📚 Continue Lendo
Mais artigos do nosso blog
A transição de veículos práticos para um automóvel de luxo elétrico, como o BMW i4, prometia uma nova era de condução. Contudo, para muitos proprietários, essa jornada tem se transformado em uma série de desafios tecnológicos. A frustração com o sistema de software e funcionalidades digitais do BMW i4, um modelo de destaque entre os veículos elétricos de alto padrão, tem gerado um cenário de desapontamento crescente, levando alguns a antecipar ansiosamente o fim de seus contratos de leasing.
Inicialmente, o apelo do i4 era notável. Diferentemente de outros modelos elétricos, que por vezes exibem designs futuristas e polarizantes, o BMW i4 destaca-se pela sua estética sóbria e elegante, parecendo um carro convencional que simplesmente é elétrico. Essa discrição, combinada com a sua relativa raridade em regiões como o Norte da Califórnia e a variedade de cores disponíveis – incluindo o sofisticado Cinza Brooklyn, que oferecia uma gama de personalização superior a outras marcas –, atraiu muitos entusiastas. Os relatos iniciais sobre possíveis problemas de software por parte dos primeiros usuários foram muitas vezes ignorados, ofuscados pela expectativa de uma experiência de condução suave e esteticamente agradável. Os primeiros quilômetros ao volante reforçaram essa percepção inicial, com o veículo proporcionando uma sensação de requinte e desempenho.
👉 Leia também: Guia completo de Noticia
A Desilusão Digital: Falhas Cruciais no Cotidiano
Quase dois anos após o início de um contrato de leasing, a experiência de luxo esperada se viu drasticamente comprometida. O motivo central da insatisfação reside em uma série de falhas de software tão graves que chegam a fazer com que carros mais antigos e básicos pareçam modelos de confiabilidade. Os problemas variam desde funcionalidades básicas até questões de segurança, afetando diretamente a usabilidade do veículo no dia a dia.
Chave Digital e Acesso ao Veículo: Um Obstáculo Diário
Um dos problemas mais básicos e irritantes apontados pelos usuários do BMW i4 diz respeito à sua chave digital. Em diversas ocasiões, proprietários se veem impedidos de destravar as portas do carro utilizando o smartphone, mesmo com o recurso BMW Digital Key projetado especificamente para essa finalidade. O que pode soar como um inconveniente trivial transforma-se em um transtorno significativo, especialmente em situações corriqueiras como tentar equilibrar compras que estão derretendo enquanto se luta para abrir o próprio carro, sob o olhar de terceiros que podem interpretar a situação como uma tentativa de furto.
A extensão do problema da chave digital é tal que a comunidade de proprietários da BMW chegou a compartilhar elaboradas soluções paliativas, que beiram o absurdo em sua complexidade. Esses passos são tão detalhados que remetem a instruções para desarmar um artefato explosivo, sublinhando a dificuldade de uma função que deveria ser instantânea e intuitiva. Uma dessas soluções compartilhadas ilustra bem a extensão da dificuldade:
- Abrir o aplicativo BMW no smartphone para destravar a porta.
- Fazer login com o BMW ID no sistema iDrive.
- Colocar o iPhone na bandeja de carregamento do veículo.
- Aguardar até que a chave digital reapareça no aplicativo Wallet.
- Clicar duas vezes no botão lateral, autenticar com o Face ID e, finalmente, dar partida no carro.
Essa sequência de etapas é um testemunho da desconexão entre a funcionalidade esperada de um sistema “digital” e a realidade enfrentada pelos usuários, evidenciando uma falha fundamental no design da experiência do usuário.
Gerenciamento de Perfis: Complexidade Excessiva
O sistema de perfis de usuário do BMW i4 também se mostra uma fonte de frustração. A criação de perfis de convidado é muitas vezes infrutífera, resultando na “rebaixamento” do proprietário para o último nível da hierarquia de usuários. Na prática, isso significa que se outra pessoa dirige o carro, mesmo que por uma única vez, o veículo pode se conectar automaticamente ao telefone dela e reproduzir sua playlist assim que estiverem ao alcance do Bluetooth. O design do sistema de perfis é descrito como “super-engenharia” por proprietários, exigindo etapas de vinculação explícitas que, idealmente, deveriam ocorrer de forma automática e inteligente.
Conectividade e Sistemas de Entretenimento: Desafios Constantes
A integração do CarPlay nos veículos BMW i4 tem variado de uma funcionalidade deficiente a um perigo ativo. Atualizações de software frequentemente comprometem o funcionamento do CarPlay, demandando reboots completos do sistema de infotainment iDrive para restaurar a funcionalidade. Um problema particularmente exasperante ocorre com a câmera de ré: ao engatar a marcha a ré com a navegação do CarPlay ativa, ao retornar para a marcha normal, o sistema é redirecionado para a tela inicial, perdendo as direções de navegação em vez de retomar o trajeto original. Além disso, a própria câmera de ré torna-se praticamente inútil em condições de baixa luminosidade, e a tela frequentemente atinge temperaturas excessivamente elevadas ao toque.
O Enigma das Luzes Externas Acesa
Outra peculiaridade do BMW i4 está relacionada ao sistema de iluminação externa. Caso o carro não seja trancado manualmente após o condutor se afastar, é possível que as luzes permaneçam acesas na garagem por tempo indeterminado. O que parecia erro humano inicial, logo foi identificado como uma característica do i4: um “modo de pseudo-suspensão” que mantém as luzes e outros sistemas ativos, resultando no consumo desnecessário da bateria. Esse problema, relatado por múltiplos proprietários, mostra que o veículo fica “iluminado como um farol” por horas, drenando energia e levantando dúvidas sobre a eficiência e inteligência dos sistemas embarcados.

Imagem: techcrunch.com
Questões de Segurança e Confiabilidade de Atualizações
Para além das irritações cotidianas, existem preocupações legítimas de segurança associadas ao BMW i4. O modelo de 2022 foi alvo de seis recalls em seu primeiro ano, incluindo um particularmente grave que alertava os proprietários sobre riscos de incêndio quando o carro estava estacionado, com a recomendação expressa de cessar a condução imediatamente. Posteriormente, outros recalls foram emitidos, envolvendo unidades de controle da bateria que poderiam causar perda súbita de energia, destacando falhas críticas em componentes essenciais do veículo.
A BMW disponibiliza atualizações de software para o i4 a cada poucos meses, mas o processo em si é fonte de problemas adicionais. Essas atualizações, paradoxalmente, rotineiramente quebram os serviços conectados, privando os proprietários de acesso a informações de trânsito, dados meteorológicos, funções de estacionamento remoto e até mesmo a conectividade com o aplicativo MyBMW. O próprio sistema de atualização “over-the-air” (OTA) é considerado instável, com relatos de atualizações que ficam “travadas” em determinadas porcentagens por dias, forçando os proprietários a visitas às concessionárias para instalações manuais, o que representa um atraso e um inconveniente consideráveis.
Preço Premium, Experiência Abaixo do Esperado
A gravidade desses problemas é ainda mais destacada pelo posicionamento de mercado do BMW i4 como um produto premium. Os preços iniciais de um i4, para quem compra em vez de aluga, ultrapassam os 50.000 dólares, com modelos bem equipados chegando a custar 70.000 dólares ou mais. Este valor elevado contrasta com a experiência inconsistente e frustrante fornecida pelo software. Proprietários de veículos de custo mais baixo, incluindo modelos Hyundai e Lexus, reportam uma conectividade impecável e experiências de usuário fluidas, o que coloca em xeque a justificativa do investimento em um BMW i4.
Embora não seja afirmado explicitamente, a situação sugere que a empresa pode ter lançado esses carros no mercado sem o devido teste de seu ecossistema digital, tratando, na prática, seus clientes como testadores beta, sem a devida consideração pelo seu bem-estar e pela experiência de condução prometida em um veículo de luxo.
📌 Confira também: artigo especial sobre redatorprofissiona
Apesar do desejo genuíno de que a experiência com o BMW i4 fosse bem-sucedida – o carro é inegavelmente belo e proporciona uma excelente experiência de condução, representando o que muitos desejam em um veículo elétrico –, a constante batalha com funcionalidades básicas como destravar portas, conectar o telefone ou obter direções se tornou insustentável. A necessidade de memorizar e executar soluções paliativas para falhas persistentes torna a propriedade do veículo uma fonte diária de exasperação, até mesmo para usuários com conhecimento em tecnologia. A expectativa é que as atualizações de software melhorem a experiência, mas a realidade tem sido de que estas frequentemente criam novos problemas ou quebram funcionalidades existentes.
Diante desse cenário de frustrações e desapontamentos contínuos com a interface e o desempenho do software, muitos proprietários, antes entusiastas, aguardam o fim de seus contratos de leasing. A ideia de retornar o BMW i4 à concessionária, ao invés de renovar a relação com a marca, se tornou uma expectativa. Apesar da beleza do design e do desempenho mecânico do veículo, o software deficiente acaba por sabotar a experiência geral, levando ao fim de uma relação que parecia promissora, mas se revelou tecnologicamente problemática.
Com informações de TechCrunch
Recomendo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados