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A fome foi oficialmente confirmada na Cidade de Gaza, marcando um ponto crítico na deterioração da segurança alimentar na região. Esta declaração, feita por um órgão de classificação de segurança alimentar ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), sublinha a gravidade da crise humanitária em curso. Agências humanitárias e a própria ONU têm alertado que a situação é “totalmente provocada pelo homem”, uma avaliação que aponta para as complexas dinâmicas do conflito e as restrições ao acesso à ajuda.
Em contraste, o governo de Israel tem negado a existência de fome em Gaza, afirmando que a ajuda humanitária está a entrar na região e que as alegações são infundadas. Paralelamente a estas declarações, Israel tem prosseguido com os preparativos para uma nova ofensiva militar na Cidade de Gaza, intensificando as preocupações sobre o impacto na população civil e na já precária distribuição de assistência.
Confirmação da Fome e Seus Critérios
A confirmação da fome na Cidade de Gaza e nas áreas do norte da Faixa de Gaza foi emitida pela Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), uma iniciativa de múltiplos parceiros que inclui agências da ONU, governos e organizações não governamentais. O relatório da IPC indicou que a região atingiu o Nível 5, a fase mais grave de insegurança alimentar, caracterizada por uma escassez extrema de alimentos, fome e mortalidade. Esta classificação baseia-se em critérios rigorosos, incluindo a percentagem de agregados familiares que enfrentam uma escassez extrema de alimentos, a prevalência de desnutrição aguda e as taxas de mortalidade.
Os dados apresentados pela IPC revelaram que dezenas de milhares de pessoas na Cidade de Gaza e no norte da Faixa de Gaza enfrentam condições de fome catastrófica. O relatório destacou um aumento alarmante na desnutrição aguda entre crianças pequenas, com taxas que excedem os limiares de emergência. Além disso, foram registados casos de mortes relacionadas com a fome, especialmente entre crianças e idosos, o que reforça a urgência da situação.
A análise da IPC sublinhou que a população não tem acesso a alimentos suficientes, água potável ou saneamento adequado, fatores que contribuem para a propagação de doenças e para o agravamento da desnutrição. A capacidade de produção local de alimentos foi severamente comprometida, e a dependência da ajuda externa tornou-se quase total, mas esta ajuda tem sido insuficiente e inconsistente.
A Crise “Provocada Pelo Homem”
Líderes da ONU e de várias agências humanitárias têm sido vocais ao descrever a crise em Gaza como “totalmente provocada pelo homem”. Esta afirmação reflete a convicção de que a situação atual é o resultado direto de ações humanas e políticas, e não de desastres naturais. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e chefes de agências como o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) têm reiterado esta mensagem em diversas ocasiões.
As razões apontadas para esta avaliação incluem as restrições significativas impostas à entrada e distribuição de ajuda humanitária, a destruição generalizada de infraestruturas civis, incluindo hospitais, sistemas de água e saneamento, e a deslocação forçada de uma grande parte da população. A interrupção das cadeias de abastecimento, a falta de combustível para transporte e operações, e os desafios de segurança para os trabalhadores humanitários são também citados como fatores críticos que impedem uma resposta eficaz.
As agências humanitárias têm documentado repetidamente os obstáculos enfrentados na entrega de alimentos, medicamentos e outros suprimentos essenciais. Estes incluem atrasos em pontos de controlo, recusa de entrada de certos itens considerados de “duplo uso” (com potencial militar), e a falta de rotas seguras para a distribuição dentro da Faixa de Gaza. A capacidade de operar em grande escala foi severamente limitada, resultando em lacunas críticas na assistência à população.
A Posição de Israel e Planos Militares
O governo de Israel tem contestado veementemente as alegações de fome em Gaza. Autoridades israelenses têm afirmado que a ajuda humanitária está a entrar na Faixa de Gaza através de vários pontos de passagem e que o volume de assistência é suficiente para as necessidades da população. Israel tem acusado o Hamas de desviar a ajuda para os seus próprios fins e de impedir a sua distribuição eficaz à população civil.
Em declarações oficiais, Israel tem sublinhado os seus esforços para facilitar a entrada de ajuda, incluindo a abertura de novos pontos de passagem e o aumento da capacidade de inspeção de camiões. No entanto, as agências humanitárias têm argumentado que, apesar destes esforços, o volume de ajuda que chega é insuficiente e que as restrições e os desafios de segurança continuam a ser barreiras significativas.
Paralelamente a estas discussões sobre a ajuda, Israel tem continuado a preparar uma nova ofensiva militar na Cidade de Gaza. Os planos para esta operação foram anunciados como parte dos esforços contínuos para desmantelar as capacidades militares do Hamas e resgatar reféns. A perspetiva de uma ofensiva em áreas densamente povoadas da Cidade de Gaza tem gerado grande preocupação internacional, devido ao potencial de mais baixas civis e ao agravamento da crise humanitária. Agências da ONU e governos estrangeiros têm apelado a Israel para que proteja os civis e garanta o acesso irrestrito à ajuda, independentemente das operações militares.
Impacto na População e Apelos Internacionais
A confirmação da fome e a persistência das restrições à ajuda têm tido um impacto devastador na população de Gaza. Milhões de pessoas foram deslocadas, muitas delas várias vezes, e vivem em abrigos improvisados ou em condições de superlotação, sem acesso adequado a alimentos, água potável, saneamento ou cuidados de saúde. A falta de acesso a água limpa e a sistemas de saneamento funcionais tem levado a um aumento alarmante de doenças transmissíveis, como diarreia e hepatite, que são particularmente perigosas para crianças desnutridas.
O sistema de saúde em Gaza foi severamente comprometido, com muitos hospitais danificados ou fora de serviço, e os restantes a operar com recursos mínimos. A escassez de medicamentos, equipamentos e pessoal médico qualificado impede o tratamento adequado de feridos e doentes, incluindo aqueles que sofrem de desnutrição grave.
Em resposta à situação, a comunidade internacional tem intensificado os seus apelos por um cessar-fogo imediato e por um acesso humanitário total e desimpedido a toda a Faixa de Gaza. O Conselho de Segurança da ONU e a Assembleia Geral têm aprovado resoluções que exigem a proteção de civis e a entrega de ajuda. Vários países e blocos regionais, como a União Europeia, têm também exortado todas as partes a cumprir as suas obrigações sob o direito internacional humanitário e a permitir que a ajuda chegue a quem precisa.
Apesar dos apelos e das resoluções, a situação no terreno permanece crítica. As agências humanitárias continuam a lutar para escalar as suas operações e alcançar as populações mais vulneráveis, especialmente no norte de Gaza, onde a fome foi confirmada. A necessidade de um fluxo constante e previsível de ajuda, juntamente com garantias de segurança para a sua distribuição, é considerada essencial para evitar um colapso humanitário ainda maior e para reverter a tendência de fome na região.
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