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Um novo capítulo perturbador agita o universo do basquete profissional, com o escândalo de carbono dos Clippers da NBA emergindo como um epicentro de controvérsia que abala tanto as regras de jogo quanto a integridade ambiental. As alegações apontam para um complexo esquema de desvio do teto salarial, orquestrado através de operações nebulosas de créditos de carbono. Esta trama intrincada une o proprietário da equipe, Steve Ballmer, com o jogador estrela Kawhi Leonard e a então “amiga do clima”, a empresa Aspiration, resultando em sérias investigações da NBA e do Departamento de Justiça.
O foco das acusações reside na suposta circumventação das regras financeiras da liga, projetadas para manter um campo de jogo equilibrado entre as franquias. Em essência, a NBA impõe um teto salarial para que as equipes não possam simplesmente comprar todos os melhores talentos, limitando o gasto total em salários dos jogadores. Contudo, conforme investigações jornalísticas revelaram, o esquema teria utilizado um contrato de patrocínio mascarado com créditos de carbono para driblar essas limitações. Isso coloca os Clippers não apenas sob o microscópio da liga por violação de regras esportivas, mas também o insere no centro de um debate mais amplo sobre práticas corporativas e suas implicações ambientais.
Clippers Envolvido em Escândalo de Carbono e Teto Salarial da NBA
A controvérsia, considerada um dos escândalos esportivos mais picantes do ano, veio à tona através do podcast do jornalista Pablo Torre. Sua investigação aprofundou-se em arquivos de falência e depoimentos de ex-funcionários de uma instituição bancária auto intitulada “amiga do clima” chamada Aspiration. Esta empresa mantinha laços estreitos com Steve Ballmer, figura notória no cenário tecnológico como ex-CEO da Microsoft e atual proprietário da franquia californiana.
Segundo os levantamentos, Kawhi Leonard assinou secretamente um contrato de patrocínio no valor de 28 milhões de dólares com a Aspiration. A natureza silenciosa do acordo, sem qualquer promoção pública por parte de Leonard em anúncios, eventos ou mídias sociais, e a ausência de um anúncio oficial por parte da Aspiration, levantaram as primeiras suspeitas. Paralelamente, Ballmer investiu pessoalmente 50 milhões de dólares na Aspiration, o que, conforme a apuração de Torre, poderia ter sido a fonte de financiamento para o “emprego fantasma” de Leonard. É importante notar que Leonard teria recebido mais dinheiro neste acordo do que celebridades como Leonardo DiCaprio, Robert Downey Jr. e Drake, que também possuíam acordos com a Aspiration, mas efetivamente promoviam a marca.
Entenda o Mecanismo dos Créditos de Carbono na Trama
Para contextualizar, a Aspiration operava ajudando empresas, incluindo gigantes como Microsoft e Meta, a adquirir créditos de carbono. Esses créditos são, em teoria, títulos negociáveis que representam uma tonelada métrica de dióxido de carbono equivalente que foi removida da atmosfera ou teve sua emissão evitada. Empresas os compram para compensar suas próprias emissões poluentes, visando uma “neutralidade de carbono”. Ocorre que essa prática tem sido amplamente criticada e frequentemente associada ao que se chama de “greenwashing” – quando uma empresa tenta projetar uma imagem de responsabilidade ambiental sem realmente operar de forma sustentável, ou através de ações cujos benefícios ambientais são questionáveis ou exagerados. Há preocupações persistentes sobre a validade desses créditos, a sobrevivência de árvores plantadas para sequestrar carbono por tempo suficiente para causar impacto significativo e a questão da contagem dupla.
A Aspiration não era apenas um veículo para contratos com atletas e créditos de carbono. A empresa também se tornou parceira fundadora da nova arena dos Clippers, a Intuit Dome, em um patrocínio anunciado em 2021 no valor de 300 milhões de dólares. Na época, Steve Ballmer declarou em comunicado que “existe uma responsabilidade associada à construção da melhor arena do mundo”, prometendo que o Intuit Dome operaria “100% livre de carbono desde o primeiro dia”. Essa ambição seria, em parte, realizada através do “Fundo de Proteção do Planeta” (Planet Protection Fund), um serviço oferecido em conjunto pela Aspiration e os Clippers, que permitia aos torcedores pagar uma taxa para compensar parte de suas próprias emissões de carbono.
O Caminho da Aspiration à Falência e Fraude
Os elos entre as entidades se tornaram ainda mais duvidosos em 2022, quando o podcast de Torre revelou que os Clippers pagaram 56 milhões de dólares à Aspiration pela compra de créditos de carbono, supostamente para neutralizar as emissões do Intuit Dome. Curiosamente, esses pagamentos da equipe à Aspiration teriam ocorrido aproximadamente ao mesmo tempo em que a empresa ambiental estava repassando valores a Kawhi Leonard. A linha do tempo culminou em 2024, quando o Departamento de Justiça (DOJ) dos EUA iniciou uma investigação sobre a Aspiration, suspeitando que a empresa estaria enganando pessoas com créditos de carbono de má qualidade e valor. Em março de 2025, a Aspiration declarou falência, e em agosto do mesmo ano, o cofundador da empresa, Joseph Sanberg, concordou em se declarar culpado por fraudar investidores e credores em um esquema que totalizou 248 milhões de dólares.
Imagem: Cath Virginia via theverge.com
Diante da gravidade das alegações, a resposta oficial dos Los Angeles Clippers foi ambígua. A equipe não respondeu aos pedidos de comentário de jornalistas sobre Ballmer, Leonard ou a própria franquia. Questões diretas sobre a neutralidade de carbono do Intuit Dome e sua dependência dos créditos negociados pela Aspiration também ficaram sem resposta imediata. Contudo, em uma declaração feita na semana anterior à revelação dos detalhes completos por The Verge (Setembro de 2025), os Clippers afirmaram ter contratado a Aspiration para adquirir créditos de carbono, mas que Ballmer teria sido “enganado” tanto no investimento quanto em “algumas partes” do acordo, assim como muitos outros investidores e funcionários. A equipe negou categoricamente as acusações de que teria contornado o teto salarial, alegações que agora são objeto de uma investigação oficial da NBA. Mais detalhes sobre este tipo de escândalo financeiro podem ser encontrados em recursos especializados, como os do Departamento de Justiça dos EUA, que frequentemente publicam sobre fraudes e regulamentação.
Implicações Ambientais para Los Angeles e Além
Este incidente não é isolado; é parte de uma discussão mais ampla sobre os desafios da mitigação das mudanças climáticas. Em Los Angeles, as consequências são palpáveis e severas. A jornalista que inicialmente divulgou a notícia descreve uma realidade local onde os incêndios florestais tornaram-se parte intrínseca da vida na Califórnia, agravados por temperaturas mais altas e secas prolongadas que criam um cenário propício a essas catástrofes. Os incêndios de janeiro, que devastaram áreas como Pacific Palisades e Altadena no Condado de Los Angeles, resultaram na morte de pelo menos 31 pessoas, com estudos indicando um número de mortes excessivas que poderia chegar a 440, além da destruição de 16.000 casas e edifícios.
A análise científica sugere que as condições quentes e áridas que intensificaram esse incêndio foram 35% mais prováveis de ocorrer devido ao aquecimento global induzido pela atividade humana. Além dos incêndios, a fumaça proveniente desses eventos representa um risco crescente para a saúde, com projeções que indicam dezenas de milhares de mortes prematuras adicionais nos EUA nos próximos anos. O aumento do smog, exacerbado por temperaturas mais altas que aceleram as reações químicas que o formam, é outra consequência nefasta. Estes eventos sublinham a importância de soluções climáticas genuínas, contrastando com as críticas frequentes aos créditos de carbono como uma “falsa solução” ou ferramenta de “greenwashing”, pois seus benefícios ambientais frequentemente não são concretos.
A conexão pessoal com as questões ambientais é sentida por muitos na região, que cresceram vendo a cidade e o estado serem impactados por condições climáticas extremas e poluição persistente. Para aqueles que, como a jornalista original, cresceram na região do Inland Empire, a notícia de um “herói da cidade natal” envolvido em tal escândalo de forma a comprometer não só a integridade esportiva, mas também a ambiental, gera uma profunda decepção. O contraste entre as promessas de neutralidade de carbono e a realidade da falência da Aspiration, investigações de fraude e os impactos inegáveis das mudanças climáticas reforça a necessidade de um escrutínio rigoroso e uma responsabilidade inquestionável, seja no esporte ou na arena global das políticas ambientais.
O escândalo dos Clippers representa um lembrete pungente de que a integridade é fundamental, tanto no esporte quanto na gestão ambiental. Enquanto a NBA conduz sua investigação sobre a alegada fraude do teto salarial, e as consequências da fraude da Aspiration se desdobram, o caso realça a importância de soluções ambientais transparentes e eficazes para proteger nosso planeta. Mantenha-se atualizado sobre os desdobramentos deste e outros casos de ética esportiva e ambiental em nossa seção de Esporte.
Imagem: Cath Virginia / The Verge, Getty Images
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