📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
O Google confirmou seu plano de investir em uma usina de gás natural em Illinois, Estados Unidos, com o objetivo de capturar a maior parte das emissões de dióxido de carbono resultantes de suas operações. O anúncio reflete um passo estratégico da gigante tecnológica rumo a fontes de energia mais sustentáveis, buscando neutralizar o impacto ambiental de suas instalações.
A nova unidade de geração de energia, com capacidade de 400 megawatts, será edificada nos arredores da cidade de Decatur. Sua localização é estratégica, ao lado de uma planta de etanol operada pela Archer Daniels Midland (ADM), uma empresa que já realiza a captura de CO2 em suas atividades. A Google se comprometeu a adquirir a maior parte da eletricidade produzida pela usina para suprir a demanda de seus data centers adjacentes. Simultaneamente, a ADM utilizará parte do vapor e da energia elétrica gerados. O desenvolvimento desse empreendimento é liderado pela empresa Low Carbon Infrastructure.
Google Investe em Usina com Captura de Carbono em Illinois
A ambição da Google é significativa: a companhia declarou que pretende capturar aproximadamente 90% do dióxido de carbono gerado pela operação da usina. Esse percentual demonstra um compromisso notável com a redução de sua pegada de carbono, alinhando-se aos crescentes requisitos ambientais globais para grandes corporações. A integração com uma infraestrutura de captura de carbono já existente facilita esse ambicioso projeto.
Todo o dióxido de carbono capturado pela futura usina da Google será armazenado nas mesmas formações geológicas subterrâneas que já servem à instalação de etanol da ADM. Este local em particular é pioneiro nos EUA, abrigando o primeiro poço de armazenamento de CO2 a longo prazo do país, o que reforça a experiência da região com a tecnologia de mitigação de emissões. A escolha de um local com histórico consolidado em armazenamento geológico proporciona uma base para o projeto da Google.
No entanto, o processo não está isento de desafios. Tipicamente, cerca de 2.000 toneladas métricas de CO2 eram injetadas diariamente nesse poço. Contudo, em 2024, as injeções foram temporariamente suspensas quando a Agência de Proteção Ambiental (EPA) identificou a migração de salmoura salgada – um meio que armazena o CO2 dissolvido em grandes profundidades – para zonas não autorizadas. A ADM, conforme reportado pelo E&E News, atribuiu o vazamento à corrosão em um poço de monitoramento e afirmou que as injeções foram retomadas após a resolução do problema. Este incidente sublinha a complexidade e a necessidade de monitoramento rigoroso nas tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
Desafios e o Histórico da Captura de Carbono (CCS)
Embora a Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) se apresente como uma promissora solução para a redução de emissões em usinas termoelétricas movidas a carvão e gás natural, seu desempenho em campo tem sido inconsistente. Essa disparidade levanta questionamentos sobre a eficácia em larga escala e os potenciais riscos associados à tecnologia.
Um estudo recente, que avaliou 13 instalações de CCS — representando 55% de todo o carbono capturado globalmente —, revelou que a maioria não atingiu as expectativas prometidas. Por exemplo, uma unidade da ExxonMobil em Wyoming, especializada no processamento de gás natural, capturou 36% menos dióxido de carbono do que o previsto. O caso mais similar ao empreendimento da Google é uma usina de 115 megawatts no Canadá, que conseguiu capturar apenas cerca de 50% do que havia sido inicialmente prometido, evidenciando as dificuldades práticas na implementação dessa tecnologia. As discrepâncias entre a teoria e a prática são um fator crítico na avaliação da CCS como uma solução global.

Imagem: Getty via techcrunch.com
Implicações do Gás Natural e Vazamentos de Metano
Quando bem-sucedida, a tecnologia CCS pode auxiliar na mitigação da poluição gerada pela queima de gás natural para a produção de energia. Contudo, é fundamental notar que a captura de carbono nas usinas não aborda integralmente outro problema ambiental grave: os vazamentos de metano que ocorrem em toda a cadeia de suprimentos do gás natural. O metano é reconhecido como um gás de efeito estufa extremamente potente, com um potencial de aquecimento atmosférico 84 vezes maior do que o dióxido de carbono em um período de 20 anos.
Consequentemente, esses vazamentos podem alterar significativamente a contabilidade de carbono. Com taxas de vazamento de apenas 2%, a queima de gás natural sem controle pode se equiparar ao carvão em termos de impacto climático. Embora a captura do carbono gerado pela combustão reduza essa métrica, ela não elimina o aquecimento provocado pela extração e pelo transporte do gás natural. A Google e outras empresas que investem em captura de carbono precisam considerar a cadeia de suprimentos completa para obter uma solução ambientalmente robusta e abrangente. Para aprofundar no tema das soluções para o aquecimento global, você pode consultar o material da Agência de Proteção Ambiental dos EUA sobre captura e sequestro de carbono.
Confira também: crédito imobiliário
A iniciativa da Google de investir em uma usina de gás natural com captura de carbono em Illinois representa um avanço em seus esforços de sustentabilidade, embora a tecnologia CCS ainda enfrente desafios em sua implementação e não resolva a questão dos vazamentos de metano. A decisão demonstra o compromisso de grandes corporações com a descarbonização, mas ressalta a complexidade de alcançar uma neutralidade de carbono completa e eficaz. Continue explorando as últimas notícias e análises sobre inovações tecnológicas e políticas energéticas em nossa seção de Economia.
Crédito da imagem: Divulgação/Google
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados




