Desastres Climáticos: Novo Banco de Dados Desafia Vazio Oficial

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Os desastres climáticos bilionários têm sido monitorados com um novo vigor nos Estados Unidos, após a descontinuação de um banco de dados federal essencial. Graças à iniciativa de pesquisadores dedicados, uma nova plataforma pública assegura a continuidade da coleta e análise de informações sobre eventos extremos com custos de pelo menos um bilhão de dólares, oferecendo um panorama atualizado do aumento desses incidentes em território americano. Este novo recurso vem suprir uma lacuna deixada pela ausência de atualizações governamentais.

Até recentemente, o Centro Nacional de Informações Ambientais (NCEI), um órgão federal, era o responsável por compartilhar dados e análises sobre desastres de custo bilionário, com registros que remontam a 1980, disponíveis em seu site oficial. Contudo, em maio deste ano, o NCEI interrompeu a atualização desse valioso recurso. A interrupção foi justificada como uma medida alinhada a “prioridades em evolução, mandatos estatutários e mudanças de pessoal”, um processo ocorrido sob a administração do ex-presidente Donald Trump.

Desastres Climáticos: Novo Banco de Dados Desafia Vazio Oficial

A cessação das atualizações pelo governo gerou uma lacuna crítica para diversos setores. A ausência de dados governamentais precisos sobre eventos extremos e seus impactos econômicos prejudica não apenas pesquisadores, mas também comunidades que dependem dessas informações para planejar suas estratégias de resiliência e adaptação. Historicamente, ferramentas como o banco de dados de desastres bilionários, juntamente com mapas de risco, foram desenvolvidas para auxiliar cidades e estados a compreender onde seus moradores são mais vulneráveis e como os códigos de construção precisam ser adaptados para enfrentar condições climáticas cada vez mais severas.

A administração Trump tem se destacado por uma série de ações rápidas visando remover informações sobre mudanças climáticas de websites governamentais desde que assumiu o cargo. Essa política, contudo, enfrentou significativos desafios legais e mobilizou intensos esforços para arquivar esses dados por parte de indivíduos e organizações que dependem deles para subsistência e para fundamentar políticas de saúde e segurança pública.

Diante desse cenário, o grupo de pesquisa e advocacy sem fins lucrativos Climate Central lançou sua própria versão do banco de dados de desastres climáticos, hospedada em seu website. A ferramenta opera de forma similar ao banco de dados federal descontinuado, monitorando desastres relacionados ao clima e ao tempo que resultaram em pelo menos um bilhão de dólares em danos. Incluindo dados históricos desde 1980, o recurso ajusta os custos pela inflação, garantindo uma análise econômica precisa. Adam Smith, que atuou como cientista-chefe da ferramenta de desastres de bilhões de dólares do NCEI pelos últimos 15 anos, está agora liderando os esforços no Climate Central, garantindo a continuidade da expertise.

Ao analisar os primeiros seis meses do ano corrente, o Climate Central revelou um quadro preocupante: 14 desastres individuais já custaram, cumulativamente, 101,4 bilhões de dólares. Esses números são considerados excepcionalmente altos para os Estados Unidos. Desde 1980, o país tem enfrentado, em média, nove desastres de custo bilionário anualmente. Os dados compilados pela pesquisa evidenciam uma clara tendência de aumento na frequência e intensidade desses eventos destrutivos ao longo do tempo.

Comparativamente, na década de 1980, a média de desastres com prejuízos superiores a um bilhão de dólares era de apenas três por ano. Em contrapartida, os últimos dois anos se destacaram como recordistas, registrando 28 e 27 desastres dessa magnitude, respectivamente. Essa escalada sublinha a crescente ameaça imposta por eventos climáticos extremos e o impacto econômico avassalador que eles representam para a nação.

Além da frequência, os custos anuais ajustados pela inflação também sofreram um crescimento exponencial. Nos anos 2020, o custo médio anual alcançou 153,2 bilhões de dólares, representando um aumento de mais de seis vezes em comparação com a média de 22,6 bilhões de dólares por ano registrada na década de 1980. Esta projeção de custos elevados sugere que a infraestrutura e a economia precisam de uma robusta adaptação para mitigar futuros impactos.

Desastres Climáticos: Novo Banco de Dados Desafia Vazio Oficial - Imagem do artigo original

Imagem: Cath Virginia via theverge.com

O ano de 2025 já começou com o evento de incêndio florestal mais custoso da história dos Estados Unidos, o inferno que devastou a grande área de Los Angeles. Com perdas que superaram 60 bilhões de dólares, os incêndios de janeiro na Califórnia facilmente tornaram os primeiros seis meses de 2025 o período mais caro já registrado no novo banco de dados. Este evento isolado destaca a magnitude e a intensidade que esses desastres climáticos podem atingir, exigindo respostas rápidas e eficazes.

No entanto, a administração Trump demonstra uma postura de desconsideração em relação a este tipo de fenômeno, optando por desvalorizar informações cruciais. Em vez de prestar atenção aos crescentes desafios impostos pelas mudanças climáticas, o governo buscou ativamente substituir décadas de pesquisa climática financiada pelo estado por uma narrativa própria, frequentemente considerada como desinformação. Em julho, o website federal que abrigava avaliações climáticas nacionais, mandatadas pelo Congresso, foi retirado do ar. Em agosto, Chris Wright, ex-executivo da indústria de fracking e então Secretário de Energia, encarregou céticos do clima de redigir um relatório sobre as emissões de gases de efeito estufa que, intencionalmente, rejeita o consenso científico sobre as alterações climáticas. A administração Trump agora enfrenta um processo judicial que contesta o uso deste relatório, tido como enganoso, para justificar os esforços da Agência de Proteção Ambiental (EPA) de reverter regulamentações federais sobre as emissões que aquecem o planeta, consolidando um histórico de embates na esfera ambiental.

O fenômeno do aumento dos desastres climáticos, com seu crescente impacto financeiro e social, é uma preocupação global que transcende fronteiras. Instituições como a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) também monitoram ativamente esses eventos e buscam formas de melhorar a resiliência e a compreensão dos riscos associados, alertando para a necessidade de dados contínuos para estratégias eficazes de mitigação. A colaboração internacional e a troca de informações são vistas como fundamentais para enfrentar um desafio dessa magnitude.

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Este esforço independente para manter a transparência e o acesso a dados sobre os desastres climáticos bilionários ressalta a importância de informações precisas para a segurança pública, a economia e a tomada de decisões estratégicas. O Climate Central, ao preencher o vácuo de dados federais, contribui significativamente para que a sociedade civil e os gestores possam entender melhor as ameaças climáticas e agir proativamente. Para mais análises aprofundadas sobre como a economia é afetada por fenômenos globais e suas consequências locais, explore nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Cath Virginia / The Verge, Getty Images


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