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A discussão sobre a regulação no setor de inteligência artificial (IA) ganha novos contornos com a iniciativa da Cloudflare. Recentemente, a empresa, líder em infraestrutura web, introduziu um mercado para que websites pudessem monetizar o conteúdo raspado por bots de IA. Agora, ela intensifica sua campanha por regras mais claras. Matthew Prince, CEO da Cloudflare, está em Londres para dialogar com a Competition and Markets Authority (CMA) do Reino Unido, onde propõe uma separação nas operações do Google, argumentando contra a maneira como a gigante de tecnologia utiliza sua dominância em buscas para competir no cenário de IA.
A movimentação ocorre em um momento estratégico, após a CMA ter conferido ao Google um status especial no mercado de busca e publicidade. Tal designação reconhece a posição substancialmente estabelecida da empresa, permitindo ao regulador impor medidas mais rigorosas. Essas novas diretrizes poderiam estender-se além dos segmentos de busca e anúncios, impactando diretamente produtos de IA do Google, como AI Overviews e AI Mode, bem como os feeds Discover, Top Stories e a aba de Notícias.
Cloudflare pressiona por separação dos crawlers Google AI
Segundo Matthew Prince, a Cloudflare possui uma posição única para apresentar tais recomendações. A empresa não compete diretamente no segmento de IA, mas mantém relações comerciais com cerca de 80% das companhias atuantes neste setor. Prince reiterou, em declaração durante a conferência Bloomberg Tech em Londres, que a Cloudflare não tem interesses diretos no embate – “Não somos uma empresa de IA nem uma editora de mídia; somos a rede que os conecta.” Essa neutralidade, conforme ele, oferece uma perspectiva isenta para analisar a dinâmica de mercado.
O dirigente da Cloudflare sustenta que o Google não compete em pé de igualdade com outras empresas de IA. O modelo atual permite que a gigante da tecnologia utilize seu rastreador de web existente – originalmente empregado para seu motor de busca – para coletar dados para seus produtos e serviços de inteligência artificial. Essa prática, na visão de Prince, concede ao Google uma vantagem competitiva desleal, ao integrar e, em certo sentido, agrupar essas duas funções essenciais.
Prince descreve a postura do Google como uma reivindicação de direito absoluto a todo o conteúdo online, mesmo sem remunerá-lo, justificando-se por sua atuação nas últimas quase três décadas. O Google utiliza o mesmo rastreador tanto para busca quanto para seus sistemas de IA. Um aspecto problemático destacado por Prince é que, caso um website opte por bloquear o rastreador para impedir a coleta de dados para IA, ele automaticamente impede a indexação para busca. Para a maioria das editoras digitais, que podem perder aproximadamente 20% de sua receita sem a presença nos resultados de busca, essa opção simplesmente não é viável.
A situação é ainda mais complexa, explica Prince, pois o bloqueio do rastreador do Google também desabilita sua equipe de segurança de anúncios. Isso impede que os anúncios em diversas plataformas do editor funcionem, configurando um impasse inaceitável para empresas que dependem da publicidade digital. Esse agrupamento de serviços confere ao Google acesso a um vasto volume de conteúdo pelo qual outras empresas de IA, como Anthropic, OpenAI e Perplexity, seriam obrigadas a pagar.
A proposta de solução apresentada por Prince visa fomentar um ambiente de intensa competição no mercado. Ele imagina um cenário onde milhares de empresas de IA poderiam adquirir conteúdo de inúmeros negócios de mídia e milhões de pequenas empresas. O executivo elogiou a abordagem da CMA do Reino Unido em designar o Google como um potencial alvo de regulamentação, interpretando a medida como um sinal de reconhecimento da singular vantagem que o Google atualmente desfruta no ecossistema digital. Para embasar suas alegações, a Cloudflare já forneceu à CMA dados detalhados sobre o funcionamento do rastreador do Google, elucidando as dificuldades que outros players enfrentam para replicar seu sucesso.
A visão de Matthew Prince não é isolada. No mês anterior, Neil Vogel, CEO da People, Inc. — uma das maiores editoras digitais e impressas dos Estados Unidos, com mais de 40 marcas de mídia — expressou preocupações similares. Em entrevista, Vogel apontou o Google como um “mau ator” no mercado, argumentando que as empresas de mídia são forçadas a permitir que o Google rastreie seus sites para conteúdo de IA devido à interligação intrínseca dos crawlers. A People, Inc. adotou a solução da Cloudflare para bloquear rastreadores de IA que não oferecem pagamento, e Vogel confirmou que o sistema tem sido eficaz, com negociações em andamento com grandes provedores de modelos de linguagem (LLMs).
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O debate em torno da regulação da IA e da desvinculação dos crawlers de busca e inteligência artificial do Google sublinha a crescente complexidade das leis de mercado na era digital. As discussões levantadas pela Cloudflare e outras empresas buscam garantir um terreno mais equitativo para todos os participantes. Continue acompanhando as análises e desdobramentos sobre tecnologia e regulamentação em nossa editoria de Economia.
Crédito da Imagem: Divulgação
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