Bolsonaristas reagem ao elo entre Lula e Trump na ONU

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A repercussão entre bolsonaristas acerca do breve encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU, demonstrou uma complexa interpretação. O cenário, inicialmente gerado pelo elogio de Trump ao líder brasileiro – classificando-o como “um cara legal” e expressando a intenção de uma reunião futura – foi rapidamente analisado como uma “firmeza estratégica combinada com inteligência política” pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O episódio aconteceu durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, onde Trump, em seu discurso proferido na terça-feira, 23 de setembro, não poupou elogios ao presidente Lula. O líder americano descreveu um encontro conciso: “Nós o vimos, eu o vi. Ele me viu e nos abraçamos. E então eu disse: ‘Você acredita que vou falar em apenas dois minutos?’ Na verdade, combinamos de nos encontrar na semana que vem. Não tivemos muito tempo para conversar, uns vinte segundos e pouco, pensando bem”, relatou Trump. Pouco depois, a assessoria de Lula confirmou o breve contato e a proposição para uma reunião formal.

A breve interação entre os dois presidentes, segundo apurações, ocorreu após Trump assistir ao discurso de Lula por um telão. O cumprimento e a rápida conversa vieram a público em um contexto de intensa observação política. Contudo, apesar do otimismo manifestado pelos apoiadores do governo, especialistas na área internacional costumam analisar com prudência os movimentos de Trump, considerando suas táticas de negociação, que frequentemente levam a resultados inesperados. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), radicado nos Estados Unidos, interpretou a iniciativa de Trump como uma mostra da sua “genialidade” enquanto negociador. Para ele, nada do que ocorreu foi meramente acidental, mas parte de uma estratégia calculada.

Bolsonaristas reagem ao elo entre Lula e Trump na ONU

A leitura de Eduardo Bolsonaro aponta para uma tática precisa: “Nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações”, afirmou o deputado em sua plataforma X (antigo Twitter). O parlamentar fez uma ligação direta entre o aceno de Trump e a imposição de sanções contra a esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), interpretando a medida como um “recado claro e direto”.

Especificamente, na segunda-feira, 22 de setembro, o Departamento de Estado americano anunciou a sanção à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, fundamentando-se na Lei Magnitsky. O próprio Alexandre de Moraes, responsável por relatar a ação penal que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por crimes de golpe de Estado, já havia sido submetido a essa mesma lei no final de julho. A Lei Magnitsky Global representa uma das penalidades mais rigorosas à disposição dos EUA contra estrangeiros considerados por eles como responsáveis por violações graves de direitos humanos e práticas de corrupção. A aplicabilidade desta lei sublinha a seriedade das ações diplomáticas e as implicações nas relações internacionais. Mais informações sobre o programa de sanções podem ser acessadas diretamente no U.S. Department of State.

O deputado continuou sua explanação sobre o modus operandi de Trump. “Depois disso, [Trump] sorriu e mostra-se aberto a dialogar em uma posição infinitamente mais confortável, fiel àquilo que sempre defendeu: os interesses dos americanos em primeiro lugar. É a marca registrada de Trump: firmeza estratégica combinada com inteligência política”, ressaltou Eduardo. Essas declarações ocorreram em um momento de tensões políticas no Brasil, com a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciando o próprio Eduardo Bolsonaro. A acusação é por coação no curso de processo, sob a alegação de que ele articulou sanções contra o país e autoridades brasileiras na tentativa de influenciar o resultado do julgamento de Jair Bolsonaro por golpe de Estado.

Em meio a esses acontecimentos, Eduardo Bolsonaro reiterou seu posicionamento com uma questão retórica: “Ao final Trump ainda arrebatou que sem os EUA o Brasil vai mal. Ou seja, não há para onde correr, o Brasil precisa dos EUA, reconheça isto ou não. Entende porque confiamos na anistia ampla, geral e irrestrita?”. Além das controvérsias internacionais, o deputado enfrentou um revés político interno. Nesta mesma terça-feira, Hugo Motta (Republicanos-PB), o presidente da Câmara dos Deputados, negou a solicitação do Partido Liberal (PL) para que Eduardo assumisse a liderança da minoria na Casa. O cargo é almejado porque dispensa a presença física do parlamentar nas sessões.

Bolsonaristas reagem ao elo entre Lula e Trump na ONU - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

A recusa de Motta é crucial, visto que Eduardo Bolsonaro está fora do país desde fevereiro deste ano. Com a decisão, as faltas do deputado, que estavam travadas devido a uma licença anterior, voltam a ser contabilizadas. Conforme as normas regimentais da Câmara, um parlamentar não pode ultrapassar um terço de ausências não justificadas em sessões deliberativas, sob pena de perder o mandato. O parecer de Motta enfatizou que “A ausência de comunicação prévia sobre o afastamento do território nacional, como ocorre no caso em análise, constitui, por si só, uma violação ao dever funcional do parlamentar”, adicionando que “essa omissão impede que a ausência à Casa seja enquadrada em qualquer hipótese de excepcionalidade que autorize o registro de presença à distância”.

Corroborando a perspectiva de Eduardo Bolsonaro, o empresário e influenciador Paulo Figueiredo, notório aliado e neto do ex-presidente João Batista Figueiredo, também enalteceu a inteligência de Trump. Ele classificou o líder americano como “gênio” e defendeu a tese de que o encontro com Lula seria uma estratégia de negociação, visando fortalecer sua posição. Paulo Figueiredo, assim como Eduardo Bolsonaro, também foi denunciado pela PGR por sua participação nos eventos. Em postagem similar à do deputado, Figueiredo declarou: “Deixou o presidente brasileiro numa situação impossível: ter que ir para a mesa de negociação ouvir verdades e negociar algo que não tem como cumprir. Entenderam que a anistia será ampla, geral e irrestrita?”.

Em contraponto às discussões sobre anistia e estratégia, manifestações em diversas capitais brasileiras ocorreram no domingo, 21 de setembro, posicionando-se contra o perdão a indivíduos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e repudiando a proposta da PEC da Blindagem. No âmbito da própria família Bolsonaro, Carlos Bolsonaro (PL-RJ), vereador e filho do ex-presidente, endossou a visão aliada ao afirmar que o discurso de Trump na ONU representou “uma verdadeira lição de soberania nacional”.

O breve contato e o elogio de Donald Trump ao presidente Lula, interpretado sob lentes estratégicas pelos bolsonaristas, evidenciam a complexidade das relações políticas internas e externas. Os desdobramentos dessas interações continuam a pautar debates sobre anistia, soberania e a atuação de figuras políticas de alta visibilidade. Para aprofundar-se em como eventos globais afetam a política interna, acesse outras notícias da editoria de Política e mantenha-se informado sobre os desdobramentos que moldam o panorama nacional e internacional.

Crédito: REUTERS/Al Drago


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