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O clima da temporada assombrada convida a experiências cinematográficas intensas, e o clássico Filme House (Hausu, no título original em japonês), uma produção japonesa de terror e fantasia lançada em 1977, desponta como uma recomendação singular para aqueles que buscam algo fora do convencional. Este longa-metragem desafia as fronteiras do gênero, oferecendo uma imersão em lógica de pesadelo e visuais surreais, capaz de provocar no espectador a constante questão: “O que acabei de assistir?” A indicação, que celebra a obra cult de Nobuhiko Obayashi, é feita por Terrence O’Brien, editor de fim de semana de veículos, destacando sua peculiaridade no panorama do horror.
Em meio a escolhas tradicionais para uma noite de filmes de terror, como “Bring Her Back” ou o atemporal “The Evil Dead”, O’Brien, com seus 18 anos de experiência jornalística, sendo 10 deles como editor-gerente na Engadget, propõe House para um público ávido por um tipo de bizarrice que transcende o simples susto ou a violência explícita. A obra de 1977 é um marco para o horror experimental, prometendo uma viagem visual e narrativa que se distancia do lugar-comum, transformando a tela em um portal para o inexplicável e o fantasmagórico.
A proposta é mergulhar em uma obra que vai além da descrição convencional, mas para oferecer um panorama inicial, a trama do longa gira em torno de uma jovem que decide passar o verão na casa de campo de sua tia. A decisão surge após seu pai viúvo apresentar uma mulher misteriosa e calada, com quem pretende se casar. Ao chegar à residência campestre, acompanhada de seis amigas, eventos sobrenaturais bizarros e inexplicáveis começam a se manifestar de maneira imediata. No entanto, mesmo essa descrição rudimentar não consegue capturar a absoluta insanidade contida nos 88 minutos de exibição.
Filme House: Clássico terror japonês para temporada assombrada
O enredo base serve apenas como um ponto de partida para o desenrolar de uma sequência de acontecimentos que fogem à compreensão linear, sendo uma peça fundamental para a apreciação da singularidade de House no cenário cinematográfico mundial.
A Visão Única de Nobuhiko Obayashi
A força por trás de House reside na visão inconfundível do diretor Nobuhiko Obayashi. Seu estilo frenético, hiper-estilizado e experimental é a espinha dorsal da estética visual singular do filme, moldando cada quadro com uma originalidade marcante. Contudo, grande parte da lógica de pesadelo que permeia a narrativa é atribuída a uma fonte surpreendente: Chigumi Ôbayashi, filha de Nobuhiko, que, aos 10 anos de idade, atuou como coautora da obra. Sua perspectiva infantil e desinibida foi crucial para a construção de um universo onde o estranho e o inexplicável se manifestam sem pudor.
Em uma entrevista revelada no lançamento em Blu-ray do filme, Nobuhiko Obayashi detalhou sua abordagem criativa. Segundo ele, “adultos só conseguem pensar em coisas que entendem, então tudo permanece naquele nível humano entediante. Mas as crianças inventam coisas que não podem ser explicadas. Elas gostam do estranho e misterioso. O poder do cinema não está no explicável, mas no estranho e inexplicável.” Essa filosofia se reflete diretamente na tela, resultando em um filme que se aventura por múltiplos gêneros e sensações, afastando-se de qualquer tentativa de racionalização para abraçar a pura imaginação.
Uma Tapeçaria de Gêneros e Absurdos Visuais
O resultado dessa fusão de talentos e ideologias é um longa-metragem que transita abrupta e dramaticamente entre diferentes tonalidades. De um melodrama familiar com visuais etéreos e oníricos, “House” pode, em instantes, se transformar em um vídeo musical quase cômico ou um precursor do J-horror, carregado de elementos assustadores e desconcertantes. Transições visuais inusitadas, como os “circle wipes” e fundos claramente pintados (“matte painted backgrounds”), se justapõem a cenas chocantes de cabeças decepadas e rios de sangue vermelho brilhante, criando um mosaico cinematográfico que desconcerta e fascina simultaneamente. No cerne de toda essa experimentação visual, a narrativa encontra-se solidamente enraizada no folclore, utilizando o absurdo mórbido para abordar e confrontar traumas profundos. O filme “House” (Hausu) é reconhecido globalmente por sua originalidade e é considerado um marco no cinema cult de terror.
House permanece singular, incomparável a qualquer outra experiência cinematográfica. Carrie Rickey, em sua crítica para o jornal “Philadelphia Inquirer”, observou que o filme era “demasiado absurdo para ser genuinamente aterrorizante, mas demasiado horripilante para ser meramente cômico.” É essa ambivalência que o torna tão irresistível. O impacto do filme ecoa em obras posteriores; por exemplo, sua estética peculiar de “slapstick horror” parece ter influenciado “Evil Dead 2”, de Sam Raimi. Há também um DNA compartilhado com produções como “Twin Peaks”, de David Lynch, onde uma corrente de malevolência subjacente é explorada através de uma série de eventos que parecem não ter uma sequência lógica, mas contribuem para uma atmosfera única de estranheza e terror.

Imagem: Criterion Channel via theverge.com
O Culto a “House” e sua Disponibilidade
Mesmo após inúmeras revisitações, Terrence O’Brien confessa que House ainda o deixa com a mesma sensação de assombro: “O que acabei de assistir?” Uma reação que, para ele, é a melhor forma possível de descrever a experiência. Trata-se de um clássico cult inegável, cuja capacidade de prender a atenção do espectador é ímpar. A originalidade do filme, a profundidade com que explora a fantasia e o horror e sua técnica revolucionária o solidificam como uma obra imperdível para qualquer amante do cinema que busque algo verdadeiramente fora do comum. Para aqueles que nunca o viram, a oportunidade de embarcar nessa jornada visual é mais do que recomendada, é quase uma obrigação.
Para quem deseja mergulhar na bizarra e fascinante realidade de House, o filme está atualmente disponível para streaming. Plataformas renomadas como Criterion Channel e HBO Max oferecem a possibilidade de assistir a esta obra icônica. A sua acessibilidade facilita a descoberta para novas gerações e a redescoberta para os fãs de longa data, mantendo vivo o legado de um dos filmes mais “bonkers” e discutidos da história do cinema japonês de fantasia e terror.
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Em resumo, House é mais que um filme de terror; é uma experiência sensorial e narrativa que transcende definições convencionais, cimentando seu status como um verdadeiro ícone do cinema experimental japonês. Sua habilidade em chocar, divertir e provocar reflexão através do inusitado o torna um título essencial para se explorar na temporada assombrada. Para se aprofundar em outros temas e análises relevantes do cenário atual, explore nossa seção de análises detalhadas em nosso portal. Não deixe de conferir outras matérias sobre cultura, tendências e impactos sociais que moldam nosso cotidiano.
Imagem: Criterion Channel
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