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Após um domingo (20/10) de intensa violência, considerado o mais severo desde o anúncio do acordo de trégua em 10 de outubro, **Israel anunciou a retomada do cessar-fogo na Faixa de Gaza**. As Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram uma ofensiva em Rafah, no sul da Faixa, que resultou na morte de dezenas de palestinos e dois soldados israelenses, enquanto acusava o Hamas de violar os termos do pacto.
O episódio de tensão máxima colocou em xeque o acordo mediado pelos Estados Unidos, que buscava amenizar o conflito e permitir a entrada de ajuda humanitária. O compromisso, proposto pelo ex-presidente Donald Trump, havia estabelecido condições específicas, como a retirada parcial das tropas israelenses e a troca de reféns por prisioneiros, gerando expectativas de uma estabilização na região.
Cessar-fogo Retomado: Israel Ataca Gaza e Acusa Hamas
A justificação israelense para a operação em Rafah foi a alegação de violação do cessar-fogo pelo Hamas. Segundo um porta-voz militar de Israel, o grupo teria efetuado “múltiplos ataques contra forças israelenses além da linha amarela”, uma zona da qual as tropas de Israel se retiraram, conforme o previsto na fase inicial do acordo. A IDF detalhou que seus militares foram atingidos por disparos e por um míssil antitanque enquanto estavam envolvidos no desmantelamento de “locais de infraestrutura terrorista”, o que levou a retaliação israelense com fogo direcionado a túneis e instalações militares apontadas como origens dos ataques.
Em contraste, o Hamas, que detém o governo em Gaza desde 2007, refutou veementemente qualquer envolvimento nos combates de Rafah. O grupo declarou-se comprometido com o acordo de cessar-fogo, acusando Israel de ser o verdadeiro infrator, agindo para “violar o acordo e fabricar pretextos para justificar seus crimes”.
Poucas horas depois da escalada dos ataques, que foi descrita como uma “onda de ataques” por fontes locais, o exército israelense divulgou que havia decidido reestabelecer o cessar-fogo. Essa retomada trouxe um alívio temporário, mas reacendeu temores profundos entre a população de Gaza, que enxerga o risco iminente de um retorno completo à intensidade dos combates.
Nos dias que antecederam a reescalada, ataques israelenses já haviam provocado a morte de pelo menos oito palestinos em Gaza, conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, sob gestão do Hamas. A gravidade da situação humanitária é evidenciada pelo fato de que muitas vítimas permanecem presas sob os escombros, com ambulâncias impossibilitadas de acessá-las devido à significativa presença militar israelense na região. Desde o início da trégua, os números do ministério indicam que 35 pessoas foram mortas, 146 ficaram feridas, e um total de 414 corpos de palestinos foram recuperados. O total de mortos desde o lançamento da campanha militar israelense em outubro de 2023, desencadeada em resposta a um ataque do Hamas, já atinge a marca alarmante de 68.159 vidas perdidas.
Diante da atmosfera de alta tensão na região, os Estados Unidos prontamente anunciaram iniciativas diplomáticas. Foi reportado no domingo o envio de Steve Witkoff, emissário do governo, e Jared Kushner, genro do presidente, a Israel. O objetivo da missão é aprofundar as discussões sobre os próximos passos para a implementação e manutenção do cessar-fogo.
O acordo de trégua mediado pelos EUA previa não apenas a retirada parcial das tropas israelenses, que mantêm controle sobre aproximadamente 53% da Faixa de Gaza, incluindo o estratégico Corredor Netzarim. Também estava estabelecida a libertação de reféns e prisioneiros: todos os israelenses vivos detidos, 12 dos 28 israelenses falecidos, 250 palestinos presos em Israel e 1.718 detentos de Gaza seriam soltos. Um dos pilares do acordo era também a garantia da entrada de ajuda humanitária. Centenas de caminhões já iniciaram suas viagens para a Faixa de Gaza, embora enfrentem enormes desafios devido à ampla destruição em diversas áreas e à crítica escassez de equipamentos pesados para a remoção dos escombros.

Imagem: bbc.com
Mesmo com a instauração do cessar-fogo, persiste um perigoso e crescente risco de conflitos internos entre o Hamas e outras facções palestinas rivais, que, segundo o próprio grupo, teriam sido armadas e apoiadas por Israel. A repressão por parte de militantes do Hamas tem se intensificado, visando grupos locais e culminando em execuções públicas de membros acusados de colaborar com as forças israelenses. Analistas especializados na região advertem que a ausência de uma força internacional de estabilização, que ainda não foi concretizada, exacerba consideravelmente o risco de novas disputas civis no interior da Faixa de Gaza. A discussão sobre a necessidade de forças de paz em cenários de conflito como este é uma constante no debate internacional sobre segurança e governança, conforme detalhado em diversas análises da Organização das Nações Unidas.
A posição dos EUA em relação à violência interna também passou por uma reorientação significativa durante a semana. Inicialmente, o então presidente Trump teria autorizado temporariamente o Hamas a atuar contra gangues locais “muito ruins” e combater crimes internos. Contudo, essa postura evoluiu para uma exigência por parte da administração de que o grupo suspendesse de imediato qualquer ataque contra civis palestinos, ao mesmo tempo em que demandava a criação de zonas seguras em regiões controladas por Israel, com o objetivo de proteger tanto civis quanto grupos rivais.
Os confrontos mais recentes, especialmente os de Rafah, surgiram apenas alguns dias após o lançamento da primeira etapa do cessar-fogo, que delineava um plano para a retirada gradual das tropas israelenses, a libertação recíproca de reféns e prisioneiros, e o imprescindível aporte de ajuda humanitária. Enquanto a IDF justificou suas ações em Rafah como uma estratégia para desmantelar infraestruturas empregadas para lançamento de foguetes e confrontos com seus militares, o Hamas reiterou a sua fidelidade ao acordo de trégua, imputando a Israel a culpa por suas repetidas violações.
A condição humanitária no enclave permanece extremamente grave: extensas áreas da Faixa de Gaza seguem devastadas pela fome generalizada, pela destruição maciça de edifícios e pela drástica dificuldade de acesso a serviços emergenciais. Especialistas e observadores do cenário internacional insistem na tese de que, na ausência de uma presença robusta e engajada de uma força internacional de estabilização, a probabilidade de novos confrontos tanto entre as diversas facções palestinas quanto entre Israel e o Hamas permanece elevada, ameaçando desestabilizar ainda mais uma região já castigada por décadas de conflito.
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Este ressurgimento de tensões em Gaza, que segue a tentativa de trégua, evidencia a fragilidade de acordos de paz em contextos complexos. A comunidade internacional continua a monitorar a situação, na esperança de que a diplomacia prevaleça para garantir a segurança dos civis e a estabilidade da região. Para acompanhar mais notícias sobre política e conflitos globais, continue explorando nossa editoria em horadecomecar.com.br/politica.
Crédito, Reuters
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