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Um novo panorama para o gaming em PC na sala de estar está se delineando com a ascensão da combinação do Framework Desktop e de uma distribuição Linux inovadora, conforme observado por Antonio G. Di Benedetto, um avaliador de tecnologia especializado. Di Benedetto, que atua como escritor de negócios no The Verge desde 2021, após mais de uma década e meia na indústria fotográfica, testou a sinergia entre o computador modular e o sistema operacional, vislumbrando um futuro promissor para o entretenimento digital doméstico.
Há um anseio antigo na comunidade de jogadores por uma plataforma unificada que ofereça capacidade de atualização descomplicada e acesso irrestrito a bibliotecas de jogos em diversas localidades e modalidades. Enquanto o Steam Deck da Valve se destaca como um console portátil notável, a demanda por uma solução mais robusta para ser conectada diretamente a uma televisão, replicando a funcionalidade de um desktop tradicional, persiste. Tentativas anteriores de Di Benedetto, como o uso de laptops gaming barulhentos ou desktops volumosos, e a navegação complexa do Windows sem os periféricos habituais, não alcançaram a fluidez e a conveniência de consoles como o PlayStation 5. Até mesmo o projeto Steam Machine, também da Valve, que prometia ser a ponte ideal, não se consolidou como esperado.
Contudo, um novo otimismo surge a partir da experiência de duas semanas utilizando o Framework Desktop em conjunto com Bazzite, uma distribuição Linux inteligente e de código aberto, que se assemelha ao SteamOS. Esta configuração emula a “Game Mode” do Steam Deck e sua camada de compatibilidade Proton para jogos desenvolvidos para Windows, com a possibilidade de alternar para um ambiente de desktop convencional para atividades produtivas. A implementação desse sistema levou menos de uma hora e permitiu que o avaliador desfrutasse de jogos de PC em uma televisão com resolução 4K a 60 quadros por segundo, tudo isso em um dispositivo mais compacto que um PlayStation 5, operando de forma relativamente silenciosa e capaz de ser ativado remotamente via controle.
A experiência proporcionada pela combinação de Framework Desktop e Bazzite mimetiza a simplicidade de um Steam Deck conectado a uma base, mas com um poder de processamento significativamente superior. Embora o Framework Desktop não possua a portabilidade de um dispositivo de mão ou até mesmo de um laptop, sua facilidade de movimentação entre cômodos foi destacada. Di Benedetto até mesmo adotou o hábito de usar o dispositivo em sua mesa para o trabalho durante o dia e transferi-lo para a sala à noite para suas sessões de jogos, ressaltando o desejo de dissociar o ambiente de trabalho do lazer.
Este arranjo de PC modular com Linux representa um candidato ideal para o renascimento de uma experiência de jogo semelhante às “Steam Machines”. Com um volume interno de 4.5 litros, o Framework Desktop é consideravelmente menor do que a maioria dos computadores de jogo projetados para salas de estar e supera em desempenho os típicos PCs de home theater ou dispositivos de streaming. O custo inicial do Framework Desktop começa em US$1.099, alcançando US$1.999 na versão AI Max+ 395 utilizada para o teste, equipada com 16 núcleos de CPU, 40 núcleos gráficos e 128GB de RAM. Embora seja mais caro do que um PlayStation 5 Pro, suas capacidades transcendem as de um console de jogos dedicado.
Anteriormente, Di Benedetto já havia elogiado o Framework Desktop em agosto, quando o avaliou como um PC Windows completo. O Bazzite se distingue como uma das distribuições Linux de desktop mais acessíveis e amigáveis ao usuário. Sua implementação facilita a transição de usuários que buscam abandonar o Windows — seja por objeções à Microsoft, pela iminente interrupção de atualizações do Windows 10 em outubro, ou pelo cansaço das táticas de monetização e promoção de serviços indesejados do Windows 11. O processo de instalação é direto, e a funcionalidade do sistema operacional em modo desktop, acessível com mouse e teclado, é altamente competente. Além disso, a opção de dual-boot, para casos que demandam aplicações ou jogos específicos do Windows, como a realizada pelo próprio avaliador, está disponível.
O Framework Desktop se integra de maneira elegante em um rack de TV, harmonizando-se com dispositivos como um Switch 2 ou um PlayStation 5. Embora o hábito de transportar um computador entre a sala e o escritório não seja comum para a maioria dos usuários, a modularidade e o design do Framework tornam essa configuração reversível uma prática funcional e eficiente, evidenciando sua adaptabilidade em diversos contextos domésticos.
Desafios e Considerações do Linux na Prática
Entre os poucos contratempos encontrados na utilização do Bazzite, destacam-se as incompatibilidades com aplicações específicas, como o pacote Adobe Creative Cloud, e a necessidade esporádica de interagir com o Terminal para comandos básicos. Contudo, muitas aplicações essenciais já contam com suporte nativo no Linux, incluindo Chrome, Slack, Signal, Spotify e Discord. Outras podem ser executadas com o auxílio de camadas de compatibilidade como o Wine. Para usuários cujas demandas diárias e profissionais se concentram majoritariamente em ambientes baseados na web, o Linux se mostra plenamente capaz.
A utilização do Bazzite em modo desktop resgatou memórias da fase universitária de Di Benedetto, remetendo aos seus experimentos com o Ubuntu Gutsy Gibbon, onde a capacidade de explorar e customizar o sistema operacional era uma fonte de diversão genuína. O Bazzite, com sua estética descomplicada e direta, cultiva essa mesma inclinação para a personalização. No entanto, a migração para o Linux pode levar usuários menos familiarizados a se aprofundar em “buracos de minhoca” informacionais, exigindo pesquisas para tarefas consideradas triviais no Windows e macOS, como entender a finalidade do “KDE Wallet Service” (gerenciamento de senhas) ou remapear teclas como o Caps Lock – este último desafio o avaliador resolveu através de remapeamento via hardware no teclado usando a ferramenta VIA.
Apesar dessas pequenas frustrações, a funcionalidade de jogo e de desktop do Bazzite foram avaliadas como excelentes. Para Di Benedetto, cujo trabalho exige familiaridade constante com Windows, macOS e ChromeOS, a incursão no Linux, mesmo que breve, representou um afastamento libertador das plataformas dominantes. Aqueles interessados em experimentar o Bazzite e explorar o mundo Linux podem seguir os guias disponíveis, que, embora exijam certa aptidão para experimentação, são considerados diretos.
Detalhes da Configuração e Implementação
A flexibilidade de um segundo slot NVMe na placa-mãe do Framework Desktop simplificou a configuração de dual-boot entre Windows e Linux. Após já possuir o Windows 11 instalado de uma revisão anterior do Framework Desktop, o avaliador optou por instalar o Bazzite em um segundo drive NVMe interno. Essa escolha visou mitigar problemas potenciais de interrupção da ordem de boot do Windows 11 após atualizações e a complexidade na partilha de arquivos de jogos entre os sistemas, consolidando também uma separação funcional entre ambiente de trabalho e de lazer. Assim, o drive Bazzite é usado para a maioria das necessidades de jogos, e o Windows é inicializado apenas para aplicações profissionais, como o Lightroom Classic para edição de fotos, ou jogos específicos que o demandem, incluindo títulos do PC Game Pass ou jogos multiplayer com anti-cheats mais restritivos.

Imagem: Antonio G via theverge.com
Para a instalação, Di Benedetto seguiu o guia oficial do Bazzite, complementado pelo tutorial da Framework para o Laptop 16, concretizando a configuração em menos de uma hora. O site do Bazzite oferece uma ferramenta intuitiva para selecionar e baixar a imagem ISO do sistema, que é geralmente gravada em um pendrive USB usando um software como o Rufus. Vídeos tutoriais, como os de Mikes Tech Tips no YouTube, também foram referenciados como recursos valiosos.
A única questão técnica encontrada durante a experiência com o Bazzite foi a ausência de áudio pela conexão HDMI à televisão. O problema foi inesperadamente resolvido ao acessar o modo desktop do Bazzite e alterar a fonte de áudio ali, após tentativas de selecionar “External Device” ou “Default (External Device)” não terem surtido efeito.
A Framework Desktop permite modificar a ordem de inicialização para priorizar o drive Bazzite, levando diretamente ao “Big Picture Mode” do Steam, característico do Steam Deck. Para alternar para o Windows sem a necessidade de reiniciar e acessar o menu de boot pressionando uma tecla de função, um script pode ser configurado no Terminal do Bazzite, adicionando uma opção de reinício para o Windows diretamente na interface da Biblioteca Steam através do comando `rjust setup-boot-windows-steam`.
Desempenho em Jogos e Perspectivas Futuras
Apesar dos avanços significativos do Linux, o Framework Desktop, ou qualquer outro PC rodando Bazzite, ainda não é considerado a solução definitiva para dominar a experiência de jogo na sala de estar. As limitações incluem a necessidade de alguma “mexida” ocasional e a incompatibilidade com determinados jogos ou serviços, como o PC Game Pass ou títulos multiplayer que empregam sistemas anti-cheats rigorosos, como Fortnite, Valorant ou a versão beta de Battlefield 6. Contudo, o impacto positivo do Bazzite e do Framework Desktop foi notável, reforçando a popularidade crescente do Bazzite entre jogadores de PC.
O autor acredita que este cenário abre caminho para um retorno bem-sucedido das “Steam Machines”, com o Bazzite e dispositivos como o Steam Deck e o Framework Desktop sendo precursores dessa nova era. Embora testes prévios de Di Benedetto sugerissem que o Framework Desktop seria ideal para jogos em resolução 2.5K, o APU Ryzen AI Max Plus 395 de ponta, empregado na configuração de “Steam Machine”, provou ser capaz de alcançar 4K a aproximadamente 60 quadros por segundo em televisões. O desempenho e a qualidade visual variam significativamente de acordo com o título, conforme detalhado nos testes específicos:
- Cyberpunk 2077: Rodou em 4K a cerca de 60fps, utilizando a predefinição média (sem ray tracing) e FSR configurado para equilibrado, resultando em uma ótima experiência visual e de jogo. A ativação de “fake frames” com a geração de quadros impulsionou o desempenho para a casa dos 80fps. Notavelmente, os benchmarks indicaram que Cyberpunk 2077 rodou 15fps mais lento no Linux do que no Windows, com as mesmas configurações.
- Helldivers 2: Desempenho e visuais excelentes em 4K com configurações médias e escala de renderização equilibrada, mantendo uma média de 60fps, com quedas para 50fps e ocasionalmente 40fps em momentos de intensa ação.
- Street Fighter 6: O título foi desenvolvido para ser jogado em 1080p a 60fps, o que foi alcançado sem problemas. Pôde-se elevar a resolução para 4K e manter os 60fps, ajustando a maioria dos detalhes e configurações para o nível médio.
- Monster Hunter Wilds: Representou um teste de estresse devido ao seu notório desempenho problemático no PC. O jogo padronizou para o modo FSR Ultra Performance e configurações de textura mínimas, conferindo um visual similar ao de um PlayStation 3. Para manter o jogo em 4K e com qualidade visual aceitável, utilizou-se FSR Performance com texturas médias e geração de quadros ativada, resultando em taxas entre 70fps e 80fps, podendo superar os 100fps ao diminuir a resolução para 2560 x 1440. As texturas, contudo, permanecem uma limitação inerente ao Wilds, a menos que se utilize hardware de altíssimo desempenho. No geral, a jogabilidade foi fluida.
- Elden Ring Nightreign: Semelhante ao desempenho no Windows, rodou em 4K a cerca de 50fps com configurações médias, ou travado em 60fps (o máximo do jogo) ao baixar para 2.5K. A ausência de suporte FSR/DLSS é uma desvantagem sentida pelo avaliador.
- Peak: Funcionou perfeitamente em 4K com configurações médias, atingindo taxas de quadros de 80fps ou superiores.
As comparações revelaram que, enquanto alguns jogos para Windows podem até ter um desempenho superior no Linux, outros não. Black Myth: Wukong exibiu performance similar em ambas as plataformas.
A fotografia e as capturas de tela foram fornecidas por Antonio G. Di Benedetto / The Verge, e uma imagem de Cyberpunk 2077 é atribuída à CD Projekt Red.
Com informações de The Verge
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