Rei da Jordânia Alerta: Sem Estado Palestino, Não Há Paz Regional

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A urgência de uma paz verdadeira no Oriente Médio, condicionada à criação de um Estado Palestino independente e viável, foi o cerne da advertência proferida recentemente pelo Rei Abdullah II da Jordânia. Em entrevista exclusiva ao programa Panorama da BBC, o monarca reiterou que a estabilidade regional não prosperará sem tal futuro garantido para o povo palestino.

As declarações foram feitas enquanto o rei se preparava para participar da crucial cúpula de Sharm el-Sheikh, no Egito, cujo objetivo central era debater e avançar no plano de paz de 20 pontos elaborado pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a delicada região. A expectativa girava em torno de encontrar uma fórmula para o impasse israelense-palestino que perdura há décadas.

Coincidindo com o encontro de cúpula, o Hamas havia concluído a libertação dos últimos reféns israelenses vivos em Gaza, num acordo que previa a troca por prisioneiros e palestinos detidos por Israel. Diante desse cenário de tensões e negociações, o Rei Abdullah II foi categórico: “Se não resolvermos este problema, se não encontrarmos um futuro para israelenses e palestinos, e uma relação entre os mundos árabe e muçulmano e Israel, estamos condenados.” Essa declaração enfatiza a urgência da questão palestina e sintetiza o que muitos líderes encaram como a verdade inescapável no debate regional:

Rei da Jordânia Alerta: Sem Estado Palestino, Não Há Paz Regional

. As tentativas passadas, conforme apontou Abdullah II, frequentemente falharam em garantir uma paz duradoura e abrangente.

Solução de Dois Estados: A Única Resposta

O líder jordaniano defendeu com veemência a solução de dois Estados como a única resposta eficaz para a complexidade do conflito. Para ele, a criação de um Estado Palestino independente na Cisjordânia e em Gaza, coexistindo lado a lado com Israel, é um caminho sem alternativas. A história da região, marcada por inúmeras e frustradas tentativas de paz, reforça a necessidade de uma abordagem que inclua um “horizonte político” claro para o futuro, sob o risco de repetir “os mesmos erros”, conforme suas próprias palavras. A solução de dois Estados é consistentemente defendida por muitas organizações internacionais como caminho para a estabilidade, conforme reiterado em diversos fóruns globais da Organização das Nações Unidas.

A Resistência de Israel à Proposta

Apesar da defesa do Rei Abdullah II, o governo israelense, sob a liderança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, tem rejeitado repetidamente a ideia da solução de dois Estados. Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro, Netanyahu se manifestou firmemente contra. “Na verdade, eles já tinham um Estado Palestino em Gaza. O que fizeram com esse Estado? Paz? Coexistência?”, questionou o líder israelense.

Ele prosseguiu acusando os palestinos de ataques. “Não, nos atacaram várias vezes, sem nenhuma provocação, lançaram foguetes contra nossas cidades, assassinaram nossos filhos, transformaram Gaza em uma base terrorista desde que cometeram o massacre de 7 de outubro”, afirmou Netanyahu, referindo-se aos ataques liderados pelo Hamas ocorridos dois anos antes, os quais, segundo ele, desencadearam o atual conflito em Gaza. A visão divergente de Netanyahu em relação ao futuro de Gaza e da Cisjordânia continua a ser um dos principais entraves para o avanço das discussões sobre um acordo de paz duradouro e inclusivo.

A Chamada de Trump pela Paz

Apesar das tensões e das visões opostas, foi na mesma Assembleia Geral da ONU que o ex-presidente Donald Trump convocou o Rei Abdullah e outras lideranças regionais para uma reunião, visando delinear os pontos de seu plano de paz. O monarca jordaniano relembrou a mensagem do líder americano: “A mensagem que ele deu a todos foi: ‘Isso tem que parar, tem que parar já’. E dissemos: ‘Senhor presidente, se alguém pode fazer isso, é o senhor'”.

Em sua fala à BBC, o Rei Abdullah também expressou grande preocupação com a escalada da violência nos últimos dois anos, citando a guerra de Israel com o Irã e o ataque israelense a líderes do Hamas no Catar no mês anterior à entrevista. Ele levantou uma questão alarmante: “Quão perto chegamos de um conflito regional, ou até mesmo de um conflito Norte-Sul, que englobaria o mundo inteiro?”. A indagação do rei reflete a apreensão generalizada quanto à capacidade do conflito local se alastrar, impactando a segurança global.

Avaliações de Confiança e Acordos Futuros

Sobre a relação com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o Rei Abdullah II foi sincero ao afirmar que não confia em suas palavras. No entanto, o monarca mantém a esperança e acredita que há segmentos da sociedade israelense com os quais os líderes árabes poderiam e deveriam colaborar para a construção da paz e da coexistência.

Rei da Jordânia Alerta: Sem Estado Palestino, Não Há Paz Regional - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Em relação ao Hamas e à sua potencial disposição de ceder o controle de Gaza a um órgão palestino independente – uma condição dos termos do acordo de cessar-fogo assinado – o rei mencionou um otimismo significativo entre os mediadores. Catar e Egito, países que trabalham em estreita colaboração com o grupo, veem com esperança o cumprimento dessa parte do acordo. Contudo, Abdullah II ressaltou que a chave para o sucesso de todo o processo reside nos detalhes do acordo intermediado por Trump e, crucialmente, no compromisso contínuo do presidente americano após a concretização de um cessar-fogo em Gaza. A paz almejada, segundo ele, transcende as fronteiras de Gaza e exige um horizonte político para toda a região, intimamente ligado ao futuro dos palestinos.

Paz entre Jordânia e Israel: Um Precedente

A Jordânia, historicamente ligada à questão palestina pela composição de mais de 50% de sua população de ascendência palestina, mantém um tratado de paz com Israel desde 1994, apesar da significativa oposição interna a essa normalização. Ambos os países, no entanto, cooperam em importantes assuntos de segurança regional.

Esse acordo de paz foi estabelecido entre o pai do atual monarca, o falecido Rei Hussein, e o também falecido primeiro-ministro israelense Isaac Rabin, que foi assassinado por um extremista judeu um ano após a assinatura do tratado. Essa experiência demonstra a complexidade de manter a paz mesmo após a sua formalização, evidenciando as profundas divisões e os riscos contínuos inerentes à região.

Visão Pessoal e o Legado Familiar

Ao ser questionado sobre a sua crença em testemunhar um acordo de paz definitivo, incluindo a criação de um Estado Palestino, ainda em vida, o Rei Abdullah II demonstrou firmeza. “Tenho que ver isso, porque a outra alternativa provavelmente significaria o fim da região”, declarou, evidenciando o alto risco que a ausência de paz representa.

Ele evocou a memória de seu pai, o Rei Hussein, que, no final da vida, expressava o desejo de “paz para meus filhos e seus filhos”. Com dois netos, Abdullah II se vê impelido pela mesma esperança: “Quão terrível seria se, já crescidos, dissessem o mesmo que disse meu pai há tantos anos?”. Essa reflexão pessoal do monarca reforça seu compromisso. “Eu acredito que isso é o que me motiva e a muitos outros na região: a paz é a única opção. Porque, se não for alcançada, com que frequência o Ocidente, e principalmente os Estados Unidos, acabam sendo arrastados para isso? Já se passaram 80 anos. E acho que chegou a hora de todos dizermos: basta.”

Cenário Atual e Horizontes de Esperança

Em meio a essas discussões diplomáticas e apelos por paz, os dados do Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas indicavam que mais de 67 mil pessoas já haviam perdido a vida nas mãos do exército israelense em Gaza desde 7 de outubro de 2023. Esse número dramático serve como um lembrete contundente das consequências humanitárias do conflito em curso. Apesar do sombrio panorama histórico, o Rei Abdullah II se mantém esperançoso, afirmando que este momento representa “possibilidades reais” para uma resolução duradoura.

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Em suma, a posição do Rei Abdullah II reitera a indispensável conexão entre a questão palestina e a estabilidade regional. O chamado por um Estado Palestino e um horizonte político claro emerge como um apelo crucial em meio às complexidades e à violência em curso no Oriente Médio. Continue acompanhando nossa cobertura internacional para se manter informado sobre esses e outros acontecimentos que moldam o cenário global. Para aprofundar a compreensão sobre os complexos desdobramentos diplomáticos na região, explore mais análises políticas e notícias internacionais.

Crédito da imagem: Getty Images; AFP via Getty Images.


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