurgião plástico belga Alexis Verpaele expressa apreensão com o número crescente de jovens procurando o tratamento. Ele aconselha cautela, propondo a discussão de alternativas menos invasivas, visto que múltiplos liftings ao longo da vida (se um procedimento dura 10 a 15 anos) poderiam significar “muito trauma para um único rosto” e potenciais complicações.
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Este levantamento detalha o cenário complexo e multifacetado que cerca o aumento do lifting facial entre as novas gerações, abordando as motivações pessoais, os avanços técnicos e os desafios envolvidos. A discussão continua, e a editoria “Celebridade” de Hora de Começar acompanha de perto estas e outras tendências do universo de estética e bem-estar.
Crédito da imagem: @hotgirlenhancements, Getty Images, Julia Gilando, Caroline Stanbury.
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