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Os resultados preliminares das eleições legislativas de domingo, 7 de setembro, na Província de Buenos Aires, indicam uma significativa vitória do peronismo de centro-esquerda, sob a liderança do governador Axel Kicillof. Este resultado o posiciona firmemente como principal figura de oposição ao presidente Javier Milei e um potencial candidato à Presidência da Argentina em 2027.
Com 82% das urnas apuradas, a coalizão Fuerza Patria obteve 46,9% dos votos, enquanto o La Libertad Avanza (LLA), partido do atual presidente Javier Milei, registrou 33,8%. Este revés eleitoral representa um impacto considerável para o governo Milei, especialmente diante do peronismo-K, uma vertente política vinculada ao kirchnerismo e à ex-presidente Cristina Kirchner, um grupo que o presidente havia prometido desarticular da cena política argentina.
Eleições Buenos Aires: Derrota de partido de Milei em votação
A votação em Buenos Aires ocorreu em um momento de turbulência, apenas duas semanas após a revelação de um escândalo envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência. Karina e o subsecretário de gestão institucional do governo, Eduardo “Lule” Menem, foram acusados, em uma gravação, de cobrar propinas de indústrias farmacêuticas em troca de compras governamentais de medicamentos. Ambos negam veementemente as acusações.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa argentina, a coalizão peronista-K triunfou em seis das oito seções eleitorais que compõem a província. A ambição do LLA de pintar a região “de violeta”, a cor de seu partido, não se concretizou, nem as previsões de pesquisas que sugeriam, no máximo, uma vitória apertada para o Fuerza Patria ou até mesmo um “empate técnico”. Em vez disso, o mapa eleitoral daquela noite se coloriu predominantemente de celeste, a cor associada aos peronistas.
A Fuerza Patria assegurou uma vitória com uma ampla vantagem na Terceira Seção, conquistando quase 54% dos votos contra 28% do LLA. Da mesma forma, prevaleceu na Primeira Seção, com uma margem superior a dez pontos percentuais. Juntas, estas duas regiões concentram cerca de dez milhões dos catorze milhões de eleitores aptos na província, correspondendo a aproximadamente 71% do eleitorado.
A força peronista também obteve êxito na Quarta Seção, situada no noroeste da província, um feito que não se repetia há duas décadas. Conquistas adicionais foram registradas na Segunda Seção, caracterizada por um perfil mais rural, e na Oitava Seção, que compreende La Plata, a capital provincial.
Por sua vez, o partido La Libertad Avanza, que incorporou o enfraquecido PRO, liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, conseguiu vitórias pontuais. Seus triunfos foram nas Quinta e Sexta Seções, destacando-se o prefeito de Mar del Plata, Guillermo Montenegro, que mais uma vez superou a kirchnerista Fernanda Raverta.
Imagem: bbc.com
Os resultados destas eleições forçam o governo de Javier Milei a reconsiderar sua estratégia, principalmente com vistas às eleições nacionais de 26 de outubro, que definirão a renovação de metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado. O calendário, contudo, é apertado, com apenas 50 dias restantes para o pleito e com as alianças e listas de candidatos já oficializadas, limitando as opções de reorientação. Para um panorama mais completo sobre a dinâmica política da região, incluindo debates recentes sobre as reformas propostas por Milei, você pode consultar mais notícias e análises sobre a Argentina na imprensa internacional.
Ao reconhecer a derrota, o presidente Javier Milei reafirmou o compromisso com suas políticas liberais. “O rumo não vai mudar, será redobrado”, declarou ele em seu discurso na sede provincial de sua coalizão. Milei fez uma avaliação direta da situação: “O que precisa ficar claro é que, sem nenhuma dúvida, no plano político tivemos uma derrota. Se quisermos seguir em frente, é preciso aceitar os resultados. Sofremos um revés e é preciso assumi-lo”. O presidente também prometeu uma “autocrítica profunda”, buscando corrigir os erros cometidos e afirmando que não há opção senão a melhoria. “Não há opção de repetir os mesmos erros. Nós os corrigiremos”, completou.
Em contraste, a ex-presidente Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar, apareceu na sacada de seu apartamento na Recoleta para saudar seus apoiadores e celebrou os resultados em suas redes sociais. Em uma publicação crítica, Kirchner dirigiu-se a Milei, afirmando: “Viu, Milei? Banalizar o ‘Nunca Mais’, que representa o período mais negro e trágico da história argentina, não é grátis. Rir da morte e da dor de seus oponentes, tampouco. Mas apontar o dedo e estigmatizar pessoas com deficiência, enquanto sua irmã cobra 3% de propina de seus medicamentos, é letal”, numa clara alusão às acusações contra Karina Milei e críticas à postura do atual governo.
A vitória peronista na Província de Buenos Aires reforça a polarização política argentina e projeta desafios significativos para o governo de Javier Milei nos próximos pleitos, que podem reconfigurar o panorama legislativo. Para acompanhar as últimas novidades e análises aprofundadas sobre o cenário político na América Latina, visite nossa seção de Política e fique por dentro de tudo o que acontece.
Crédito da imagem: Getty Images
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