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O físico Carlo Rovelli, reconhecido como um dos mais proeminentes teóricos da atualidade, causou repercussão ao comparar a profundidade revolucionária das teorias de Albert Einstein à ideologia de figuras como Che Guevara e Mao Tsé-Tung. Em uma entrevista ao podcast “Radical” da BBC, Rovelli, conhecido por sua capacidade de comunicar ciência complexa, mergulhou em diversos temas que vão desde a natureza do tempo e do espaço até a evolução da inteligência artificial e a urgência da cooperação global.
Carlo Rovelli, de nacionalidade italiana, confessa um embate interno contínuo: conciliar a paixão por investigar e formular artigos sobre fenômenos como buracos negros com a vocação de se manifestar sobre os desafios que a sociedade enfrenta. Essa voz interna, que insiste para que se restrinja à ciência, é persistentemente confrontada pelo seu forte senso de responsabilidade social. Ele se tornou uma figura intelectual relevante, ao ser incluído pela revista *Foreign Policy* em 2019 na lista dos 100 intelectuais globais mais influentes. Acredita que, tendo alcançado uma plataforma onde sua voz é ouvida, é seu dever abordar as questões coletivas que considera serem erros comuns da humanidade.
Físico Carlo Rovelli: Einstein foi mais radical que Che Guevara
O acadêmico e autor do *best-seller* internacional “Sete Lições Curtas de Física”, obra que o impulsionou para a notoriedade científica global, detalhou na entrevista à BBC não apenas sua visão sobre o tempo, o espaço e a possível transformação do Big Bang em um “Big Bounce” (Grande Rebote), mas também expressou profunda preocupação com a dinâmica atual das potências mundiais, que frequentemente dão primazia à competição em detrimento da colaboração. Adicionalmente, abordou suas perspectivas sobre a inteligência artificial, apontando-a como superestimada, apesar de reconhecer sua utilidade e a imprescindível necessidade de regulamentação.
No campo da cosmologia, Rovelli expressa uma espécie de admiração e ceticismo em relação ao alcance de seu livro sobre as “grandes questões” da existência humana e as origens do universo. Lançado em 2014, “Sete Breves Lições de Física” surpreendeu tanto a ele quanto sua editora italiana ao se tornar um sucesso de vendas. Ele atribui parte desse êxito à forma como a obra entrelaça conceitos de física teórica com reflexões existenciais, buscando uma convergência entre as emoções, a busca por significado e o conhecimento científico mais recente. Para Rovelli, a humanidade se aproxima de desvendar os mistérios fundamentais da criação do universo, embora reconheça que cada resposta leva a uma nova camada de questionamentos.
Ele aponta que os cientistas realizaram um trabalho notável ao reconstruir a história do universo em larga escala, compreendendo os últimos 13 a 14 bilhões de anos. As evidências são “esmagadoras” de que todas as galáxias que observamos se originaram de um espaço incrivelmente denso e quente, emergindo do que popularmente se conhece como Big Bang. Contudo, Rovelli sugere que este “salto” – ou “Big Bounce” – pode ser uma alternativa, descrevendo um universo que, em vez de surgir do nada, compactou-se e se expandiu novamente. Ele está convicto de que essa hipótese tem grandes chances de ser validada por especialistas em física, cosmologia e astronomia nos próximos anos. Mesmo com a confirmação dessa teoria, Rovelli salienta que a questão primordial da origem do universo persistirá, revelando mais um mistério a ser desvendado em uma cadeia complexa de descobertas.
Na discussão sobre os avanços tecnológicos, especialmente a inteligência artificial (IA), o físico italiano adota uma postura cética. **Carlo Rovelli**, categoricamente, descreve a IA como “extremamente superestimada”, argumentando que sua criatividade é “notavelmente pouca”, chegando a compará-la desfavoravelmente até com “o pior” de seus próprios alunos. Embora reconheça o potencial de evolução da IA no futuro, Rovelli permanece como um “São Tomás” – só crê vendo. Ele utiliza a analogia dos voos transatlânticos para ilustrar sua cautela: o salto inicial de horas para semanas de viagem foi enorme, mas o tempo de voo não se reduziu drasticamente depois. Ele sugere que, talvez, o *hype* em torno da IA possa ofuscar sua real trajetória de desenvolvimento.
Apesar de seu ceticismo quanto à criatividade da inteligência artificial, Rovelli não nega sua aplicabilidade prática em diversas áreas, incluindo a física teórica. Ele exemplifica seu uso em cálculos complexos na área da gravidade quântica, indicando a funcionalidade da tecnologia em tarefas específicas. Contudo, o físico alerta para a importância da prudência no desenvolvimento da IA, dada sua natureza potencialmente “muito poderosa”. A preocupação maior reside na inevitável corrida armamentista entre as superpotências, que investirão maciçamente em IA para obter vantagem militar, o que considera perigoso. Rovelli expressa profunda angústia com a “loucura” da dissuasão nuclear, questionando a capacidade humana de ter se colocado em tal situação de risco de destruição mútua. Para ele, a humanidade não necessita de mais inteligência artificial, mas sim de uma maior “inteligência natural” para abandonar comportamentos autodestrutivos e irracionais, como conflitos armados constantes.
A apreensão do **físico Carlo Rovelli** se estende à atual conjuntura geopolítica, onde ele percebe um preocupante paralelo com o cenário que antecedeu o século 20, marcado por “guerras enormes”, fabricação de armamentos e a demonização recíproca entre nações, sinais que tradicionalmente precedem grandes conflitos. Através de um exercício periódico de leitura de jornais de diferentes capitais globais, Rovelli constata narrativas “surpreendentemente divergentes”. Essa fragmentação impede uma compreensão mútua, levando cada sociedade a viver em sua própria “pequena bolha de histórias”. Tal distanciamento, na visão do físico, encaminha a humanidade para um confronto cada vez maior, independentemente de regimes democráticos ou autocráticos.
Entretanto, em meio a essa visão sombria, o **físico Carlo Rovelli** nutre esperança. Ele a encontra na nova geração, que demonstra igual preocupação com a crise climática, o perigo nuclear, os conflitos globais e outros grandes desafios. Para ele, a verdadeira questão não reside na superioridade de um sistema político sobre outro, mas sim na capacidade de “vivermos juntos neste planeta e resolvermos os problemas em conjunto”, promovendo uma cultura que reconheça a humanidade como uma única “tribo planetária”.
A jornada pessoal de Carlo Rovelli o moldou para as reflexões que propõe hoje. Nascido em 1956, sua juventude em Verona foi marcada por um desejo fervoroso de transformar o mundo, uma ambição partilhada por muitos de seus contemporâneos. Contrário às normas, ele se sentia deslocado no ensino médio, confrontando a simpatia de professores pelo fascismo. Seguindo seu próprio caminho, viajou, dedicou-se à leitura, e abraçou ideias como o amor livre e a abolição de fronteiras e do militarismo, identificando-se como um radical. Embora matriculado na faculdade, priorizava o estudo autônomo e abordava os professores com questões apenas quando necessário.
A virada em sua trajetória ocorreu com a descoberta da física moderna, especificamente a mecânica quântica e a teoria da relatividade geral de Albert Einstein. Este encontro foi um “choque” que o cativou profundamente, revelando uma visão da realidade que considerou “mais radical do que Che Guevara e Mao Tsé-Tung”. As concepções de Einstein eram de fato revolucionárias: o tempo e o espaço não são meros contêineres fixos, mas manifestações de um campo, descrevendo como as coisas se interconectam e afetam mutuamente. Para aprofundar a compreensão sobre Albert Einstein e sua monumental contribuição à física, consulte mais informações na Wikipédia. Da mesma forma, a mecânica quântica, ao descrever o mundo atômico e subatômico, nos ensina a pensar os componentes do universo não isoladamente, mas em suas interações. Conciliar essas duas grandiosas teorias do século 20 se tornou um de seus maiores desafios, dedicando grande parte de sua carreira ao desenvolvimento da teoria da gravidade quântica em loop.
Einstein é, por várias razões, o grande herói de Rovelli, e sua admiração vai além das conquistas científicas. Em outubro de 1914, Einstein, junto a outros três acadêmicos, assinou o “Manifesto aos Europeus”, um texto pacifista que se opunha firmemente à Primeira Guerra Mundial. Nesse documento, clamava-se pela unidade europeia e o fim imediato das hostilidades, a fim de evitar uma guerra fratricida. Rovelli lamenta que, lamentavelmente, esse apelo à sanidade não tenha sido atendido na época, e deseja que mais intelectuais hoje em dia demonstrem similar coragem para se manifestar contra narrativas dominantes. Ele almeja um mundo onde as ações não sejam motivadas pelo medo ou pela busca de poder, mas sim pela colaboração e trabalho conjunto. A luta, em última análise, resume-se ao embate entre colaboração e confronto, um princípio que Rovelli espera defender, seja em seus cálculos no sofá ou nas análises públicas sobre o futuro da humanidade.
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A complexidade do universo e as dinâmicas sociais se entrelaçam na visão do **físico Carlo Rovelli**, que nos convida a repensar conceitos fundamentais e a agir de forma mais consciente. Suas reflexões nos incitam a olhar para a ciência não apenas como fonte de conhecimento, mas como um caminho para a resolução dos grandes dilemas humanos. Continue explorando nossas matérias em Análises para aprofundar seu entendimento sobre os principais debates contemporâneos.
Crédito: Stefania D’Alessandro/Getty Images

Imagem: bbc.com
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