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A startup General Intuition, spin-off da plataforma de compartilhamento de vídeos de jogos Medal, assegurou uma impressionante rodada de financiamento seed no valor de US$ 133,7 milhões. Este capital visa impulsionar a pesquisa em inteligência artificial de ponta, com o foco em ensinar a agentes de IA aprimorado raciocínio espacial-temporal. A empresa planeja utilizar a vasta base de dados da Medal, composta por bilhões de clipes de jogos, para construir modelos de base e agentes capazes de compreender profundamente como objetos e entidades se movimentam através do espaço e do tempo, uma habilidade crítica para a próxima geração de IAs.
Fundada com a missão de expandir as capacidades cognitivas das máquinas, a General Intuition emergiu do ambiente fértil da Medal, que contabiliza mais de 10 milhões de usuários ativos mensais e gera anualmente dois bilhões de vídeos em dezenas de milhares de jogos. Este volume colossal e a especificidade dos dados de gaming, onde os jogadores frequentemente destacam momentos intensos ou falhas marcantes, oferecem um conjunto de “casos extremos” particularmente valiosos para o treinamento de modelos de IA, segundo Pim de Witte, CEO da Medal e agora também da General Intuition.
General Intuition Arrecada US$134 Milhões em Rodada Seed
O investimento, liderado pela Khosla Ventures e General Catalyst, com a participação adicional da Raine, totaliza a expressiva quantia de US$ 133,7 milhões. Essa injeção de capital não apenas valida a proposta inovadora da General Intuition, mas também posiciona a empresa como um player significativo no cenário da pesquisa em inteligência artificial, especialmente na área de cognição espacial-temporal, um desafio reconhecidamente complexo para as IAs atuais. A capacidade de sua base de dados foi tão reconhecida que a OpenAI teria tentado adquirir a Medal por US$ 500 milhões no ano anterior, conforme noticiado por “The Information”, embora nenhuma das empresas tenha comentado oficialmente o ocorrido, reforçando o valor intrínseco dos dados para o avanço da IA.
De Witte destaca a vantagem competitiva dos dados da Medal sobre outras fontes de vídeo, como Twitch ou YouTube, para o treinamento de agentes. Ele explica que os jogadores, ao subir clipes, tendem a postar exemplos muito negativos ou muito positivos. Essa seletividade direciona a coleta para “precisamente o tipo de dados que você realmente quer usar para o trabalho de treinamento”, otimizando o processo de aprendizado dos agentes de IA. Essa perspectiva, usualmente uma desvantagem em outras formas de coleta de dados, se torna um diferencial para a General Intuition, garantindo um “fosso de dados” robusto.
A visão do CEO vai além do simples uso de vídeos. Ele observa que “quando você joga videogames, você essencialmente transfere sua percepção, geralmente por meio de uma visão em primeira pessoa da câmera, para diferentes ambientes.” Essa experiência de imersão e interação com mundos virtuais é replicada no processo de treinamento, onde os agentes veem o que um jogador humano veria e se movem através do espaço seguindo as entradas de controle, mimetizando a interação humana de forma fundamental. Este método possibilita um aprendizado mais orgânico e transferível para sistemas físicos.
Os fundos recém-adquiridos serão estrategicamente alocados para expandir a equipe de pesquisadores e engenheiros. O objetivo principal é acelerar o desenvolvimento de um “agente geral” capaz de interagir fluidamente com o mundo ao seu redor. As aplicações iniciais para esta tecnologia robusta são multifacetadas, abrangendo desde o setor de jogos até a potencialização de drones de busca e resgate, que exigem navegação autônoma em ambientes desconhecidos e coleta de informações vitais em condições adversas.
A equipe fundadora da General Intuition já reporta avanços significativos. Os modelos desenvolvidos conseguem compreender e prever ações corretamente em ambientes que não fizeram parte de seu treinamento original. Isso é alcançado puramente através de entradas visuais, onde os agentes observam apenas o que um jogador humano observaria e navegam no espaço seguindo comandos de controle. Essa metodologia permite uma transição natural para sistemas físicos, como braços robóticos, drones e veículos autônomos, muitos dos quais são operados por humanos utilizando controladores de videogames, demonstrando a versatilidade da abordagem.
Os próximos marcos da General Intuition são duplos e ambiciosos: gerar novos mundos simulados para o treinamento contínuo de outros agentes e capacitar esses sistemas para navegar autonomamente em ambientes físicos completamente desconhecidos. Essa visão desafia as fronteiras da IA contemporânea, ao focar na replicação e aprimoramento da percepção e intuição humanas para a interação com o ambiente, pavimentando o caminho para máquinas mais adaptáveis e inteligentes.
A abordagem técnica da General Intuition não apenas define seus planos de comercialização, mas também a distingue claramente dos concorrentes que estão desenvolvendo modelos de mundo. Embora a General Intuition esteja de fato construindo modelos de mundo para treinar seus agentes, esses modelos não são o produto final. Ao contrário de outras empresas como DeepMind e World Labs, que comercializam seus modelos de mundo, Genie e Marble, respectivamente, a General Intuition foca em outros casos de uso para evitar complexidades relacionadas a direitos autorais e promover a inovação.

Imagem: techcrunch.com
“Nosso objetivo não é produzir modelos que compitam com desenvolvedores de jogos,” esclareceu de Witte, reiterando o compromisso da empresa em colaborar e inovar, em vez de se sobrepor ao ecossistema existente. As aplicações da startup para a indústria de jogos giram em torno da criação de bots e personagens não-jogadores (NPCs) que superam os modelos determinísticos tradicionais, ou seja, aqueles que são pré-programados para gerar sempre o mesmo tipo de resposta.
Moritz Baier-Lentz, membro fundador da General Intuition e parceiro da Lightspeed Ventures, complementou a visão em entrevista, destacando o potencial dos novos bots: “[Os bots] podem escalar para qualquer nível de dificuldade.” A meta não é apenas criar um “bot deus” que derrote todos, mas sim escalar a dificuldade de forma gradual e inteligente, “preenchendo a liquidez para qualquer situação do jogador para que sua taxa de vitória esteja sempre em torno de 50%”, o que maximiza o engajamento e a retenção dos usuários. Esse enfoque na experiência do jogador através de IA adaptativa sublinha a profundidade do raciocínio por trás dos modelos da General Intuition.
Além dos jogos, a General Intuition está aplicando seu know-how em missões humanitárias, informada pela experiência prévia de de Witte com trabalhos sociais. Drones de busca e resgate, que frequentemente operam em ambientes perigosos e desconhecidos sem o auxílio de GPS, se beneficiarão enormemente da capacidade da IA de navegar autonomamente e extrair informações cruciais sob tais condições. A complexidade de ambientes com visibilidade limitada, ou a necessidade de evitar obstáculos sem um mapa pré-carregado, são cenários onde a capacidade de raciocínio espacial-temporal se torna não apenas útil, mas vital.
Em última análise, tanto de Witte quanto Baier-Lentz percebem a funcionalidade central da General Intuition – o raciocínio espacial-temporal – como uma peça fundamental na corrida para a inteligência artificial geral (AGI). Enquanto grandes laboratórios de IA se concentram na construção de modelos de linguagem cada vez mais poderosos, a General Intuition sustenta que a verdadeira AGI exige algo que os LLMs fundamentalmente carecem. O acesso à dados visuais e a capacidade de interpretar a complexidade dos ambientes através da interação oferece um caminho para uma inteligência mais completa.
De Witte articulou a lacuna: “Como humanos, criamos texto para descrever o que está acontecendo em nosso mundo, mas ao fazer isso, você perde muitas informações.” A inferência implícita de uma imagem, o contexto de uma ação e a percepção tridimensional do ambiente não são facilmente capturadas apenas pelo texto. “Você perde a intuição geral em torno do raciocínio espacial-temporal,” o que para a General Intuition, é o verdadeiro alicerce para alcançar uma AGI que não apenas compreenda, mas também interaja e opere de forma inteligente no mundo físico, um objetivo central para o Guerra da Inteligência Artificial e o avanço tecnológico da nossa era.
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Este investimento marca um capítulo significativo para a General Intuition e o avanço da inteligência artificial. Com recursos robustos e uma metodologia inovadora, a empresa está posicionada para liderar a próxima fase no desenvolvimento de agentes de IA, com aplicações que podem revolucionar desde o entretenimento até a segurança pública. Para continuar acompanhando as análises sobre o setor de tecnologia e outras inovações, explore mais conteúdos em nossa editoria de Análises.
Créditos da imagem: General Intuition
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