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Polícia Acusa Ana Paula Veloso Fernandes em Série de Mortes. Uma investigação minuciosa conduzida pelo 1º Distrito Policial de Guarulhos resultou na acusação de Ana Paula Veloso Fernandes, estudante de direito de 36 anos, por quatro homicídios qualificados. O caso, que se desenrolou a partir de uma denúncia aparentemente trivial em abril, revelou uma série de mortes ligadas à suspeita, com indícios de envenenamento e comunicações codificadas com sua irmã gêmea, Roberta Veloso Fernandes.
O ponto de partida para a complexa apuração foi uma queixa recebida em 16 de abril. Um bolo supostamente envenenado havia sido encontrado na Universidade de Guarulhos (UNG), acompanhado de um bilhete. Duas estudantes teriam sido alvo das ameaças, uma delas sendo a própria Ana Paula. Apesar da denúncia inicial colocá-la na posição de vítima, os desdobramentos levantariam sérias suspeitas contra ela, alterando o curso da investigação.
Polícia Acusa Ana Paula Veloso Fernandes em Série de Mortes
A Polícia Civil recolheu o bolo para análise pericial, mas um fato chamou a atenção: as câmeras de segurança da UNG não registraram a entrada de qualquer pessoa com o pacote, sugerindo que quem o deixou possuía acesso privilegiado ou conhecimento íntimo do campus. O que mais despertou o alerta dos investigadores, entretanto, foi a conduta de Ana Paula. De acordo com o delegado Halisson Ideiao Leite, responsável pelo caso, a estudante começou a frequentar a delegacia de forma insistente, alegando ser perseguida e vinculando as ameaças à morte de uma amiga, ocorrida dias antes. O escrivão Rafael Vello percebeu a anomalia na frequência de uma vítima, notando seu conhecimento e preocupação excessivos.
A partir daí, a equipe policial passou a monitorar a estudante com discrição. Os primeiros detalhes cruciais começaram a surgir quando foi identificado que o número de telefone usado para enviar as mensagens ameaçadoras para Ana Paula e uma colega estava registrado no nome de uma amiga que havia falecido um dia antes da ocorrência na universidade. Essa coincidência direcionou a atenção da polícia para a morte de Maria Aparecida Rodrigues, ocorrida em 11 de abril. Inicialmente registrada como “natural”, a investigação descobriu que Ana Paula havia sido uma das últimas pessoas a ter contato com a vítima. O inquérito revela que Maria Aparecida esteve na residência de Ana Paula, onde consumiu bolo e café antes de falecer, aumentando o ceticismo em torno das causas da morte. O meticuloso trabalho de apuração em casos de homicídio, muitas vezes, demanda a análise detalhada de conexões e rotinas da vítima e dos envolvidos, como destacado em manuais e artigos sobre investigações policiais.
A investigação prosseguiu com a Polícia Civil mantendo as suspeitas em sigilo, permitindo que Ana Paula se sentisse à vontade e próxima, garantindo que não perderiam a oportunidade de confirmar suas hipóteses. Pouco depois, Ana Paula registrou outra denúncia, desta vez contra um coordenador da faculdade, uma queixa que os delegados consideraram aparentemente falsa. Foi após essa ocorrência que uma pesquisa aprofundada nos sistemas policiais revelou um padrão alarmante: Ana Paula Veloso Fernandes aparecia em outros boletins de ocorrência de mortes.
Novas Vítimas e a Certeza Policial
A análise dos registros revelou duas ocorrências anteriores onde o nome de Ana Paula era mencionado. A primeira, datada de 31 de janeiro, referia-se à morte de Marcelo Hari Fonseca, proprietário de um imóvel em Guarulhos onde Ana Paula alugava uma área. Marcelo foi encontrado sem vida após ingerir um sanduíche. De acordo com o relatório policial, a estudante teria admitido ter assassinado Marcelo após uma discussão e, subsequentemente, queimado o sofá onde o corpo foi descoberto, numa tentativa de eliminar evidências. Em um segundo boletim, de 23 de maio, constava a morte de Hayder Mhazres, um tunisiano de 21 anos que conheceu Ana Paula por um aplicativo de encontros. Hayder faleceu após tomar um milkshake, e a estudante foi quem solicitou socorro, mas forneceu um endereço incorreto, complicando a ação da polícia.
Diante da reincidência de seu nome em casos de óbito com circunstâncias suspeitas, a certeza da polícia sobre o envolvimento de Ana Paula cresceu exponencialmente. “Seria impossível uma pessoa estar presente em tantos casos de óbito sem que ela tivesse culpa naquelas mortes”, declarou o delegado. A gravidade da situação transformou a investigação em uma “luta contra o tempo”, ante o receio de que ela pudesse cometer novos crimes.
Em julho, a Justiça acatou o pedido da Polícia Civil de prisão temporária e busca e apreensão na residência de Ana Paula. No local, os agentes encontraram um frasco de terbufós, um composto químico altamente tóxico utilizado na agricultura e conhecido por ser um agente de envenenamento. A análise de celulares apreendidos foi crucial, confirmando o envolvimento de Ana Paula nos três crimes já identificados e revelando um quarto homicídio.

Imagem: bbc.com
O Quarto Crime e a Conexão Gêmea
O quarto crime investigado ocorreu no Rio de Janeiro e teve como vítima Neil Corrêa da Silva, de 65 anos, pai de uma amiga de Ana Paula. Ele faleceu em 26 de abril após consumir uma feijoada preparada pela suspeita. As evidências mais chocantes vieram de mensagens de áudio e texto recuperadas dos celulares, que indicam que Ana Paula teria contado com a colaboração de sua irmã gêmea, Roberta Veloso Fernandes. As irmãs utilizavam o termo “TCC”, sigla para “Trabalho de Conclusão de Curso”, como um código para se referir aos assassinatos. As conversas apontavam para planejamento e até a sugestão de que Ana Paula cobrasse, no mínimo, R$ 4 mil, em dinheiro vivo, pelos “TCCs”, reforçando o grau de premeditação.
Ana Paula Veloso Fernandes foi indiciada por quatro homicídios qualificados – os mais graves, por envolverem maior crueldade ou dificultarem a defesa da vítima – nas mortes de Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres. O relatório policial a descreve como uma “criminosa contumaz” com “alto grau de frieza”, cuja liberdade representaria uma “ameaça concreta à ordem pública”. Diante dessas constatações, sua prisão temporária foi convertida em preventiva. A investigação também se estende para apurar a possível participação de sua irmã gêmea, Roberta, e de Michelle Corrêa da Silva, filha de Neil, suspeita de ser a mandante da morte do próprio pai.
Contestações da Defesa
Apesar da robustez das acusações, a defesa, representada pelo advogado Almir Sobral, refuta a classificação de Ana Paula como serial killer. Ele argumenta que uma serial killer, conforme estudos, planeja e executa os crimes com alta manipulação, características que, segundo Sobral, não se aplicam à inteligência de sua cliente. O advogado reconheceu a dedicação da Polícia Civil, mas manifestou preocupação com a divulgação midiática do caso, afirmando conduzir uma investigação paralela devido a supostas distorções nos fatos apresentados. A defesa ressalta que as provas ainda estão sendo concluídas e que “não se pode crucificar” as irmãs antes que as perícias sejam finalizadas. “Os corpos ainda estão sendo exumados. Só depois disso será possível confirmar se houve ou não ingestão de veneno”, salientou.
Em relação à irmã de Ana Paula, Roberta, o advogado nega veementemente qualquer envolvimento nos crimes, alegando que ela não conhecia Neil, nem Michelle ou qualquer outra vítima, e que sua ligação se restringia a trocas de mensagens e ligações com a irmã. Em depoimento à Polícia Civil, Ana Paula confessou o assassinato de Marcelo Hari Fonseca e Neil Corrêa da Silva, mas negou qualquer participação nas mortes de Hayder Mhazres e Maria Aparecida Rodrigues. Sobral minimiza o valor dessas declarações para a defesa, não as considerando uma confissão formal. Contudo, o advogado reconhece que sua cliente pode ter algum envolvimento nos casos, afirmando: “Eu não digo que ela é inocente dos quatro casos. Também não digo que ela participou ativamente desses quatro casos. Talvez tenha mais pessoas envolvidas. São fatos que tento apurar.”
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O caso envolvendo Ana Paula Veloso Fernandes permanece em investigação, com as autoridades buscando elucidar todos os detalhes e possíveis envolvidos. Os desdobramentos prometem novas informações à medida que as perícias são concluídas e novos elementos surgem. Acompanhe a editoria de Cidades para ficar por dentro das últimas notícias sobre este e outros casos de grande repercussão.
Crédito, Reprodução/Polícia Civil
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