Cessar-Fogo em Gaza: O Que Segue Após Troca de Reféns e Prisioneiros

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A recente fase do cessar-fogo em Gaza, articulada por uma proposta de paz do presidente americano Donald Trump, resultou na liberação de todos os reféns vivos que estavam sob poder do Hamas. Este movimento representa uma troca direta por prisioneiros palestinos, marcando um momento crucial para o território em conflito e intensificando a discussão sobre as próximas etapas de um plano de paz duradouro na região.

O acordo de trégua foi oficialmente implementado na última sexta-feira, dia 10 de outubro, pontualmente ao meio-dia local (equivalente às 6 horas da manhã em Brasília). A partir desse momento, observou-se uma significativa elevação no fluxo de ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza ao longo do final de semana. Com a conclusão desta primeira etapa do plano, as expectativas se voltam para a retomada das negociações, visando delinear os contornos das fases subsequentes do complexo processo de paz.

Cessar-Fogo em Gaza: O Que Segue Após Troca de Reféns e Prisioneiros

Até o momento, os detalhes da operação revelam aspectos fundamentais sobre as partes envolvidas e as condições de liberação. Este desenvolvimento segue intensos períodos de conflito e diplomacia, com o foco agora na consolidação dos ganhos e na superação dos desafios inerentes a qualquer tentativa de estabilização em uma das regiões mais tensas do mundo. A compreensão do que foi estabelecido e do que ainda precisa ser negociado é vital para acompanhar o desenrolar dos eventos.

Processo de Liberação de Reféns

O pacto de trégua visava inicialmente a libertação dos 48 reféns israelenses e estrangeiros mantidos pelo Hamas, consequência de dois anos de intensas hostilidades. Confirmou-se a situação de vida de 20 reféns, todos, com uma única exceção, entre as 251 pessoas sequestradas no dia 7 de outubro de 2023, durante um ataque do grupo palestino ao sul de Israel, que lamentavelmente ceifou a vida de cerca de 1,2 mil indivíduos. Em resposta a este ataque, Israel empreendeu uma vigorosa campanha militar na Faixa de Gaza, resultando, conforme o Ministério da Saúde local, em mais de 67 mil mortes.

Na segunda-feira, 13 de outubro, o Hamas efetuou a entrega dos 20 reféns confirmadamente vivos ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Esta ação foi coordenada em duas levas distintas. O primeiro grupo incluía Eitan Mor, Gali Berman, Ziv Berman, Omri Miran, Alon Ohel, Guy Gilboa-Dalal e Matan Angrest. Em seguida, o segundo contingente entregou Bar Kupershtein, Evyatar David, Yosef-Chaim Ohana, Segev Kalfon, Avinatan Or, Elkana Bohbot, Maxim Herkin, Nimrod Cohen, Matan Zangauker, David Cunio, Eitan Horn, Rom Braslabski e Ariel Cunio. A colaboração com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha foi fundamental para a segurança e coordenação do processo de entrega dos reféns.

Um trecho do acordo de cessar-fogo divulgado pela mídia israelense indicava que os restos mortais de todos os reféns falecidos deveriam ser devolvidos até as 12h locais do dia acordado. No entanto, o próprio termo reconhecia a possibilidade de que o Hamas e outras facções palestinas pudessem enfrentar dificuldades na localização de todos os corpos dentro do prazo estabelecido. Diante disso, uma autoridade israelense anunciou a formação de uma força-tarefa internacional, incumbida da tarefa de encontrar os restos mortais dos reféns ainda não recuperados.

Liberação de Prisioneiros Palestinos

Em contrapartida à soltura dos reféns, Israel anuiu em libertar 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua em seus presídios, além de 1.718 detidos da Faixa de Gaza, incluindo 15 menores de idade. O Escritório de Imprensa dos Prisioneiros, uma entidade gerenciada pelo Hamas, divulgou na manhã de domingo, 12 de outubro, listas atualizadas contendo os nomes desses indivíduos. Contudo, é notável que as relações divulgadas não abrangem figuras proeminentes, como Marwan Barghouti e Ahmad Saadat, cujas libertações por ataques contra israelenses foram previamente exigidas pelo Hamas.

As notícias veiculadas pela imprensa israelense na semana passada indicaram que, dos 250 prisioneiros liberados, aproximadamente 100 seriam direcionados para a Cisjordânia ocupada, 15 para Jerusalém Oriental, e outros 135 seriam deportados para a Faixa de Gaza ou outras localidades. Permanece incerto se algum eventual atraso na entrega de todos os reféns falecidos impactará a execução da libertação dos prisioneiros palestinos acordados.

Os Próximos Passos e a Supervisão do Acordo

Antes da liberação dos reféns, o exército israelense recuou para uma linha que manteve seu controle sobre 53% da Faixa de Gaza. Esta constitui a primeira das três etapas da retirada israelense, conforme delineado no plano proposto por Donald Trump. Para monitorar o cessar-fogo, uma força multinacional, composta por cerca de 200 soldados e supervisionada pelas forças armadas dos Estados Unidos, será deployed. Acredita-se que essa força englobe contingentes militares do Egito, Catar, Turquia e dos Emirados Árabes Unidos, sem a presença de tropas norte-americanas em solo na Faixa de Gaza, conforme declarado por autoridades dos EUA.

Cessar-Fogo em Gaza: O Que Segue Após Troca de Reféns e Prisioneiros - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

O plano, que consiste em 20 pontos, estabelece que a guerra terá um “término imediato” se ambas as partes concordarem. Ele prevê a desmilitarização da Faixa de Gaza e a destruição de “toda a infraestrutura militar, terrorista e ofensiva”. O documento ainda estipula que, em um primeiro momento, Gaza será administrada por um comitê temporário de transição, formado por tecnocratas palestinos. Esse comitê será supervisionado por um “Comitê da Paz”, liderado por Trump como presidente e com a participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Posteriormente, a governança do território será transferida para a Autoridade Palestina, que atualmente administra a Cisjordânia, após reformas institucionais.

Segundo o plano de paz para o Oriente Médio, o Hamas, que detém o controle da Faixa de Gaza desde 2007, não terá qualquer papel no futuro governo do território, seja de forma direta ou indireta. Os membros do grupo poderão ser agraciados com anistia, desde que se comprometam com a coexistência pacífica, ou terão a opção de obter passagem segura para outro país. A proposta garante ainda que nenhum palestino será forçado a deixar a Faixa de Gaza e que aqueles que manifestarem desejo de retornar terão sua livre movimentação assegurada. Complementarmente, um painel de especialistas será incumbido de elaborar um “plano de desenvolvimento econômico de Trump”, destinado à reconstrução e revitalização de Gaza.

Obstáculos à Implementação do Plano

Apesar do avanço inicial com o cessar-fogo e a troca de prisioneiros, diversas barreiras podem surgir ao longo das negociações para as fases subsequentes do acordo. Um ponto de tensão reside na recusa prévia do Hamas em depor suas armas, condicionando o desarmamento ao estabelecimento de um Estado palestino. A ausência de menção ao desarmamento na resposta inicial do grupo ao plano, divulgada no último fim de semana, reforça a especulação de que sua posição não teria se alterado.

Embora Israel tenha endossado integralmente o plano de Donald Trump, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu demonstrou um aparente retrocesso em relação ao envolvimento da Autoridade Palestina na gestão da Faixa de Gaza pós-conflito, mesmo ao lado do presidente americano recentemente. O Hamas, por sua vez, já manifestou o desejo de ter alguma participação futura em Gaza, alinhado com a visão de um “movimento palestino unificado”.

Outro grande entrave é a amplitude da retirada das tropas israelenses. Israel comunicou que sua primeira fase de recuo o manterá no controle de aproximadamente 53% da Faixa de Gaza. O plano da Casa Branca indica novas retiradas subsequentes, reduzindo o controle para cerca de 40% e, por fim, para 15%. A etapa derradeira prevê a instauração de um “perímetro de segurança”, o qual “permanecerá até que Gaza tenha segurança adequada contra qualquer ressurgimento da ameaça terrorista”. Contudo, o plano se mostra vago neste aspecto, carecendo de um cronograma explícito para a retirada total de Israel, uma elucidação que o Hamas provavelmente buscará nas próximas negociações.

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A fase atual do cessar-fogo em Gaza representa um passo significativo em um contexto de conflito complexo, marcado pela libertação de reféns e prisioneiros e pela introdução de um plano de paz ambicioso. As futuras negociações enfrentarão desafios substanciais, como o desarmamento e a governança pós-conflito. Para mais notícias e análises sobre a geopolítica e o futuro do Oriente Médio, continue acompanhando nossa editoria de Política e fique por dentro dos desdobramentos.

Crédito, Reuters


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