Coros Nomad: É o Smartwatch Ideal para Aventura Extrema?

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O Coros Nomad, um smartwatch multiesportivo que promete ser um companheiro robusto para aventureiros de todos os tipos, foi recentemente colocado à prova na desafiadora Trilha Tahoe Rim por Elizabeth Lopatto, jornalista do The Verge. Comercializado com capacidades de GPS, mapas offline e rastreamento para diversas atividades, de yoga a escalada, o dispositivo busca atrair campistas, mochileiros e entusiastas de atividades ao ar livre. Contudo, a experiência de Lopatto, uma mochileira experiente, revelou que, embora o Nomad apresente qualidades admiráveis, ele falha em entregar totalmente a amplitude de suas promessas de “ir a qualquer lugar, fazer qualquer coisa” para o usuário mais exigente.

Disponível por $349, o relógio foi testado intensamente por um mês de treinamento e durante a caminhada, com Lopatto observando uma boa relação custo-benefício. Apesar disso, ela apontou que muitas de suas funcionalidades parecem ser projetadas mais para “guerreiros de fim de semana” ou corredores urbanos do que para os “ratões de trilha” dedicados. As expectativas geradas pela publicidade do aparelho contrastam significativamente com as necessidades reais e o uso prático durante atividades como mochilão de longa distância.

Coros Nomad: É o Smartwatch Ideal para Aventura Extrema?

A percepção da jornalista sobre as limitações do Coros Nomad foi influenciada pelo contexto atual do mercado de recreação ao ar livre, um segmento em ascensão. A Associação da Indústria ao Ar Livre (Outdoor Industry Association) relata um aumento no número de participantes com rendimento anual superior a $100.000, e o hiking emerge como a atividade mais popular. Nesse cenário, há uma demanda crescente por produtos mais robustos e especializados, com espaço para inovações que superem as ofertas atuais e os altos preços de concorrentes como a Garmin.

Uma das qualidades inegáveis do Nomad é a duração de sua bateria. Lopatto conseguiu usar o relógio por 40 horas de rastreamento ativo durante a Trilha Tahoe Rim (cerca de 174 milhas), precisando de uma única recarga apenas no final do sexto dia de sua jornada de 11 dias. Isso se destacou como uma vantagem notável em comparação com seu Apple Watch Series 6. Entretanto, os desafios surgiram logo na interface do aplicativo Coros, que prioritariamente apresentava planos de maratona e testes de corrida em pista, desconsiderando as especificidades dos trail runners, mochileiros e caminhantes, que demandam diferentes insights de treinamento, foco em agilidade, equilíbrio e força, não apenas ritmo.

Problemas de Design e Oportunidades Perdidas no Software

As escolhas de design da Coros, segundo a análise, não atendem plenamente ao público aventureiro. Embora o Nomad permita customização dos dados exibidos, a configuração padrão para hiking apresentava cinco telas de informações, muitas com métricas “inventadas” pela Coros que priorizavam carga de treinamento sobre informações cruciais como altitude e ritmo de descida. A leitura rápida e clara dos dados durante uma caminhada intensa, crucial para planejamento e segurança, tornou-se um desafio, especialmente com as fontes relativamente pequenas e a tela pouco legível em certas condições. Outra limitação percebida foi a ausência do recurso de pausa automática para caminhadas, algo disponível em seu Apple Watch.

O calendário de treinamento, embora útil para rotinas de força e trail runs, não oferecia a opção de adicionar caminhadas. Isso revelou uma lacuna para atletas que incorporam o hiking em seus regimes de treino. Lopatto observou que a falta de pré-configurações ou flexibilidade para trail runners em programas de treino é uma “oportunidade perdida”, visto que os corredores urbanos têm acesso a programas e insights detalhados.

Conectividade, Segurança e Confiabilidade em Áreas Remotas

Talvez a maior falha do Nomad, de acordo com a análise, resida na sua excessiva dependência de conexão à internet, o que mina a sua publicidade de ser um relógio “para ir a qualquer lugar”. O recurso de alerta de segurança SOS, anunciado para enviar mensagens em situações de emergência, é inoperante sem dados de celular. A falta de capacidade de conexão direta a satélites o torna ineficaz como dispositivo de SOS em áreas sem cobertura de rede, uma realidade comum em ambientes selvagens. Essa limitação contrasta fortemente com o Garmin InReach Mini 2, usado pela jornalista, que oferece relatórios meteorológicos via satélite por uma taxa adicional.

A função de previsão do tempo do Nomad, que se baseia na API Weatherkit da Apple, também requer serviço de celular, deixando o usuário sem informações críticas sobre tempestades ao colocar o telefone em modo avião para economizar bateria. Mesmo um recurso crucial como o barômetro, capaz de prever mudanças no clima, estava desativado por padrão e “enterrado” em um menu de difícil acesso, demonstrando uma falha na usabilidade intuitiva para situações de risco.

Dados de Treinamento e Modos Específicos

A precisão das métricas de treinamento e recuperação no Coros Nomad também foi questionada. Embora o aplicativo seja razoavelmente bom para atividades cardio, as limitações no registro de atividades não cardio (como treinamento de força ou yoga) distorcem os insights. O medidor de carga de treinamento, baseado na duração e frequência cardíaca, tendia a subestimar o esforço em atividades não cardio, invalidando o cronômetro de recuperação que indicava a prontidão do corpo para o próximo treino. Durante toda a Trilha Tahoe Rim, o Nomad registrou a jornalista como “fatigada”, mesmo em dias que ela acordava sentindo-se disposta a caminhar 15 milhas.

Coros Nomad: É o Smartwatch Ideal para Aventura Extrema? - Imagem do artigo original

Imagem: Liz Lopatto/The via theverge.com

Ainda mais significativa foi a ausência do modo “rucking” – caminhar com peso –, uma atividade central para mochileiros. Apesar de sua crescente popularidade entre diversos grupos e endosso por personalidades da saúde, essa funcionalidade vital não é oferecida pelo Nomad, enquanto concorrentes como a Garmin já começam a incluir modos rudimentares de rucking em seus dispositivos. Essa lacuna impede os mochileiros de rastrear informações cruciais como o peso da mochila e as métricas específicas de desempenho, frustrando os que desejam um treinamento eficaz e específico para longas trilhas.

Em sua busca por um relógio ideal para mochileiros, Lopatto esboçou uma lista de recursos essenciais: VO2 máximo separado para monitorar melhorias específicas, um campo para inserir o peso transportado, sugestões para aumento seguro de peso e quilometragem, e a capacidade de gerar um plano de treinamento personalizado, que inclua uma mistura de “rucks” e corridas, visando uma meta final de resistência com carga.

O Futuro dos Relógios de Aventura: Conectividade por Satélite

Embora as melhorias no software sejam desejáveis, a jornalista destaca uma modificação de hardware que seria revolucionária: a conectividade via satélite. A possibilidade de um relógio enviar um SOS real e notificações de check-in sem depender de dados de celular traria uma segurança sem precedentes, um “divisor de águas” que superaria recursos como carregamento solar ou lanternas em termos de importância. O Apple Watch Ultra 3 e o Garmin Fenix 8 Pro já oferecem essa capacidade, mas com custos elevados e limitações de bateria no caso da Apple. Para Lopatto, que carregava um Garmin InReach Mini para comunicação via satélite, a integração desse recurso em um smartwatch eliminaria um item extra, pouparia peso e uma assinatura mensal, além de ser menos propenso a ser perdido.

A inclusão de recursos de segurança avançados e acessíveis é crucial para ampliar o mercado, especialmente para grupos subrepresentados como as mulheres em caminhadas solo. A autora pondera que a capacidade de facilmente pedir ajuda por meio de um relógio pode encorajar muitas mulheres a fazer sua primeira trilha sozinha, refletindo um princípio já visto no movimento ultralight: desenvolver equipamentos para os usuários mais intensos acaba beneficiando a todos, tornando o esporte mais acessível.

Em suma, o Coros Nomad é um relógio com ótima duração de bateria e um preço atraente, superando os modelos atuais de Apple em alguns aspectos, mas falha em entregar o que promete em sua campanha de marketing para o público de aventureiros e “gearheads” extremos. Embora o “Adventure Journal” seja interessante, é pouco mais que um “brinquedo” dada a sua dependência de internet. Para se tornar verdadeiramente um relógio de aventura, ele necessitaria de melhorias substanciais no software, incluindo programas de treinamento específicos para trail runners e mochileiros, um modo rucking robusto, um sistema de recuperação mais confiável e uma interface mais intuitiva, além da almejada conectividade via satélite. O relógio ideal para o mochileiro mais exigente ainda não existe.

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Esperamos que esta análise aprofundada do Coros Nomad tenha sido útil para você. Para mais conteúdos sobre tecnologia, equipamentos outdoor e as últimas novidades do mercado de esportes, continue acompanhando nossa editoria Esporte.

Crédito da imagem: Liz Lopatto / The Verge


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