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A presença da Casa Branca no Bluesky, a nova plataforma social, gerou uma resposta imediata e, para muitos, previsível: o perfil se tornou uma das contas mais bloqueadas em tempo recorde. A administração Trump decidiu expandir seus ataques políticos a adversários democratas para esta nova rede social, com a entrada da Casa Branca e de diversas agências governamentais na plataforma na última sexta-feira.
Desde seu anúncio de chegada, o comportamento da Casa Branca e de outros órgãos de governo no Bluesky, amplamente conhecido como uma alternativa de esquerda ao X (anteriormente Twitter) de Elon Musk, rapidamente provocou uma onda de descontentamento e ações por parte dos usuários. A estratégia adotada, com tom provocativo e posts visando figuras democratas, encontrou forte resistência, consolidando a conta oficial como um dos alvos principais de bloqueios.
Casa Branca no Bluesky: Uma das Contas Mais Bloqueadas
O perfil da Casa Branca marcou sua estreia na plataforma com uma postagem contendo um “reel” de destaques da era Trump, misturando imagens e memes, acompanhada da mensagem intrigante: “E aí, Bluesky? Achamos que vocês poderiam ter perdido alguns de nossos maiores sucessos, então montamos isso para vocês”. A abordagem descontraída e com insinuações políticas foi um prelúdio para o que viria a seguir e para a rápida escalada de bloqueios que posicionaria a conta entre as menos desejadas na rede.
Além da conta presidencial, um leque de outras agências governamentais também seguiu o mesmo caminho, criando perfis no Bluesky. Entre elas, destacam-se o Departamento de Segurança Interna, o Departamento de Comércio, o Departamento de Transporte, o Departamento do Interior, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o Departamento de Estado e o Departamento de Guerra. De forma coordenada, todas essas novas contas publicaram rapidamente mensagens críticas aos democratas, atribuindo a eles a responsabilidade pelo impasse no governo que resultava em uma paralisação das atividades federais.
Uma dessas mensagens, vinda do Departamento de Estado, declarava: “Soubemos que este é um ótimo lugar para ter um diálogo aberto e honesto, então estamos aqui para falar sobre como a paralisação democrata está minando nosso país no cenário mundial.” Este tipo de declaração, feita por órgãos governamentais, não passou despercebido por especialistas. De acordo com eles, afirmações como essa potencialmente infringem a Lei Hatch, uma legislação americana que proíbe funcionários do executivo federal de se envolverem em atividades políticas enquanto em serviço ou usando recursos oficiais, visando garantir a imparcialidade governamental.
Estratégia Provocativa e Reação dos Usuários
O tom geral das mensagens publicadas pelos órgãos governamentais era jovial e com características de “trolling”, o que sugere que as equipes de mídia social da administração Trump esperavam, e talvez até desejavam, uma resposta negativa por parte dos usuários. Essa expectativa alinhava-se à reputação do Bluesky como uma rede social majoritariamente de esquerda, oferecendo um contraste cultural com plataformas mais neutras ou alinhadas a pautas conservadoras.
E a resposta dos usuários do Bluesky veio a calhar. Muitas das réplicas à publicação inicial da Casa Branca evocaram a relação do ex-presidente Donald Trump com Jeffrey Epstein, figura conhecida por crimes sexuais. Esse foi um exemplo claro de como a comunidade da plataforma não se intimidou pela presença governamental e estava disposta a levantar questionamentos polêmicos. Ben Collins, CEO do site de humor “The Onion”, sintetizou a situação com uma publicação mordaz: “A razão pela qual estão vindo atrás deste lugar é porque não conseguem controlar as pessoas nele e isso os deixa loucos.”
Ao mesmo tempo, diversas contas populares dentro da rede, como a do comediante Paul F. Tomkins, encorajaram seus seguidores a simplesmente bloquear os perfis recém-chegados, reforçando a ideia de que essa era a forma mais eficaz de lidar com o que percebiam como uma invasão. Tomkins declarou, de forma jocosa, que “é estranhamente divertido bloquear a Casa Branca”, transformando o ato de bloqueio em uma forma de protesto e engajamento light.
Imagem: Getty via techcrunch.com
Números de Bloqueio Alarmantes em Tempo Recorde
Menos de 48 horas após sua chegada à plataforma, a conta da Casa Branca já se destacava como uma das mais bloqueadas no Bluesky. Dados do ClearSky, um sistema que monitora as estatísticas de bloqueio na rede, revelaram que o perfil da Casa Branca foi bloqueado por aproximadamente 91.000 contas, enquanto acumulava apenas 10.000 seguidores. Isso representa uma desproporção massiva e ilustra a forte rejeição enfrentada pela presença governamental.
Nesse panorama, a única conta com um número ainda maior de bloqueios no Bluesky pertencia ao vice-presidente JD Vance, que se juntou à plataforma em junho e, por sua vez, também gerou controvérsia e reações negativas. Contudo, na manhã de domingo seguinte à entrada das agências, as novas contas governamentais dominavam as cinco primeiras posições da lista de contas mais bloqueadas nas últimas 24 horas, evidenciando o impacto concentrado da estratégia da administração.
Inclusive, algumas contas de direita pareciam vangloriar-se de seguir a administração Trump no Bluesky e de serem amplamente bloqueadas. Esse comportamento sugeriu que a reação negativa dos usuários era, de certa forma, antecipada e até mesmo bem-vinda, talvez como um sinal de que estavam, de fato, alcançando uma base de usuários “hostil” ou um público que normalmente não estaria exposto à sua mensagem de forma direta.
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Em suma, a incursão da Casa Branca e de diversas agências governamentais na plataforma Bluesky se transformou rapidamente em um campo de batalha político. Em menos de dois dias, a conta da Casa Branca não apenas acumulou milhares de bloqueios, mas também gerou debates sobre a legalidade de suas postagens e a dinâmica da polarização nas redes sociais. Para mais análises sobre a interação entre governo e novas tecnologias, explore nossa editoria de Política e mantenha-se informado sobre os desdobramentos neste cenário digital em constante evolução.
Crédito da imagem: TechCrunch
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