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O Filme The Mastermind: Kelly Reichardt e seu Anti-Heist chega às telas para subverter expectativas. Conhecida como uma das cineastas mais respeitadas, porém discretas, dos Estados Unidos, Kelly Reichardt apresenta sua obra mais ambiciosa até o momento. A trama, que inicialmente parece seguir os moldes de um filme de roubo de arte, rapidamente se transforma em um estudo de personagem complexo, focado em um indivíduo que luta para se livrar das encrencas nas quais se mete.
Embora Reichardt tenha empreendido “The Mastermind” com a intenção de criar algo distintamente diferente de suas produções anteriores, como “First Cow”, “Showing Up” e “Wendy and Lucy”, a diretora admite ter chegado à sala de edição e percebido a familiaridade com seu próprio estilo. Esta produção se destaca por ser seu projeto mais “barulhento” e, indiscutivelmente, aquele com o maior orçamento em sua carreira.
Filme The Mastermind: Kelly Reichardt e seu Anti-Heist
No coração de “The Mastermind” está J.B. Mooney, um ladrão pouco brilhante interpretado por Josh O’Connor, um ator em ascensão que se tornou amplamente reconhecível por papéis como em “Challengers” e pelo vindouro sequel de “Knives Out”. Com projetos futuros com diretores de calibre como Steven Spielberg e Joel Coen, O’Connor está a caminho de se tornar um nome familiar. No entanto, em “The Mastermind”, ele é perfeitamente escalado como o contraponto a um típico “galã”, encarnando um personagem que usa seu charme e sorriso cativante, além de uma criação privilegiada (seu pai é um influente juiz local), para navegar pela vida. Mas, segundo a própria Reichardt, nesta narrativa, as conexões familiares não serão seu passaporte para a liberdade, descrevendo o longa como um “desenrolar” – uma verdadeira antítese ao filme de assalto convencional.
A película de Reichardt de fato começa com um assalto orquestrado e satisfatório: o roubo de pinturas de Arthur Dove. Este evento é inspirado em um caso real ocorrido em 1972 no Worcester Art Museum. Contudo, para Mooney, o desafio real não reside em concretizar o furto, mas sim em reter as obras de arte, o que se revela uma tarefa muito mais árdua e repleta de consequências inesperadas.
Em conversa com Robyn Kanner do The Verge, a cineasta abordou os desafios da escrita e as peculiaridades de ser uma produtora preocupada com o orçamento. Reichardt compartilhou sua estratégia para lidar com a natureza dispendiosa de certas cenas, como aquelas que envolvem carros ou são filmadas à noite, além de sua primeira experiência construindo um cenário inteiramente novo. A diretora fez questão de sublinhar a importância de evitar o termo “assalto” para descrever seu filme, a fim de gerenciar as expectativas do público.
A Visão Criativa e o Processo de Edição
Questionada sobre como ela estabelece o tom único de seus filmes, Kelly Reichardt revela uma auto-percepção curiosa: “É engraçado, porque sempre que começo, penso que estou fazendo algo completamente diferente. Não será como nada que eu já tenha feito antes. E então chego à sala de edição e digo, ‘Ah, lá está. Mais um desses filmes’.” Ela atribui isso a uma espécie de “pegada” inerente a cada artista, que se manifesta para o bem ou para o mal.
Sobre a relação entre roteiro e edição, Reichardt enfatiza que, devido às inúmeras locações, ao trabalho intensivo com carros e aos orçamentos limitados, ela não tinha o luxo de filmar de maneira a “encontrar o filme na edição”. Ela e o diretor de fotografia Chris Blauvelt colaboram de perto, discutindo a edição desde o planejamento das cenas e tomadas. “A edição faz parte da conversa, mas é claro que nada é pétreo”, afirma. Reconhece as muitas descobertas possíveis na sala de edição, mas distingue essa abordagem daquela que utilizou em “Meeks Cutoff”, onde o filme foi integralmente concebido na pós-produção.
O conceito por trás de “The Mastermind” era trabalhar com uma “forma de gênero”, a do assalto, para que esta, assim como o personagem principal, se desmoronasse. O objetivo era criar um “filme sobre o rescaldo”, que explorasse as consequências em vez da ação propriamente dita. As restrições de tempo e financeiras, contudo, exigiram uma especificidade muito grande na filmagem, para que o resultado planejado se concretizasse na montagem final.
Superando Barreiras Orçamentárias e de Cenografia
Detalhando o dia a dia da direção de “The Mastermind”, Reichardt descreve as dificuldades de “ganhar tempo” durante as filmagens. “Há tanto trabalho com carros. Você nunca está ganhando tempo quando está fazendo trabalho com carros. Equipamentos de carro são lentos. E, creio eu, há cenas noturnas por todo lado. Essas coisas todas atrasam você”, explica. A cineasta enalteceu o profissionalismo de sua equipe fantástica e a receptividade dos moradores locais em Cincinnati, fundamentais para o sucesso das filmagens.
As cenas ambientadas no museu também se mostraram complexas. A equipe construiu o interior do museu em um armazém antigo, transformando-o em um verdadeiro mundo em miniatura. “Foi realmente emocionante ver tudo se juntar”, recorda. Para Reichardt, esta foi sua primeira experiência com a construção de cenários, algo que ela considerou estimulante. Apesar de o espaço não estar totalmente pronto até os últimos minutos antes da filmagem, a possibilidade de desenhar cada plano em um ambiente controlado foi um grande aprendizado. Contudo, ela observa que “eles são caros” e ainda prefere filmar em locações reais, que “têm seus próprios desafios”.

Imagem: Robyn KannerCloseRobyn KannerFreelancerP via theverge.com
O “Anti-Heist”: Expectativas e Realidade
Ao abordar o rótulo de “grande filme de assalto”, Reichardt argumenta que “não deveríamos dizer assalto, porque as pessoas têm expectativas”. Ela insiste no conceito de “anti-heist”, narrando a reação de uma amiga que se sentiu enganada após ver um corte do filme. “Ela estava brava depois e disse: ‘Não me diga que estou vindo para ver um filme de assalto e estou vindo para ver isso?'”, revela a diretora, reforçando a necessidade de moderar a expectativa de um thriller de ação.
O que acontece após o assalto, na visão de Reichardt, é um filme “sobre uma pessoa viajando”, um enredo que lhe pareceu “muito familiar e acolhedor”. A narrativa poderia ter tomado diversos rumos, e o terceiro ato, em particular, tornou-se um grande desafio. Reichardt se sentiu “atolada” por ter continuamente criado novos “primeiros atos” e buscou ajuda de seu parceiro de escrita, Jon Raymond, que, com uma “motosserra”, ajudou a reestruturar o final para permitir que a história de fato “se desfizesse”, em vez de se reconstruir.
Reflexões Atemporais e Conexões com o Passado
Sobre a essência ou o fio condutor de “The Mastermind”, Reichardt prefere descrevê-lo como um “desvendamento” ou um “rescaldo”. Para a cineasta, o filme observa como os indivíduos são sustentados — seja por “sistemas maiores” (permitindo que “pessoas fracassem até o topo”) ou por “relações mais íntimas”. J.B. Mooney é o personagem que, ao longo do filme, “queima” todas essas pontes de apoio.
A escolha de ambientar “The Mastermind” em uma era passada é um elemento crucial. Para Reichardt, é “mais fácil dar sentido a um momento político que já passou”, o que proporciona uma distância e um tempo para reflexão. Ela expressa relutância em fazer “um filme do agora” ou em buscar ironia nos tempos atuais, mencionando que alguns filmes contemporâneos a fazem sentir “Não coloque isso em mim. Não estou pronta para tirar sarro desta época. Não estou pronta para encontrar ironia nisso.” A diretora admira obras como “Red Rocket” de Sean Baker por sua capacidade de ser politicamente atual sem se apresentar como um filme político.
Reichardt relaciona o filme à sua primeira memória política, quando era criança e teve que sair da piscina para assistir à renúncia de Nixon, um evento que a marcou. Ao traçar paralelos com o presente, ela questiona a ausência de protestos públicos vigorosos nos dias de hoje: “Por que não estamos todos nas ruas a cada minuto agora? Onde está todo mundo?”. Para aprofundar-se na trajetória dessa aclamada diretora, consulte sua biografia na Wikipedia, onde encontrará informações detalhadas sobre sua filmografia e prêmios.
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“The Mastermind” se posiciona, portanto, como uma obra que convida à reflexão sobre as expectativas que o cinema de gênero cria, ao mesmo tempo em que aprofunda na falibilidade humana e nas consequências da própria desventura. Se você se interessa por filmes que desafiam as convenções e aprofundam a análise de personagem, continue explorando nossa editoria de Celebridade e Análises de cinema, onde abordamos as carreiras e as performances que moldam a sétima arte.
Crédito da Imagem: GODLIS
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