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Alemanha inclui alerta de guerra em guia de crises nacional. Em uma medida que reflete uma percepção de crescente incerteza global, o governo da Alemanha atualizou um manual fundamental de proteção civil, agora incluindo um alerta explícito para a possibilidade de um conflito armado. Esta é a primeira vez em 35 anos que tal aviso é integrado ao guia, um documento crucial para orientar os cidadãos em situações de emergência extremas.
O alerta enfatiza que “a guerra não parece mais tão impossível quanto há alguns anos”, uma declaração notável dentro de um país geralmente reconhecido por sua alta segurança. A inclusão dessa temática aponta para uma reavaliação dos riscos nacionais frente ao panorama geopolítico contemporâneo, divulgada em 22 de outubro de 2025.
Intitulado “Preparando-se para Crises e Desastres”, o documento sublinha que, embora a nação permaneça segura, ela também enfrenta “crises que estão interrompendo nossas rotinas diárias”. O guia detalha uma série de recomendações práticas para os habitantes sobre como proceder em casos como desastres naturais, acidentes químicos ou nucleares, e, agora, explicitamente, na hipótese de um ataque militar.
Alemanha inclui alerta de guerra em guia de crises nacional
Elaborado pelo Escritório Federal de Proteção Civil e Assistência em Desastres (BBK, em sua sigla original), uma agência ligada ao Ministério do Interior alemão, o manual deste mês aborda diretamente o “pior dos cenários: um ataque militar”. A iniciativa surge em um momento de crescentes preocupações com a estabilidade europeia e global, instando a população a se preparar ativamente para imprevistos. O presidente do BBK, Ralph Tiesler, afirmou, por ocasião do lançamento recente do guia, que “vivemos uma situação global que preocupa a muitos”, e que o objetivo é “oferecer apoio e orientação a pessoas preocupadas ou que necessitem de informação”. Ele defende que todas as famílias na Alemanha devem ter acesso a este guia, seja em formato analógico ou digital, e familiarizar-se com seu conteúdo.
Escopo Abrangente das Recomendações do Guia
O documento vai além das ameaças de guerra, explorando a amplificação de eventos climáticos extremos e o impacto de ciberataques, desinformação e sabotagem na infraestrutura, opinião pública e coesão social. Conforme o texto, “se algo acontecer, é melhor estar preparado”. Entre as diversas recomendações práticas, que inclusive contam com ilustrações, os cidadãos alemães são aconselhados sobre uma gama de tópicos essenciais, incluindo:
- Como estocar alimentos e bebidas de forma adequada.
- Estratégias para se manter informado e identificar fontes de informação confiáveis durante uma crise.
- Formas de lidar com medos e ansiedades, tanto pessoais quanto na comunicação com crianças.
- Gestão de emergências médicas, incluindo tratamentos básicos.
- Técnicas para cozinhar sem energia e soluções para falta de aquecimento.
- Respostas a incêndios domésticos.
- Orientações para o armazenamento seguro de documentos essenciais.
- Instruções para procurar abrigo e encontrar proteção contra explosões.
Desde sua primeira publicação em 1990, o guia tem sido uma referência para a proteção civil. No entanto, suas versões anteriores não continham menções explícitas a conflitos armados, marcando a atual edição como um ponto de virada significativo na comunicação oficial de riscos. Além disso, o manual lista números de telefone de emergência e uma relação de produtos essenciais que toda família deve ter em casa.
Contexto Europeu de Preparação para Crises
A Alemanha não está sozinha em suas diretrizes de preparação. Muitos países europeus, desde o século 20, têm desenvolvido e publicado orientações para seus cidadãos sobre como reagir a situações extremas. Alguns, inclusive, investem pesadamente em infraestruturas especializadas, como bunkers, para abrigar suas populações em caso de necessidade.
Imagem: bbc.com
Um exemplo notável é a Suíça, que detém a maior concentração de abrigos nucleares per capita do mundo. Com mais de 370 mil estruturas, o país possui uma capacidade de abrigo superior à sua população de 8,8 milhões de habitantes. A legislação suíça de 1963 assegura a cada cidadão, incluindo estrangeiros e refugiados, o direito a uma vaga em um bunker em cenários de conflito armado ou desastre nuclear em seu próprio país ou em uma nação vizinha. Cada espaço individual deve ter no mínimo um metro quadrado, e os abrigos precisam estar acessíveis a no máximo 30 minutos a pé de qualquer residência, estendendo-se a 60 minutos em regiões montanhosas.
Outros governos também têm intensificado alertas sobre a crescente probabilidade de conflitos militares. No Reino Unido, por exemplo, uma revisão estratégica da Defesa britânica, divulgada em julho deste ano, destacou que o país está “entrando em uma nova era de ameaças e desafios”. O documento aponta para um “mundo mais volátil e incerto do que em qualquer outro momento dos últimos 30 anos”, evoluindo “em um ritmo notável”. A revisão salienta que o Reino Unido e seus aliados estão “mais uma vez ameaçados diretamente por outros Estados com forças militares avançadas” e já sob ataques diários, que incluem “espionagem a ataques cibernéticos e manipulação de informações”, causando “danos à sociedade e à economia”.
O texto do Ministério da Defesa britânico conclui, ainda, que “o conflito entre Estados retornou à Europa”, com a Rússia “demonstrando sua disposição de usar força militar, infligir danos a civis e ameaçar usar armas nucleares para atingir seus objetivos”, o que corrobora a seriedade dos avisos emitidos pela Alemanha.
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A atualização do guia de proteção civil alemão e as advertências de nações como Suíça e Reino Unido reforçam a urgência da preparação individual e coletiva para cenários de crise de magnitude variada. Este é um convite à reflexão sobre a resiliência e a prontidão diante de um ambiente global em constante mutação. Mantenha-se informado acompanhando as análises e notícias da nossa editoria de análise geopolítica sobre a segurança europeia.
Crédito: Getty Images
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