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TÍTULO: Desvendando Segredos das Torres de Cigarra na Amazônia
SLUG: desvendando-segredos-torres-cigarra-amazonia
META DESCRIÇÃO: Descubra como pesquisadores na Amazônia desvendaram as funções misteriosas das torres construídas por cigarras, utilizando um método surpreendente. Conheça as hipóteses testadas.
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O intrigante mistério das torres de cigarra na Amazônia foi recentemente desvendado por um grupo de pesquisadores brasileiros em uma jornada de descobertas científica. Conhecidas por seu comportamento peculiar de erguer pequenas estruturas de argila misturada com urina ao emergir do solo, as cigarras da espécie Guyalna chlorogena, habitantes da vasta floresta tropical, mantinham em segredo a verdadeira finalidade de suas construções arquitetônicas. Agora, os propósitos dessas edificações singulares começam a ser compreendidos por meio de uma investigação inusitada e recursos criativos, conduzida em um ambiente naturalmente desafiador.
As cigarras, insetos famosos por seu canto característico, compreendem um grupo vasto com mais de três mil espécies catalogadas globalmente. No entanto, o exemplar amazônico, a Guyalna chlorogena, distingue-se não apenas por sua presença na densa mata, mas pela notável engenhosidade demonstrada na construção de pequenas estruturas, semelhantes a torres. Essas construções são elaboradas com argila e material orgânico ao saírem da terra, instigando a curiosidade de biólogos e entusiastas da natureza por anos.
O professor e pesquisador Pedro Pequeno, que atua no Instituto Serrapilheira e no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia SinBiAm (INCT-SinBiAm), elucidou aspectos fundamentais do ciclo de vida dessas cigarras. Ele explica que a maior parte da existência desses insetos é subterrânea, dedicando-se à alimentação da seiva das raízes. A fase da construção das torres acontece quando elas se aproximam do estágio adulto, emergindo do solo para iniciar a metamorfose. Este fascinante fenômeno noturno ocorre gradualmente, com as cigarras adicionando argila e urina à estrutura noite após noite, estendendo o processo por vários meses até a conclusão da torre. Este estudo traz novos insights para o conhecimento sobre o comportamento de insetos tropicais e é o cerne da pesquisa que aborda:
Desvendando Segredos das Torres de Cigarra na Amazônia
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A Enigmática Função das Torres
Embora as estruturas edificadas pelas cigarras fossem relativamente conhecidas nas comunidades da região amazônica, a função específica desses monumentos naturais permanecia um mistério, um vazio no conhecimento científico. Esta lacuna despertou o interesse de um grupo de pesquisadores brasileiros que participava de um curso na Amazônia. Marina Méga, bióloga doutoranda da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da equipe, relatou que as torres capturaram imediatamente a atenção do grupo durante as explorações. Ela as descreveu de forma poética, parecendo uma “vila de fadas que saía do chão”, enfatizando o mais curioso: a completa ausência de uma explicação científica para sua existência e propósito.
Para desvendar essa incógnita, os cientistas conceberam duas hipóteses principais, cuidadosamente formuladas após observações e discussões aprofundadas sobre o comportamento das cigarras e as condições ambientais da região. A primeira teoria postulava que essas construções serviam como um mecanismo de proteção e defesa vital para as cigarras, minimizando a exposição e o risco de serem predadas enquanto se encontravam na vulnerável fase de ninfa. O professor Pequeno detalha que, durante o processo de metamorfose, quando a cigarra emerge para a troca de pele e assume sua forma adulta, ela fica imobilizada e aderida à parte externa da torre, tornando-se um alvo fácil para predadores. A incorporação de urina na composição da torre também levou à suposição de que esta pudesse funcionar como um repelente natural, contribuindo para afastar potenciais ameaças.
A segunda hipótese elaborada pelos pesquisadores sugeria que as torres desempenhavam um papel crucial nas trocas gasosas, permitindo que as cigarras respirassem de forma eficiente dentro das estruturas. Pedro Pequeno esclareceu que o solo é um ambiente inerentemente pobre em oxigênio e, ao mesmo tempo, rico em dióxido de carbono. Dada essa realidade, animais de pequeno porte que habitam o subsolo desenvolvem adaptações naturais para lidar com tais condições. A estrutura da torre poderia, portanto, atuar como um canal que otimiza essa troca gasosa vital para a sobrevivência do inseto.
Um Experimento Inesperado para Confirmação Científica
Para testar a teoria da troca gasosa, uma ideia extremamente original e, a princípio, jocosa surgiu entre a equipe: utilizar preservativos. Marina Méga compartilhou a anedota de como a peculiaridade do formato das torres inspirou uma de suas colegas a sugerir o uso desses objetos. A simplicidade e a eficácia da ideia eram notáveis: se a torre realmente facilitasse o intercâmbio de gases, esperava-se que os preservativos inflassem devido à liberação de dióxido de carbono através dos poros da argila.
E, para o êxtase dos pesquisadores, a observação confirmou a hipótese de forma espetacular. Os preservativos começaram a inflar visivelmente, uma evidência inquestionável da ocorrência de trocas gasosas. Méga descreveu o momento com grande euforia: “A gente ficou eufórica. Começou a comemorar, a cantar. Enfim, a gente teve esse momento de muita felicidade. Foi uma vitória, porque a gente estava em um ambiente inóspito, com relativamente poucos recursos”. Essa constatação inicial não só confirmou uma das funções das torres de cigarra na Amazônia, mas também fortaleceu a convicção do grupo em prosseguir com a pesquisa.
Após esse sucesso inicial, a equipe prosseguiu com a validação da descoberta, encomendando aproximadamente quarenta preservativos para replicar e confirmar os resultados da hipótese das trocas gasosas em uma escala maior. Adicionalmente, realizaram outros experimentos, como o uso de iscas de formigas, para verificar se as torres de cigarra também serviam, como teorizado, para proteger as ninfas de seus predadores. Ao final de um processo de rigorosa experimentação, ambos os conjuntos de hipóteses foram comprovados como verdadeiros. As torres, portanto, têm dupla função essencial: atuam na respiração do inseto e oferecem um refúgio seguro contra ameaças externas durante uma de suas fases mais críticas.
Imagem: grupo de pesquisadores brasileiros para via bbc.com
Implicações e Descobertas Notáveis
A relevância desses achados, segundo Marina Méga, reside na capacidade de preencher lacunas significativas no conhecimento científico existente sobre esses insetos. Estudos anteriores sobre as estruturas das cigarras eram predominantemente morfológicos e observacionais, sem um teste empírico robusto das funções hipotéticas. A confirmação de que essas estruturas elevam a taxa de sobrevivência das cigarras possui uma importância biológica substancial, afetando nossa compreensão sobre a ecologia e evolução desses artrópodes.
No vasto universo das cigarras, acredita-se que nem todas as espécies se dediquem à elaboração dessas torres de terra. Contudo, há registros da existência de pelo menos um tipo desse inseto em cada continente, indicando uma distribuição global. O que verdadeiramente impressionou os pesquisadores durante seus experimentos em Manaus foi o tamanho excepcional das estruturas observadas. Eles identificaram uma torre com incríveis 47 centímetros de altura, que é, até então, a maior torre de cigarra já documentada no mundo.
Pedro Pequeno destacou o caráter incomum dessa descoberta, ressaltando que as “torres amazônicas são muito maiores do que todas as outras que temos documentadas”. Ele acrescentou que, geralmente, as estruturas registradas anteriormente atingiam, no máximo, entre 8 e 12 centímetros. Na literatura científica, já se sabia que algumas torres de cigarras em Manaus poderiam alcançar até 40 centímetros, mas a descoberta de uma com quase 50 centímetros foi um marco surpreendente para a equipe durante o trabalho de campo, estabelecendo um novo recorde mundial para as estruturas.
Os resultados inovadores desta pesquisa na Amazônia, marcados pela abordagem pouco convencional e a utilização criativa de recursos, estão sendo preparados para uma publicação científica iminente. Conforme Pequeno, o entendimento das funções dessas estruturas biológicas tem aplicações práticas de grande valor, particularmente na área da biomimética, onde os cientistas buscam imitar processos naturais extremamente eficientes para resolver desafios tecnológicos. “Se a gente conseguir entender como as torres de cigarra funcionam, isso pode trazer inúmeras implicações de trocas gasosas, controle térmico, por exemplo”, explicou, sublinhando o potencial impacto dessas descobertas no avanço da ciência e tecnologia.
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Em suma, a descoberta das duplas funções das torres de cigarra na Amazônia, para proteção e troca gasosa, ilustra a criatividade e a tenacidade da pesquisa científica em ambientes desafiadores. Este feito não apenas preenche lacunas significativas no nosso entendimento da biologia desses fascinantes insetos, mas também abre portas para aplicações inovadoras inspiradas pela natureza. Para continuar acompanhando notícias e análises sobre o meio ambiente, ciência e outros tópicos relevantes, visite nossa plataforma jornalística: https://horadecomecar.com.br/. Sua curiosidade é o nosso estímulo.
Crédito, Divulgação/Instituto Serrapilheira
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