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Enquanto um vasto número de startups de vibe coding ascenderam ao status de “unicórnios”, com valorações que atingem a casa dos bilhões de dólares, uma área específica da programação assistida por inteligência artificial (IA) tem encontrado barreiras significativas para prosperar: os dispositivos móveis. Apesar da crescente disponibilidade de aplicações que oferecem ferramentas de vibe coding para plataformas mobile, uma análise detalhada revela que poucas conseguem capturar um número relevante de downloads, e menos ainda geram receitas significativas para seus criadores.
O conceito de vibe coding, ou programação assistida por IA, tem revolucionado a forma como o código é gerado e otimizado em ambientes de desenvolvimento desktop. Contudo, essa efervescência e sucesso não se traduziram de forma equivalente para o universo dos smartphones e tablets, onde os aplicativos dedicados permanecem em uma fase embrionária, enfrentando desafios substanciais para conquistar usuários e se monetizar efetivamente. O potencial é inegável, mas a execução e a adoção no cenário móvel ainda demandam tempo e aprimoramento.
Aplicativos de Vibe Coding Falham em Decolar no Mobile
Um levantamento abrangente das tendências globais nas lojas de aplicativos, realizado pela provedora de inteligência Appfigures, corroborou a baixa aderência. A pesquisa indicou que apenas um número reduzido de aplicativos mobile dedicados ao vibe coding conseguiu algum volume de downloads, e a geração de receita é uma realidade para uma fatia ainda menor. Este cenário aponta para uma lacuna entre o alto potencial percebido da tecnologia e sua aceitação prática em plataformas portáteis, um contraste nítido com o sucesso já consolidado em outras vertentes da IA generativa de código.
Análise de Mercado: Números Fracos e Baixa Receita
Os dados apresentados pela Appfigures destacam as dificuldades. O aplicativo de maior projeção neste nicho, “Instance: AI App Builder”, registrou aproximadamente 16.000 downloads e um total de US$ 1.000 em gastos por parte dos consumidores. Estes números, embora liderem o segmento, são modestos quando comparados ao desempenho esperado de uma tecnologia com tanto alarde. Em segundo lugar, o “Vibe Studio” contabilizou meros 4.000 downloads e, de forma ainda mais expressiva, não gerou qualquer receita. Esta discrepância entre o potencial de mercado da tecnologia de vibe coding e a realidade de seus produtos móveis levanta questões sobre usabilidade, funcionalidade e o modelo de negócio adotado até o momento pelos desenvolvedores neste espaço.
Esses resultados, embora desanimadores para o momento atual, são reflexo de um mercado que ainda está em seus primeiros passos. A natureza incipiente da indústria e o constante processo de aprimoramento dos algoritmos e das interfaces desses aplicativos sugerem que o panorama pode sofrer alterações significativas no futuro. Desenvolvedores estão continuamente trabalhando para refinar suas ferramentas, corrigir falhas e aprimorar a experiência do usuário, na esperança de que um avanço tecnológico ou uma mudança na demanda possa catalisar o crescimento.
Apesar das Dificuldades, Novas Iniciativas Surgem no Cenário Mobile
O surgimento contínuo de novas propostas reforça o otimismo cauteloso. Este ano, por exemplo, a startup Vibecode fez sua estreia com um aporte inicial de US$ 9,4 milhões em capital semente, proveniente do Seven Seven Six, fundo liderado por Alexis Ohanian, cofundador da Reddit. O serviço inovador da Vibecode possibilita que usuários criem aplicativos móveis utilizando inteligência artificial diretamente por meio de seu próprio aplicativo para iOS. Por ser uma adição tão recente ao mercado, a Appfigures ainda não dispõe de dados de desempenho para o Vibecode, o que o torna um ponto de interrogação e, ao mesmo tempo, um vetor de esperança para o futuro do vibe coding no segmento móvel.
Enquanto o ecossistema de aplicativos dedicados ao vibe coding em dispositivos móveis busca seu espaço, a principal forma como as pessoas interagem com essa tecnologia de geração de código é, por ora, através de plataformas de desktop. Nestes ambientes, desenvolvedores e entusiastas encontram ferramentas mais robustas e interfaces que se adaptam melhor à complexidade da codificação assistida por IA. No entanto, o impacto da vibe coding no cenário mobile não se limita à criação de novos aplicativos diretamente nessas plataformas; há uma faceta da tecnologia que já opera ativamente, impulsionando e otimizando uma série de aplicativos móveis já existentes no mercado.
A Outra Face da Vibe Coding: Impulsionando Aplicativos Existentes
Paradoxalmente, embora os aplicativos nativos de vibe coding não ganhem tração, a tecnologia por trás dela já tem uma presença significativa nos dispositivos móveis, operando nos bastidores. O vibe coding está, na verdade, impulsionando um número crescente de aplicativos mobile já estabelecidos. Um exemplo notável é a plataforma de assinaturas RevenueCat, utilizada por mais de 50.000 aplicativos em todo o mundo. A empresa relata que a tecnologia de vibe coding suporta as compras in-app de mais de 50% de todos os aplicativos iOS construídos com IA que estão atualmente disponíveis no mercado, demonstrando um papel crucial na infraestrutura de monetização digital.
Os dados do RevenueCat sublinham a importância indireta da inteligência artificial no desenvolvimento de aplicativos. A empresa revelou ao site TechCrunch que a porcentagem de aplicativos que recorreram aos seus serviços de monetização após serem referenciados por um assistente ou plataforma de IA – ou seja, quando um chatbot de IA sugeriu o RevenueCat ao cliente – teve um salto impressionante. Esse número disparou para mais de 35% de todas as novas inscrições no segundo trimestre deste ano, em comparação com menos de 5% no mesmo período do ano anterior. Essa mudança radical aponta para uma integração profunda e cada vez maior da IA no processo de descoberta e escolha de ferramentas de monetização para desenvolvedores.

Imagem: Getty via techcrunch.com
Com cerca de 50% de todos os aplicativos móveis que processam pagamentos já utilizando a plataforma, o RevenueCat se tornou um pilar. A empresa destaca que desenvolvedores que empregam vibe coding usam seus serviços para configurar automaticamente suas assinaturas através de ferramentas como Cursor e Claude Code, via seu servidor RevenueCat MCP. Esta funcionalidade simplifica consideravelmente a criação de assinaturas, testes de planos e recursos, tornando o processo de monetização mais ágil e eficiente para os programadores que buscam otimizar suas ofertas de aplicativos de forma assistida por IA.
Desafios e o Potencial do Futuro da IA Generativa de Código
Apesar do crescente interesse e da inovação observada, há um consenso prevalente de que o vibe coding ainda não está pronto para o “horário nobre” do desenvolvimento mobile. Uma análise recente conduzida por uma fonte proeminente do setor indicou que, embora o potencial seja grande, a tecnologia ainda possui um longo caminho a percorrer para amadurecer. Desenvolvedores que trabalham diretamente com código gerado por IA expressaram a necessidade de melhorias significativas. Em um estudo independente da Fastly, por exemplo, aproximadamente 95% dos quase 800 desenvolvedores entrevistados revelaram que precisavam dedicar tempo extra considerável para corrigir e ajustar o código gerado por sistemas de inteligência artificial.
Essa dependência da revisão humana, apesar dos avanços da IA, aponta para desafios em termos de precisão, confiabilidade e complexidade que as ferramentas atuais ainda não conseguem superar totalmente de forma autônoma. A fase de testes e refinamento do código, crucial para a integridade e funcionalidade de qualquer aplicativo, permanece sendo um gargalo para a plena automação proporcionada pelo vibe coding.
Demanda dos Desenvolvedores Permanece Alta Apesar dos Desafios
Contrariando a estagnação dos aplicativos dedicados e os desafios na correção de código, a demanda dos usuários e, em particular, dos desenvolvedores por ferramentas de IA generativa de código, continua a crescer exponencialmente. Uma pesquisa da Stack Overflow de 2025 indicou que 84% dos respondentes já estão utilizando ou planejam integrar ferramentas de inteligência artificial em seu processo de desenvolvimento, um aumento significativo em relação aos 76% registrados no ano anterior. Essa estatística demonstra a confiança e a expectativa que a comunidade de desenvolvedores deposita na evolução da IA para auxiliar na programação.
Adicionalmente, um levantamento conduzido neste verão pelo portal de tecnologia The Information revelou que 75% dos participantes já estão, ao menos, experimentando o vibe coding em seus projetos. Reforçando essa tendência, um estudo de maio de 2025 da plataforma de inteligência de software Jellyfish, conforme divulgado pela Business Insider, constatou que 90% dos entrevistados já haviam integrado IA em suas atividades profissionais, uma ascensão notável comparada aos 61% do ano anterior. Tais números consolidam a IA como uma força irreversível no cenário da tecnologia e do desenvolvimento, mesmo que o caminho para o sucesso dos aplicativos móveis de vibe coding direto ainda seja incerto.
Em suma, enquanto os aplicativos móveis de vibe coding independentes ainda enfrentam dificuldades em conquistar o mercado, a tecnologia subjacente de geração de código por IA continua a impulsionar a inovação e o desenvolvimento, especialmente no apoio a aplicativos existentes. Os dados indicam uma forte demanda dos desenvolvedores pela IA na codificação, apesar dos desafios técnicos de refino e depuração. O mercado é dinâmico, e futuras evoluções prometem transformar o cenário. Para mais análises aprofundadas sobre tendências e inovações no mundo da tecnologia e do desenvolvimento, continue explorando nossa editoria de Análises.
Screenshot from Appfigures
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