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As Forças Armadas Brasileiras Intensificam Operação Atlas na Amazônia, dando início à sua fase crucial neste mês. Este vasto exercício militar conjunto, sob a coordenação do Ministério da Defesa, integra Marinha, Exército e Aeronáutica, mobilizando mais de 8 mil efetivos. O principal propósito é aprimorar a capacidade de atuação das Forças Armadas na complexa e strategicamente vital região amazônica.
A iniciativa militar abrange extensas áreas nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, além de contar com etapas específicas no Espírito Santo e em Goiás. Conforme comunicado pelo governo federal, a operação envolve um significativo deslocamento de pessoal e material de diversas partes do Brasil para a Amazônia, visando ao fortalecimento da capacidade de defesa e presença em uma das regiões de maior importância geoestratégica do país.
Forças Armadas Brasileiras Intensificam Operação Atlas na Amazônia
A execução da Operação Atlas coincide com um período de notáveis tensões militares escalando entre os Estados Unidos e a Venezuela, cujas repercussões se estendem por outros países da América do Sul e Caribe. Relatos indicam a presença de embarcações e aeronaves militares americanas na porção Sul do Mar do Caribe ao longo deste mês.
No início de setembro, por exemplo, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria autorizado o envio de dez jatos F-35 para Porto Rico. A missão desses aviões de combate, de acordo com a agência de notícias Reuters, seria a de realizar ações direcionadas a cartéis de drogas na região caribenha. Ademais, houve notificações de navios de guerra dos EUA posicionados no Caribe, que incluíram destróieres com mísseis guiados, um grupo anfíbio, um submarino nuclear, aeronaves de reconhecimento P-8 e cerca de 4.500 fuzileiros navais.
As tropas estadunidenses, neste cenário, conduziram ataques a embarcações suspeitas de transportar entorpecentes, que supostamente partiam da Venezuela. As intervenções foram objeto de alusões em discursos proferidos na Assembleia Geral das Nações Unidas pelos presidentes Gustavo Petro, da Colômbia, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, que abordaram a atuação militar americana na bacia do Caribe.
Em contraponto às ações e presença americana, o governo venezuelano, por sua vez, determinou que membros da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) instruíssem a população de comunidades de baixa renda sobre o manuseio de armas, numa aparente preparação para eventualidades ou demonstração de prontidão militar.
Planejamento da Operação e o Cenário Geopolítico
O governo brasileiro, todavia, refuta veementemente qualquer associação entre a Operação Atlas e as crescentes tensões entre a Venezuela e os EUA. As autoridades brasileiras reiteram que a operação foi programada em 2024 para ser realizada neste ano, tratando-se, portanto, de um evento militar rotineiro e de longo planejamento.
Além de ser um exercício conjunto das forças de defesa, o Ministério da Defesa destacou que um dos pilares da Operação Atlas é servir como suporte logístico e estratégico para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30, evento que ocorrerá em novembro, na cidade de Belém, no Pará. “Nós estamos deslocando tropas para fronteiras, pensando na COP 30, pensando em dar uma maior assistência a uma parte da fronteira mais inóspita, mais inacessível. De repente, estourou esse problema. A pessoa [diz] ‘foi lá para ajudar a Venezuela’. [Não] foi lá para não ajudar ninguém”, afirmou o ministro da Defesa, José Múcio, conforme divulgado pela Agência Brasil.
O ministro Múcio também expressou a preocupação do Brasil de que a crise em curso entre Venezuela e Estados Unidos possa transbordar para a fronteira brasileira. “Estamos preocupados, como eu disse, com a nossa fronteira, para que ela não sofra e não transforme a nossa fronteira numa trincheira. O Brasil é um país pacífico. Nós investimos em armas, nas nossas forças, para defender o nosso patrimônio. Não é de olho na terra de ninguém”, declarou. Esta declaração sublinha a postura defensiva e pacífica do Brasil, que se alicerça na soberania e proteção de seu território.
Em um antecedente significativo, o Brasil já havia acionado diplomatas e tropas em dezembro de 2023, em resposta a uma escalada de atritos entre a Venezuela e a Guiana, países que mantém uma disputa territorial histórica sobre a rica região de Essequibo.
Foco na “Defesa da Amazônia”: Escopo e Recursos
Deflagrada em julho, a Operação Atlas tem previsão de encerramento em outubro. Seu principal objetivo é a realização de um exercício conjunto pelas três forças – Marinha, Exército e Força Aérea – em um dos ambientes mais desafiadores do território nacional, a Amazônia, visando a “enfrentar na prática os desafios operacionais da região”, conforme explica o Ministério da Defesa. O cerne da operação reside na “prontidão, integração e defesa” da Amazônia, com um efetivo previsto de cerca de 8,6 mil militares, conforme o plano operacional detalhado.

Imagem: bbc.com
A Marinha contribui com um robusto contingente de 4.619 militares, empregando 46 embarcações, 247 meios de Fuzileiros Navais (incluindo viaturas blindadas dos tipos Astros e Clanf) e 12 helicópteros. O Exército participa com 3.607 militares, 434 viaturas leves e pesadas, 40 blindados (modelos Astros, Guarani e Leopardo) e 7 helicópteros. A Força Aérea, por sua vez, aloca 410 militares, 21 aeronaves (incluindo modelos de transporte, patrulha, caça e helicóptero), além do suporte de 3 satélites.
“Essa operação nos habilita a que nós avaliemos essas capacidades de deslocamento das nossas forças para qualquer local do país. Em especial estamos testando agora no teatro amazônico que é o local mais difícil para se fazer essa mobilidade”, explica o almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, que preside o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ele complementa que “se nós conseguirmos realizar a mobilidade no teatro amazônico, será menos desafiador realizar em outros lugares”, enfatizando a complexidade e o aprendizado obtido na região.
A Operação Atlas está estruturada em três fases distintas:
- Fase 1 – Planejamento integrado (30 de junho a 11 de julho): Realizada na Escola Superior de Defesa, em Brasília, esta etapa consistiu no planejamento coordenado das ações das Forças Armadas, delineando procedimentos para o deslocamento estratégico, sistemas de comando e controle, e análise de cenários simulados.
- Fase 2 – Deslocamento estratégico (27 de setembro a 1 de outubro): Correspondeu ao período de movimentação de pessoal e equipamentos militares em direção às áreas de operação na Amazônia e na zona marítima da foz do Rio Amazonas.
- Fase 3 – Exercício no terreno (2 a 11 de outubro): Com dez dias de duração, esta é a fase prática da operação, executada diretamente nos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, envolvendo operações táticas em campo, integrando atividades em ambientes terrestre, fluvial, marítimo e aéreo.
A peculiaridade da Operação Atlas reside na sua abordagem integrada. “O mais comum é cada força praticar separado o seu trabalho, mas a função da Defesa é justamente integrar isso”, pontuou o general de divisão Júlio César Palú Baltieri, subchefe de Operações Internacionais do Ministério da Defesa, ressaltando o valor da sinergia entre as diferentes corporações militares.
Inovação em Aviação e Armamentos Testados
Na área de aviação, a Força Aérea Brasileira mobilizou três aeronaves de caça A-1M do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação da Base Aérea de Santa Maria (RS) para Boa Vista, em Roraima. Também estão presentes aeronaves A-29 Super Tucano do Primeiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação, da Base Aérea de Boa Vista. A Força Aérea detalha que o A-29 se destaca pela maior autonomia e velocidade mais baixa, sendo ideal para reconhecimento visual e coordenação em cenários irregulares, enquanto o A-1M oferece poder de fogo superior, alta performance e armamentos guiados, crucial em contextos de maior ameaça.
Uma fase crucial da operação, denominada Atlas Armas Combinadas, incluiu o teste de novos armamentos em setembro, no Campo de Instrução de Formosa, em Goiás. Entre os equipamentos avaliados, destacam-se o míssil antiaéreo Mistral, as metralhadoras .50, o míssil anticarro 1.2 AC MAX e o drone kamikaze – este último, marcando a introdução da primeira aeronave de ataque remotamente pilotada no arsenal das Forças Armadas.
Conforme noticiado pela agência de notícias da Marinha, um dos maiores destaques deste ano foi a experimentação do míssil anticarro 1.2 AC MAX, que foi incorporado aos Batalhões de Infantaria de Fuzileiros Navais em junho. O desenvolvimento desse armamento é totalmente nacional, representando um avanço em tecnologia 100% brasileira. O míssil é capaz de alcançar uma velocidade de 240 metros por segundo, possui um raio de ação de até 2 quilômetros e demonstra capacidade de penetração superior a 300 milímetros em chapas blindadas, contribuindo significativamente para a neutralização de veículos deste tipo em operações terrestres.
A Operação Atlas reforça a capacidade defensiva do Brasil e sua preparação para cenários complexos, tanto militares quanto civis, na estratégica Amazônia. Para mais detalhes sobre como questões militares e regionais afetam o cenário nacional, convidamos você a continuar explorando nossa seção de Política em nosso portal.
Crédito, Getty Images
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