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O navegador Opera Neon, uma proposta ambiciosa da Opera no crescente cenário dos navegadores com inteligência artificial, entrou recentemente no mercado gerando expectativas, mas também considerável confusão entre seus primeiros usuários. Com uma abordagem que integra três ferramentas de IA distintas, o Neon busca oferecer uma experiência inovadora, porém, sua estrutura complexa e a exigência de uma assinatura mensal de US$ 19,90 elevam as exigências sobre um produto que, para muitos, ainda se encontra em fase de amadurecimento.
Desde o mês passado, a Opera começou a liberar o acesso ao Neon para aqueles que estavam na lista de espera, introduzindo-o em um mercado já saturado de soluções impulsionadas por IA. Concorrentes como o Chrome, com o Gemini do Google, o Comet da Perplexity e o Dia da The Browser Company, oferecem alternativas, muitas vezes gratuitas. A decisão da Opera de cobrar quase US$ 20 mensais coloca o Neon sob intenso escrutínio, forçando-o a provar seu valor superior.
Opera Neon: Confusão na Inteligência Artificial e Custo
A estrutura do navegador Opera Neon assemelha-se à de outros navegadores Opera, com recursos tradicionais como um bloqueador de anúncios integrado e uma VPN. A barra lateral, que pode ser personalizada com aplicativos como WhatsApp e Facebook Messenger, também se mantém. Contudo, o grande diferencial são as funcionalidades de inteligência artificial, estrategicamente posicionadas no centro das telas inicial e de novas abas. Sob a barra de pesquisa, um seletor oferece quatro opções: uma pesquisa comum na internet, um chatbot denominado Chat, um agente que controla o navegador chamado Do e um agente de criação de IA batizado de Make. A Opera revela que o Neon utiliza modelos de IA tanto da OpenAI quanto do Google, embora não especifique quais modelos são aplicados a cada função. Para mais informações sobre tecnologias de IA, você pode consultar recursos como a página oficial da OpenAI.
Desempenho do Chatbot “Chat”: Potencial e Frustrações
O “Chat” apresenta-se como a ferramenta de IA mais acessível do Neon, funcionando como um assistente integrado ao navegador. Usuários de outros chatbots de IA provavelmente se familiarizarão com sua interface, que pode ser acionada no início de uma pesquisa ou através de um ícone no canto superior direito da tela. Nos testes, o Chat demonstrou capacidade de lidar com consultas de pesquisa rápidas e responder a perguntas específicas sobre a página que estava sendo visualizada, como pedidos de resumos sobre pesquisas recentes em computação quântica.
No entanto, a experiência com o “Chat” não foi perfeita. As respostas foram, por vezes, excessivamente prolixas, exigindo um esforço considerável do usuário para extrair as informações relevantes. Uma falha mais crítica surgiu quando solicitado a contabilizar e resumir comentários de matérias recentes: o chatbot respondeu com cerca de 400 palavras afirmando que não havia comentários, quando, na realidade, existiam. Essa imprecisão sugere que o “Chat” não conseguia sempre interpretar o conteúdo da internet como esperado, apesar de dar a impressão de que sim.
Outro exemplo da inconsistência do “Chat” foi a declaração de zero comentários em três notícias quando, de fato, havia quatro. Curiosamente, em vez de admitir a falha ou pesquisar adequadamente, o bot ofereceu suposições sobre o tipo de comentários comuns em sites de notícias de tecnologia, desviando da tarefa principal.
O Agente “Do” e Suas Limitações Práticas
Krystian Kolondra, vice-presidente executivo de navegadores da Opera, justificou essas falhas explicando que a ferramenta errada havia sido utilizada. Segundo Kolondra, o “Chat” era capaz de identificar o número de comentários listados nas manchetes, mas para resumir os comentários propriamente ditos, seria necessário expandir a seção de comentários, o que exige um clique. Para tarefas que demandam interação com a página e execução de ações, o “Do” seria a opção mais adequada, atuando como um “primo mais ativo” do “Chat”, capaz de assumir o controle do navegador e completar atividades.
Ao testar o agente “Do” com uma série de tarefas, como agendar uma aula de CrossFit, reservar uma massagem por menos de US$ 50 em um spa próximo e localizar PDFs de padrões de costura para roupas de bebê, observou-se que a ferramenta funcionava. No entanto, o “Do” também apresentou desafios. Não era possível alternar para o “Chat” na mesma janela para fazer perguntas complementares sobre a tarefa em andamento. Além disso, não havia uma forma de corrigir ou intervir no “Do” enquanto ele executava uma ação.
Uma experiência particular exemplificou essa falha: o bot ignorou arranjos florais apropriados para uma amiga, escolhendo e adicionando ao carrinho uma coroa funerária, mesmo com cliques em opções melhores. Em outra ocasião, o “Do” afirmou que não havia ingressos para um espetáculo de janeiro, informação facilmente desmentida por uma rápida checagem manual. Essas inconsistências minaram a confiança na “precisão” da ferramenta. Similarmente a outros navegadores de IA, realizar tarefas com o “Do” revelou-se mais demorado do que executá-las manualmente. A experiência, no entanto, oferece um vislumbre do potencial da terceirização de tarefas rotineiras de navegação na web. O “Do” não elimina completamente a necessidade de supervisão humana; em casos de obstáculos que exigem intervenção, uma aba do “Do” na parte superior da tela pisca em vermelho, um aviso que pode ser facilmente ignorado, alertando o usuário a auxiliar o bot.

Imagem: Opera via theverge.com
A Ferramenta “Make” e as “Cards”: Potencial Futuro
Além do “Chat” e do “Do”, o Neon incorpora o agente “Make”, que permite a criação de pequenas ferramentas web personalizadas. O “Make” opera em um ambiente virtual, baixando o software e scripts necessários diretamente nele, sem sobrecarregar o computador pessoal do usuário. Um teste envolvendo a criação de um jogo simples de combinação de memória com vocabulário de espanhol introdutório foi bem-sucedido. Em poucos minutos, o jogo estava funcionando, associando a palavra “libro” à imagem de um livro. Embora a jogabilidade fosse rudimentar, a conveniência de fechar a aba e saber que todos os arquivos temporários desapareciam era notável.
Outro recurso do Opera Neon são as “Cards”, que são prompts predefinidos projetados para serem utilizados em qualquer um dos agentes de IA. A Opera posiciona as Cards como “power-ups” para as interações com a IA, potencialmente economizando tempo na elaboração de prompts complexos. Contudo, atualmente, a utilidade prática dessas Cards ainda é questionável, visto que o acervo é predominantemente composto por conteúdo da equipe Neon, com prompts que variam de funcionalidades como reescrever sites no estilo de Yoda a agregadores de notícias. A esperança da Opera é que a plataforma se encha de criações úteis dos usuários com o tempo, mas, por enquanto, a oferta é limitada.
Desafios na Usabilidade e a Incompatibilidade do Modelo de Cobrança
A experiência geral com o Neon, por vezes, assemelha-se a interagir com um estagiário desastrado e não solicitado, ao invés de uma tecnologia sofisticada e que poupa tempo. Uma característica notável é a proatividade excessiva de seus sistemas de IA: eles solicitam feedback, mas muitas vezes iniciam a tarefa sem esperar pela resposta. A capacidade de utilizar o navegador de forma autônoma por parte da IA levanta preocupações sobre potenciais ações indesejadas, como enviar requisições de conexão no LinkedIn para contatos que o usuário pretendia apenas “espiar” anonimamente.
Em um incidente específico, um comando de prosseguir após uma resposta positiva do usuário (“tudo ótimo, pode seguir”) resultou no Neo simplesmente parar de funcionar, acompanhado da mensagem “Fico feliz que pense assim!”. Kolondra reconheceu que o Neon ainda é um trabalho em andamento, e a funcionalidade de pausa para feedback será implementada futuramente, mas está desativada no momento. Ele explicou à imprensa que o Opera Neon está em uma fase de acesso antecipado, disponível para pessoas que desejam participar da jornada de desenvolvimento do produto.
Essa declaração, porém, entra em conflito com o modelo de negócios de assinatura. Solicitar um pagamento de US$ 20 mensais por um produto que é reconhecido como “em fase inicial” e cujo foco principal (funcionalidades de IA) está largamente disponível de forma gratuita em outros navegadores, configura uma proposta de valor questionável. No estágio atual, o Neon se apresenta mais como um navegador que os usuários precisam se adaptar do que um navegador inteligente o suficiente para se adaptar às necessidades dos usuários, tornando sua comercialização um desafio.
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Em suma, o Opera Neon representa um esforço notável da Opera para inovar no segmento de navegadores com IA, integrando múltiplas ferramentas como “Chat”, “Do” e “Make”. No entanto, a complexidade no uso, as limitações no desempenho das IAs e, especialmente, o modelo de assinatura de US$ 20 para um produto ainda em “acesso antecipado”, dificultam a adoção e a justificação do custo. Continuaremos acompanhando as próximas atualizações deste promissor, porém confuso, navegador. Fique atento a outras análises e notícias do universo tecnológico em nossa editoria de Análises.
Image: Opera
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