França: Protestos Tomam Ruas Após Posse de Novo PM

noticias
Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

Os protestos na França eclodiram de forma contundente nesta quarta-feira, 10 de setembro, em uma clara demonstração de indignação popular contra a classe política e as rigorosas medidas de cortes orçamentários. Organizado pelo movimento “Bloquons Tout”, ou “Vamos Bloquear Tudo”, as manifestações ocorrem em um cenário de turbulência política, marcando a posse do novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu.

A nomeação de Lecornu sucede a queda de seu antecessor, François Bayrou, que perdeu o cargo após um voto de desconfiança parlamentar no início desta semana. Essa mudança na liderança do governo foi recebida com mais do que apenas críticas; rapidamente se transformou em uma série de atos de desobediência civil que paralisaram diversas cidades francesas.

França: Protestos Tomam Ruas Após Posse de Novo PM

Os manifestantes, respondendo ao chamado do Bloquons Tout, implementaram táticas de interrupção generalizada, incluindo bloqueio de vias, ateamento de fogo em lixeiras e corte de acessos a infraestruturas essenciais, bem como a escolas por todo o território nacional. A capital, Paris, bem como Marselha, Bordeaux e Montpellier, testemunharam a reunião de milhares de pessoas insatisfeitas, expressando abertamente seu descontentamento.

Violência e Interrupções Marcam Jornada de Manifestações

A gravidade dos distúrbios levou a uma intervenção policial robusta. Bruno Retailleau, então ministro do Interior, reportou que aproximadamente 250 pessoas foram detidas até o meio da manhã. A escalada da violência se manifestou em incidentes como o incêndio de um ônibus na cidade de Rennes e a sabotagem de cabos elétricos nos arredores de Toulouse, conforme detalhado pelo próprio Retailleau.

Embora a mobilização tenha sido extensa, os confrontos mais intensos se concentraram em Paris e adjacências. Na capital, cerca de mil manifestantes, muitos deles utilizando máscaras ou balaclavas para cobrir o rosto, envolveram-se em embates com as forças de segurança. Os choques ocorreram nas proximidades da estação de trem Gare du Nord, onde a tentativa de invasão da estação foi repelida por agentes que fizeram uso de gás lacrimogêneo, segundo a imprensa local.

Mais tarde naquele dia, um restaurante no centro de Paris foi incendiado, e estabelecimentos comerciais no complexo Les Halles tiveram que encerrar suas atividades mais cedo, evidenciando o clima de tensão. Durante os atos, slogans políticos direcionados ao presidente Emmanuel Macron e ao recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu eram constantemente entoados. Cartazes protestando contra a guerra em Gaza também foram exibidos por alguns manifestantes, adicionando uma dimensão internacional às queixas locais.

O Movimento “Bloquons Tout”: Origens e Reivindicações

O movimento “Vamos Bloquear Tudo” (Bloquons Tout) ganhou proeminência a partir das redes sociais há alguns meses e viu sua força crescer notavelmente durante o verão. Desde então, ele tem instigado a população a protestar vigorosamente contra os cortes orçamentários que somam 44 bilhões de euros, o equivalente a cerca de 280 bilhões de reais, previamente anunciados pelo ex-primeiro-ministro François Bayrou. As ações do dia 10 de setembro foram precedidas por um apelo à desobediência civil, manifestando-se contra “austeridade, desprezo e humilhação” da população.

Caracterizado por uma inclinação marcadamente de esquerda, o Bloquons Tout articula um conjunto de demandas que incluem maior investimento em serviços públicos essenciais, a imposição de impostos mais elevados para as faixas de alta renda, e o congelamento dos preços de aluguéis. Além disso, uma de suas mais explícitas reivindicações é a renúncia imediata do presidente Emmanuel Macron. A percepção generalizada entre os manifestantes é de exaustão diante da maneira como a dívida francesa tem sido administrada, com uma profunda descrença de que o novo governo trará qualquer mudança real. Alex, um manifestante de 25 anos em Paris, expressou à BBC sua falta de fé de que Lecornu não “repetiria o ciclo” de seu antecessor, reiterando o sentimento de solidariedade com os mais vulneráveis em toda a França.

França: Protestos Tomam Ruas Após Posse de Novo PM - Imagem do artigo original

Imagem: bbc.com

Os Desafios do Novo Primeiro-Ministro Sébastien Lecornu

Sébastien Lecornu, um fervoroso apoiador de Emmanuel Macron, assume a liderança do gabinete como o quinto primeiro-ministro em menos de dois anos, evidenciando a persistente instabilidade política francesa. Sua nomeação, um reflexo direto da estratégia de Macron, atraiu fortes críticas tanto da extrema direita quanto da esquerda, unindo segmentos políticos que raramente convergem. A tarefa primordial de Lecornu será a elaboração de um orçamento que consiga aprovação da maioria parlamentar, um desafio que já se provou intransponível para seus dois antecessores em um parlamento notavelmente fragmentado.

A crise fiscal é uma das maiores urgências do país, com o déficit francês atingindo a marca de 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024. As divergências sobre como enfrentar essa crise são profundas entre os três principais grupos ideológicos da Assembleia. O partido de esquerda radical, França Insubmissa, já anunciou sua intenção de apresentar uma moção de desconfiança contra Lecornu o mais breve possível, embora sua aprovação dependa do apoio de outras siglas. Enquanto isso, o maior partido parlamentar, a União Nacional (extrema direita), indicou que “ouviria o que Lecornu tinha a dizer”, mas “sem muitas ilusões”, sinalizando a complexidade das negociações futuras. Para aprofundar-se nos detalhes sobre o panorama econômico da União Europeia, que inclui os desafios enfrentados pela França, consulte os relatórios econômicos do Banco Central Europeu.

Em seu primeiro pronunciamento após a cerimônia de transferência de poder na residência oficial, o primeiro-ministro Lecornu expressou gratidão a Bayrou pelo trabalho anterior e fez uma promessa ao povo francês: “Chegaremos lá”. Ele enfatizou a necessidade de uma abordagem “sobriedade e humildade” diante da instabilidade e da crise política, destacando a importância de ser “mais criativos e mais sérios na forma como trabalhamos com a oposição”. Lecornu ainda anunciou o início imediato de diálogos com partidos políticos e sindicatos, buscando estabelecer um consenso para superar as adversidades nacionais.

Os protestos na França destacam a contínua tensão social e política, exigindo do novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu habilidade e diplomacia para governar em um ambiente profundamente dividido. Para se manter atualizado sobre a situação política francesa e outras análises globais, continue acompanhando nossa editoria de Política.

Crédito, Reuters


Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados