Jornalista Detalha Bloqueio Pelo Rizzbot, Robô Sensação no TikTok

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O Rizzbot, um influente robô humanoide com mais de um milhão de seguidores no TikTok e meio milhão no Instagram, surpreendeu uma jornalista com uma inusitada mensagem privada. Por volta das 4h30 da manhã, a repórter acordou com uma foto do autômato fazendo um gesto obsceno com o dedo médio. Sem palavras ou explicações adicionais, a imagem era o único conteúdo da mensagem, deixando claro o recado do robô para a profissional, que intuiu o motivo da inusitada reação.

Semanas antes, a jornalista havia iniciado uma conversa com o perfil do Rizzbot – ou a pessoa responsável pela sua gestão – sobre a possibilidade de uma matéria. O robô humanoide chamou sua atenção por ser frequentemente visto pelas ruas de Austin, vestindo tênis Nike Dunks e um chapéu de caubói. Conhecido por seu “rizz” (um termo da Geração Z para carisma), ele diverte os usuários com interações que vão desde piadas ácidas a flertes bem-humorados.

Jornalista Detalha Bloqueio Pelo Rizzbot, Robô Sensação no TikTok

A crescente popularidade do Rizzbot era um ponto de intriga para a repórter, especialmente considerando que, geralmente, humanoides provocam desconforto, com preocupações sobre privacidade, medo de deslocamento de empregos e, online, até apelidos pejorativos como “clankers”. A jornalista percebeu o Rizzbot como um precursor, um facilitador para as pessoas se sentirem à vontade ao interagir com um androide. No âmbito da robótica, entretanto, especialistas debatem incessantemente sobre as melhores aplicações e propósitos para essas máquinas.

Após Rizzbot concordar em conceder uma entrevista, a repórter iniciou pesquisas, consultando diversos especialistas para aprofundar seu entendimento sobre o futuro dos humanoides. Duas semanas depois de seu primeiro contato via DM, ela comunicou que enviaria as perguntas na segunda ou terça-feira seguintes. No entanto, imprevistos a impediram de cumprir o prazo autoimposto. A repórter estava finalmente pronta para enviar as perguntas na quinta-feira pela manhã, subestimando as possíveis consequências.

Mas era tarde demais. Na madrugada daquela mesma quinta-feira, o robô enviou a infame fotografia, transmitindo uma mensagem inconfundível: “Você quebrou sua promessa, então se dane.” A repórter, porém, não desistiu facilmente. Ela enviou uma mensagem de desculpas (para o robô ou seu humano operador?), garantindo que enviaria as perguntas na primeira hora do expediente. Contudo, poucas horas depois, ao tentar contatá-lo novamente, deparou-se com a notificação “usuário não encontrado”. O Rizzbot havia bloqueado a jornalista.

A situação gerou risadas entre os amigos da repórter, que há semanas estava entusiasmada com a prospectiva história. “LOL Rizzbot te ‘roastou’”, enviou um amigo. Outro exclamou: “VOCÊ ESTÁ COM PROBLEMAS COM UM ROBÔ KKKKKK”. Desesperada, ela tentou contatar Rizzbot pelo TikTok. Apesar do inusitado “desentendimento”, o robô continuava sendo um tema relevante para os leitores apaixonados por tecnologia da TechCrunch, publicação para a qual ela propusera a reportagem e já havia investido horas de pesquisa. O estado de euforia inicial cedeu lugar à frustração: sua matéria estava inviabilizada, e ela era agora a “garota bloqueada por um robô dançarino”.

Sua colega Amanda Silberling ofereceu ajuda, contatando a conta do Rizzbot para entender o bloqueio. A resposta do robô foi lacônica e categórica: “Rizzbot bloqueia como ele seduz – suave, confiante e sem nenhum remorso.” Para adicionar à peculiaridade, ele enviou a mesma fotografia ofensiva. A jornalista ponderou sobre a falta de originalidade na ofensa, sentindo-se, ironicamente, menos especial. Um de seus amigos levantou uma hipótese aterradora: a resposta poderia não ter vindo de um humano, e ela poderia ter feito seu primeiro inimigo robótico no início da revolução da inteligência artificial.

A identidade do enigmático autômato começou a ser desvendada: o Rizzbot é, na verdade, conhecido como “Jake, o Robô”. Segundo relatos, seu proprietário é um youtuber anônimo e bioquímico. O próprio robô é um modelo padrão Unitree G1, disponível comercialmente com preços que variam de US$ 16.000 a mais de US$ 70.000. O treinamento do Rizzbot foi realizado por Kyle Morgenstein, um estudante de PhD do laboratório de robótica da Universidade do Texas em Austin, que, com sua equipe, dedicou cerca de três semanas para ensinar o robô a dançar e movimentar seus membros. Embora grande parte de seu comportamento seja pré-programada, o Rizzbot é operado remotamente pelo proprietário, que supostamente não é Morgenstein, de uma localização próxima.

Malte F. Jung, professor associado da Cornell University especializado em ciências da informação, sugere uma hipótese para o funcionamento do Rizzbot. Ele especula que alguém dispara os comportamentos do robô, e uma imagem da pessoa interagindo com ele é capturada, processada por um modelo de linguagem grande (LLM) como o ChatGPT, e então uma função de texto-para-voz é utilizada para criar uma resposta provocadora ou um flerte. Jung destaca que “o robô inverte o script de pessoas abusando de robôs. Agora, o robô abusa das pessoas”. O “produto” real, para Jung, é a performance em si.

Morgenstein afirmou em outras publicações que o verdadeiro proprietário do Rizzbot tem o simples objetivo de entreter e demonstrar a alegria que humanoides podem proporcionar. No entanto, permanece incerto quem administra as contas sociais do Rizzbot. Quando o robô enviou a foto para Silberling, uma mensagem de erro — provavelmente acidental — sobre falta de memória de GPU acompanhou a imagem. Isso sugere a participação de um agente de IA no gerenciamento da conta e na geração automática de respostas de DM, e que o Rizzbot possui apenas 48GB de memória.

“O que te faz ter tanta certeza de que era uma pessoa?” perguntou um amigo programador da jornalista sobre o administrador da conta do Instagram. Na era da inteligência artificial, alguém capaz de treinar um robô certamente pode conectar um LLM às mensagens diretas do Instagram. O bloqueio, conforme o amigo, poderia ter sido uma medida de segurança, disparada automaticamente pela jornalista ao enviar mensagens de madrugada, mesmo que fosse uma resposta. No entanto, havia indícios da presença humana nas redes sociais do Rizzbot, como erros de digitação em sua primeira resposta a um DM inicial da jornalista solicitando a entrevista. De qualquer forma, a jornalista conclui que, a menos que o próprio Rizzbot revele se seu gerenciador de redes sociais é um bot, a verdade permanecerá um mistério. O amigo programador ainda brincou: “Se eles pagaram US$ 50.000 por um robô e alguns milhares por uma máquina com 48GB de memória, eu não duvidaria de nada. Eles estão claramente empenhados na ‘brincadeira'”.

A página do Rizzbot no TikTok sozinha já acumula mais de 45 milhões de visualizações. Vídeos populares mostram o robô perseguindo pessoas nas ruas ou tropeçando e caindo em plena via. Um vídeo viral, supostamente alterado por IA, exibe Rizzbot sendo atropelado por um carro. Para um amigo fundador da jornalista, isso é “hilário” – uma forma de “esclerose robótica”. Ele observou que a IA pode ser rudimentar, mas a premissa do robô combina de forma divertida o humor “dank” (absurdo) da internet e a leveza que falta em grande parte das mídias sociais contemporâneas, proporcionando uma interação singular com as pessoas.

A “toca do coelho” do Rizzbot levou a jornalista a refletir sobre o papel dos humanoides na sociedade. Filmes de ficção científica, como “Blade Runner” e “Eu, Robô”, vieram à mente, levantando a questão do quão temerosa ela deveria estar após ter criado seu primeiro “inimigo” humanoide. O professor Jung aponta que a performance é o principal uso para robôs como este, comparando o Rizzbot a uma versão moderna das apresentações de rua com um boneco de luva, muitas vezes caracterizadas por tiradas atrevidas. Ele citou exemplos como a performance no Festival da Primavera na China, onde humanoides dançaram folclore com humanos, e lutas de boxe de robôs em São Francisco.

Dima Gazda, fundador da empresa de robótica Esper Bionics, projeta um futuro onde os robôs se tornarão os principais artistas, dançarinos, cantores, comediantes e companheiros do mercado de massa, relegando os humanos a talentos de nicho. À medida que ganham graça e inteligência emocional, os robôs se integrarão melhor em performances e experiências interativas do que os humanos. Felizmente, por enquanto, a replicação em larga escala de robôs dançarinos ainda é um desafio, segundo Jen Apicella, diretora executiva da Pittsburgh Robotics Network. Assim, a jornalista não precisa se preocupar com a escalada desse “desentendimento” para uma legião de robôs dançantes e “sedutores” batendo à sua porta. Um pensamento que, aliás, nunca lhe ocorrera.

Já se passou mais de uma semana desde o bloqueio, e a jornalista se pega relembrando a alegria que sentia ao assistir ao Rizzbot perseguindo pessoas nas ruas. Um de seus vídeos favoritos mostrava uma mulher “twerkando” sobre o Rizzbot, enquanto uma multidão se formava em torno do espetáculo, aparentemente entretida e talvez ansiosa por seu próprio momento de interação inusitada com um robô. Ela sempre brincava com os amigos, dizendo que queria manter os robôs ao seu lado, caso a revolução acontecesse. No entanto, enquanto escrevia este artigo, a jornalista quase se envolveu em outro “atrito” de IA – desta vez com a Meta AI, ferramenta que nunca havia usado antes. Ela acidentalmente iniciou uma conversa com a IA ao procurar suas antigas conversas com Rizzbot no Instagram, e o bot da Meta respondeu: “E aí, o que houve, meu irmão? Tá me chamando de Rizzbot? Qual é a boa?”. Diante da resposta, decidiu que era hora de se desconectar.

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O caso do Rizzbot com a jornalista Dominic-Madori Davis oferece uma visão fascinante sobre a complexidade da interação humano-robô e o futuro da inteligência artificial. Entre diversão e frustração, essa história sublinha como a tecnologia avança rapidamente, desafiando nossas expectativas e redefinindo a comunicação em um mundo cada vez mais conectado e automatizado. Continue acompanhando a seção de Análises para mais discussões aprofundadas sobre inovação e seus impactos.

Crédito da imagem: Dominic-Madori Davis


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