China Apresenta Xi Jinping Liderando Desafio Global em Parada Militar com Putin e Kim Jong-un

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Uma cena emblemática marcou o dia 3 de setembro de 2025, na Praça da Paz Celestial, em Pequim. Mesmo antes dos desfiles militares iniciarem, a imagem que definiu o evento foi divulgada: o presidente da China, Xi Jinping, apertando as mãos dos líderes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e da Rússia, Vladimir Putin. Subsequentemente, Xi sentou-se entre esses dois chefes de Estado, ambos alvos de diversas sanções internacionais. Este momento foi amplamente interpretado como um espetáculo político cuidadosamente orquestrado, cuja intenção era sinalizar uma mudança significativa nas dinâmicas de poder global.

Este arranjo, mais do que a ostensiva exibição de armamentos, pareceu inquietar diretamente o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pouco antes do início do desfile, Trump recorreu à sua rede social Truth Social para emitir uma mensagem carregada, acusando os três líderes de orquestrarem uma conspiração contra os interesses norte-americanos. Acredita-se que essa reação possa ter sido a intenção calculada de Xi Jinping ao posicionar Putin à sua direita e Kim à sua esquerda durante toda a cerimônia. A disposição dos líderes pode ter sido projetada especificamente para provocar o presidente americano, possivelmente cobiçoso da atenção mundial.

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Desafio à Ordem Mundial e Alianças Emergentes

Xi Jinping utilizou a ocasião para firmar sua posição e influência sobre uma emergente coalizão de países liderada pelo Oriente, um agrupamento que visa explicitamente desafiar a ordem mundial vigente, até então dominada pelos Estados Unidos. Essa movimentação constitui uma mensagem vigorosa do líder chinês em um cenário global marcado pela incerteza e imprevisibilidade associadas à política de Trump. O evento contou ainda com a presença de mais de 20 chefes de Estado de diversas nações. A relevância dessa aproximação de Beijing se estendeu a outros encontros prévios à cerimônia principal.

Em dias anteriores ao desfile, Xi já havia se reunido com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, demonstrando esforços para restabelecer a conturbada relação entre as duas potências asiáticas. A reaproximação entre China e Índia, outrora rivais de longa data, ganhou novo fôlego após a imposição de uma tarifa de 50% por parte do governo Trump sobre as importações de produtos indianos, um fator que provocou o “descongelamento” diplomático. Esse movimento geopolítico se alinha à estratégia de Pequim para consolidar uma frente unida contra as pressões ocidentais e reconfigurar a hegemonia. A busca da China por fortalecer essas alianças globais demonstra seu empenho em solidificar uma nova configuração geopolítica.

Relevância Histórica e a Nova Dinâmica de Poder

O espetáculo do dia 3 de setembro de 2025 foi apresentado como uma celebração dos 80 anos da vitória contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, no entanto, seu verdadeiro significado transcendeu a mera comemoração. O evento celebrou, de fato, o percurso ascendente da China no cenário global, projetando Xi Jinping no papel de um influente líder mundial. Em uma demonstração impressionante de poder, as Forças Armadas chinesas, visivelmente em fase de intenso desenvolvimento para competir com as potências ocidentais, estiveram ao seu dispor.

Esta foi a primeira vez que Xi, Putin e Kim Jong-un apareceram juntos publicamente, assistindo ao desfile do topo da Porta da Paz Celestial, um local de significativa importância histórica com vista para a icônica praça. O simbolismo dessa cena foi inegável e ressoou profundamente com os eventos passados. Foi ali que, em 1949, o fundador da China comunista, Mao Tsé-Tung (1893-1976), declarou o estabelecimento da República Popular da China. E dez anos depois, naquele mesmo local, Mao recebeu Kim Il Sung (1912-1994), avô do atual líder norte-coreano Kim Jong-un, e o então líder soviético Nikita Khrushchev (1894-1971) para assistir a um desfile militar semelhante.

Àquela época, no auge da Guerra Fria (1947-1991), a China estava isolada de grande parte do mundo, uma condição que também afligia a Coreia do Norte. A União Soviética (1922-1991) emergia como o parceiro mais rico e poderoso do trio. No entanto, o cenário atual é diametralmente oposto: agora é a China quem detém a primazia nessa relação. A Coreia do Norte, apesar de possuir armamentos nucleares, continua economicamente vulnerável e dependente da assistência de Pequim. Putin, por sua vez, busca na China a legitimidade e o apoio que lhe foram concedidos por Xi, especialmente em meio ao isolamento internacional decorrente da guerra na Ucrânia.

Anteriormente, Xi parecia manter uma distância mais cautelosa de Kim e Putin. Publicamente, o presidente chinês sustentava uma posição neutra em relação ao conflito na Ucrânia, abstendo-se de condenar a invasão, mas negando qualquer assistência direta à Rússia. Essa postura indicava um possível distanciamento em relação à recente aproximação entre Rússia e Coreia do Norte, que resultou no envio de soldados norte-coreanos para apoiar a invasão de Putin em troca de recursos financeiros e tecnologia. Contudo, a recente exibição pública sinalizou uma clara mudança: Xi agora parece abraçar e defender seus dois vizinhos, mesmo em face de suas agressões contínuas a Kiev.

Durante seu discurso, diante de uma multidão na praça e de milhões de telespectadores da TV estatal, o presidente chinês declarou enfaticamente: “A humanidade atual enfrenta novamente a escolha entre a paz ou a guerra, o diálogo ou o confronto, ganhos mútuos ou soma zero”. Xi concluiu sua fala, reiterando que a China é uma “grande nação que nunca é intimidada por nenhum agressor”, palavras que encapsulam a visão de um **poder global da China e dos EUA** em tensão.

A Poderosa Exibição Militar da China

O subsequente desfile militar não tinha outro propósito senão demonstrar a essência da declaração de Xi. Tratou-se de uma elaborada exibição de poderio, precisão e fervor patriótico. O evento teve início com uma salva de 80 tiros de canhão, simbolizando os 80 anos da vitória chinesa contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, conflito que pôs fim a uma brutal ocupação do país. O estrondo reverberou por toda a Praça da Paz Celestial, onde cerca de 50 mil espectadores, incluindo veteranos de guerra, assistiam em um silêncio reverente.

Em seguida, um coral entrou em cena, com seus membros dispostos com espaçamento milimétrico, enquanto as câmeras percorriam sua formação impecável. Em perfeita harmonia, entoaram o hino: “Sem o Partido Comunista, não existe a China moderna”, e cada verso era pontuado pelo movimento de punhos erguidos em sinal de lealdade e fervor. O presidente Xi então percorreu toda a extensão do desfile em um veículo aberto, inspecionando suas tropas, enquanto unidades de batalha desfilavam em cadência militar, seus passos sincronizados ressoando pelas tribunas.

A exibição de novos armamentos chineses começou com o imponente ronco dos tanques, mas estes logo pareceram antiquados diante do que se seguiu. A parade ostentou mísseis com capacidade nuclear, que podem ser lançados de terra, mar e ar, mísseis antinavio hipersônicos capazes de velocidades extremas, armas a laser para defesa contra ataques de drones, além de novos drones aéreos e subaquáticos projetados para espionagem de alvos. Esses avanços refletem a intenção de solidificar o **poder global da China e dos EUA** nesse novo panorama.

Embora os Estados Unidos ainda possam manter sua vantagem tecnológica e experiência acumulada em diversos conflitos globais, a China está, sem dúvida, em processo acelerado de construção de um exército que possa rivalizar com o norte-americano. A imponente demonstração de força realizada na quarta-feira (3/9) foi direcionada tanto a Washington e seus aliados quanto ao restante do mundo, e claramente, também a Putin e Kim Jong-un, que compreendiam perfeitamente a magnitude do que estavam testemunhando. “O grande rejuvenescimento da nação chinesa não pode ser detido”, declarou Xi em seu discurso, fomentando o orgulho nacional entre seus compatriotas.

Repercussões Internas e Externas da Demonstração Chinesa

A retórica de Xi Jinping e o espetáculo militar parecem surtir efeito em grande parte da população chinesa. Na ponte sobre o rio Tonghui, em Pequim, multidões se aglomeraram, afastadas do percurso principal do desfile, na tentativa de vislumbrar os sobrevoos militares. Rong, um cidadão de 30 anos, expressou seu contentamento com o desfile, afirmando que “Valorizar este momento é o mais fundamental que podemos fazer” e complementando que “Acreditamos que iremos retomar Taiwan até 2035”. Essa é justamente a retórica que causa grande preocupação na ilha autogovernada de Taiwan, que Pequim considera uma província secessionista destinada a ser reunificada ao continente, e Xi Jinping não descarta o uso da força para alcançar esse objetivo.

Os armamentos expostos no evento de 3 de setembro, muitos dos quais enfatizavam as crescentes capacidades navais da China, certamente geraram apreensão entre os líderes taiwaneses. O grandioso espetáculo também inquietou diversas nações ocidentais, especialmente na Europa, que continuam a debater as formas de encerrar o conflito na Ucrânia. A ausência de muitos desses líderes ocidentais no desfile foi notável. Han Yongguang, de 75 anos, minimizou qualquer sugestão de que os líderes ocidentais tivessem evitado a celebração. “Cabe a eles decidir se vêm ou não”, afirmou, acrescentando que “Eles têm inveja do rápido desenvolvimento da China”. Ele concluiu: “Honestamente falando, eles são fundamentalmente agressivos. Estamos totalmente comprometidos com a prosperidade comum da humanidade. Somos diferentes.”

Navegando Desafios Domésticos

Este desfile, ao alimentar uma onda de nacionalismo, ocorre em um momento em que a China enfrenta desafios domésticos significativos. A economia chinesa, que antes parecia imparável, agora apresenta sinais de desaceleração, o país lida com uma severa crise imobiliária, o envelhecimento populacional representa uma crescente preocupação, os níveis de desemprego entre os jovens estão altos, e governos locais acumulam pesadas dívidas.

Apesar de toda a confiança exibida pela China no palco mundial, o presidente Xi Jinping tem a premente necessidade de acalmar as preocupações de sua florescente classe média quanto ao futuro econômico do país. O crescimento chinês, que em tempos passados era considerado incansável, hoje se depara com um panorama modificado. Nesse contexto, o desfile, permeado pela retórica de um antigo inimigo como o Japão, pode ter sido uma bem-vinda distração para as pressões internas, servindo para reforçar a ideia de um país forte e unido.

Após uma longa e impressionante exibição de armamentos de ponta, incluindo mísseis nucleares avançados, o desfile concluiu-se com a soltura de milhares de pombos e balões aos céus de Pequim. A celebração — as canções patrióticas, as marchas militares precisas, os mísseis, os drones de última geração e até mesmo os “lobos-robôs” apresentados — não se tratava meramente da história de lutas da China. Na verdade, ela simbolizou o patamar atual que a nação alcançou e a forma como ela está se posicionando para igualar e até mesmo questionar a **supremacia global dos EUA**, redefinindo o futuro das relações internacionais.

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Em sua essência, a cerimônia e os eventos que a cercaram foram uma declaração inequívoca: a China, sob a liderança de Xi Jinping, está em ascensão, determinada a forjar uma nova ordem mundial e a reafirmar seu poder, não apenas regionalmente, mas como uma força definidora no panorama geopolítico global, lançando um claro desafio à tradicional hegemonia norte-americana.

Fonte: BBC News Brasil

China Apresenta Xi Jinping Liderando Desafio Global em Parada Militar com Putin e Kim Jong-un - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com


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